A EXPANSÃO DO
IMPÉRIO DO AÇÚCAR
De dois quilos de
açúcar por ano passou-se a 80 quilos por pessoa por ano, em apenas onze
gerações. Esta
pode ser talvez a mais drástica mudança dietética na evolução do homem em seus
50
milhões de anos
de existência.
Robert
Atkins
O açúcar começou
sendo usado como uma droga exótica em pequeníssimas
quantidades pela
classe dominante. Hoje é o novo ópio das grandes massas (dos
intelectuais
também). Esse processo expansionista teve início no século XV e vem até os
dias de hoje num
crescendo inexorável.
O açúcar começou
a deixar de ser uma droga rara vinda de longe depois que
espanhóis e
portugueses começaram a produzir açúcar nas ilhas Canárias e da Madeira. A
partir de 1450 o
preço do açúcar começou a baixar à medida que aumentava a oferta de
açúcar. Com o
advento do açúcar colonial, segundo Edmund Lippmann, menos de um
século bastou
para que o açúcar se tornasse um produto mundial.
O primeiro passo
na escalada do açúcar rumo ao domínio mundial ocorreu com a
transição do seu
estatuto de remédio para o de sobremesa e tempero: quando saiu das
mãos de
boticários e alquimistas para as mãos de cozinheiros e confeiteiros. Os doces
finos
de Veneza, os
pastéis e o maçapão português, a douração do próprio açúcar ocasionou uma
mania de açúcar
na Europa. Não obstante ainda era objeto de desejo de nobres e
burgueses.
A extensão do
consumo de açúcar às massas ocoreu a partir de meados do século
XVII com a
introdução na vida cotidiana dos europeus de três bebidas de origem tropical:
o chá da Índia,
o café e o chocolate. Três bebidas amargas que revelaram-se grandes
transportadores
de açúcar para a barriga da humanidade e ajudaram a popularizar e
expandir os
domínios do açúcar.
O passo seguinte
rumo a situação quase totalitária dos dias de hoje, ocorreu após a
revolução
industrial que permitiu o refinamento, processamento e o adoçamento dos
alimentos já nas
fábricas. O século XIX assistiu o nascimento da Coca-Cola que deu
origem à família
dos refrigerantes que hoje são os principais transportadores de açúcar para
o ventre da raça
humana.
E a ditadura do
açúcar não se limita a um açucaramento do que entra pela boca. O
açúcar é um
produto químico versátil e polivalente que se expande por outros setores da
vida moderna.
Com ele se produz plásticos, cosméticos, agrotóxicos, cimento, tinta, ácidos
de todos os
tipos e até um adoçante artificial. Desejo que a sucroquímica desenvolva até o
limite todas as
possibilidades de aplicação da sacarose. Agora, faço questão de que saia da
mesa. Foi ela, a
sacarose refinada, que transformou a mesa da humanidade nessa ração
patogênica que
aí está.
Nas páginas que
se seguem veremos alguns passos do avanço dessa ditadura.
A magia do
açúcar
Sinergia é a
única palavra que encontro para explicar o sucesso avassalador do
açúcar. O
processo através do qual o açúcar conseguiu literalmente impregnar a vida da
humanidade. A
forma a que o açúcar chegou - um pó branco e doce - é muito sedutora
e logo-logo
desbancou o mel de abelha, que até o advento do açúcar refinado adoçava a
boca da
humanidade. Todos conhecem os inconvenientes do mel que mela tudo. Além
das vantagens
práticas, operacionais e econômicas em face do mel, coisas mágicas ajudaram
a civilização do
açúcar a chegar ao seu apogeu.
A primeira coisa
mágica a que me referi é o algodão doce - açúcar puro aquecido
e aerado. Com um
instrumento desses os traficantes de açúcar seduzem nossas crianças
transformando-as
nas legiões de viciados em açúcar em que se constitui o povo da
civilização
do açúcar.
Derreta o açúcar
por meio de aquecimento até o ponto de xarope, depois resfrie e
você tem a bala.
Balas às quais se acrescentam sabores, qualquer sabor, balas de tamarindo,
de erva doce,
docinhas, azedinhas, geladinhas etc. Continue aquecendo o açúcar até uma
temperatura mais
alta ainda que você chega ao caramelo
EU QUERO
CARAMELO!
Sem comentários.
E a maçã do
amor? Mesmo depois de ter comido a maçã natural Eva bem que
poderia
perfeitamente aproximar-se de Adão com uma maçã do amor espetada num palito
e sussurrar no
ouvido dele o verso de uma canção antiga:
EU TENHO UM
PECADO NOVO
E QUERO PECAR
CONTIGO.
Restaria a Deus
sair correndo, arrancando os cabelos, bater na porta do inferno e
pedir ajuda ao
Diabo. A estrada que leva à perdição açucarada é larga, o cortejo de
guloseimas é
infinito. E a estrada que leva à salvação da humanidade é estreita: há que se
comer arroz com
casca, trigo integral, abóbora e batata, pão preto, tomar chá sem açúcar e
esquecer o
pecado novo da Eva.
Em compensação
você vai dar adeus às cáries, a obesidade e ao diabetes e vai curtir
o paraíso de
viver com saúde - junto com uma Eva saradona, é claro.
O pão nosso que
o diabo amassou
Se existe um
alimento que poderíamos chamar de sagrado, é o pão. Não à toa pão
é sinônimo de
alimento.
O pão existe há
milhares de anos. Surgiu no Extremo Oriente e só chegou ao
Egito no tempo
do Alto Império. Originalmente produzido sobre uma chapa de pedra
aquecida, depois
usou-se uma grelha sobre carvões e só mais tarde é que surgiram as
formas de tijolo
ou de barro. A padaria nasceu em Roma mas conheceu sua glória em
Portugal. A
Enciclopédia e Dicionário Internacional, encontrável nos melhores sebos da
cidade, descreve
assim a feitura do pão: Mistura-se a farinha com uma porção conveniente
de água que
dissolve as partes solúveis (dextrina, glicose e sais) e faz encher,
hidratando-as,
as partes
insolúveis (amido e glúten); é assim que se forma, amassando-a,
convenientemente,
uma massa homogênea. O processo de amassar na mão constitui ainda
hoje a regra
geral, pois por esse processo obtém-se uma homogeneidade maior na massa do
que
mecanicamente. A farinha é amassada na amassadeira à força de braços vigorosos.
Deita-se-lhe sal
e fermento, começando depois a levedar e a crescer. Terminada a
fermentação
faz-se os pães e levam-se a cozer .
O leitor deve
ter notado que nessa história não entrou até agora o açúcar. Pão de
verdade se faz
com farinha de trigo, água e sal; e o fato de o pão ser um alimento
fundamental da
raça humana, em todos os rincões do planeta, fez de sua adulteração com
sacarose uma
conquista de importância estratégica para a implantação da civilização do
açúcar O pão,
hoje, é um dos fatores principais no projeto de viciar toda a população no
gosto
do açúcar.
Hoje uma padaria
moderna é um festival de açúcar; não é à toa que se chama
padaria e
confeitaria . E é um ícone da civilização do açúcar, com seus sonhos e
pães doces
que podem conter
a cifra absurda de até 60% de açúcar.
Por falar em
confeitaria, a ditadura do açúcar já estendeu seus tentáculos a todo o
universo do pão:
têm açúcar o pão doce e o pão de sal, como o pão de forma e o pão
árabe, e, se
bobear, até o pão ázimo dos judeus.
O açúcar
transformou o pão nosso de cada dia no pão que o diabo amassou,
componente
básico que é da ração patogênica que a ditadura do açúcar empurra goela
abaixo da
humanidade.
Toda vez que
você pegar um alimento industrializado no supermercado, leia as
informações
nutricionais especialmente a lista de ingredientes. Os pães de fôrma sem
açúcar, por
exemplo, (Firenze, Wickbold, Plus Vita etc.), fiéis à política da ditadura do
açúcar de
diabolizar a gordura e livrar a cara do açúcar, em seus rótulos dizem que o pão
é
sem gordura e
sem açúcares ou com baixos teores de gordura.
Tais pães são
tidos por dietéticos, mas isso é uma inversão de valores. Em
princípio nós, a
turma do Açúcar zero, queremos o pão normal e não adulterado pelo
açúcar.
Dizer que o pão
não contém açúcares é uma informação mentirosa. Se o pão é
feito de trigo e
a gente sabe que trigo é um polímero de glicose e glicose é um tipo de
açúcar, logo, é
impossível um pão sem açúcares . O certo é dizer que o pão não contém
açúcar e ponto
final.
Aliás, mais
certo ainda seria que o pão normal não mencionasse nada no rótulo e o
pão adulterado
assumir que contém açúcar.
Gordura, repito,
é alimento, e a deficiência de gordura no pão você corrige em casa,
passando
manteiga.
Chocolate com
pimenta
Em 1520
Montezuma, imperador asteca, mandou servir ao invasor espanhol,
Hernan Cortez,
uma estranha bebida. Essa bebida, desconhecida no Velho Mundo, era o
chocolate,
chamada pelos astecas de Kaj-kab ou Kakahuatl (água de cacau). A bebida
obtinha-se a
partir da torrefação e trituração das sementes de cacau entre duas pedras.
Havia duas
versões do chocolate, uma doce, com mel de abelhas, e outra aromatizada, com
pimenta
vermelha. Os astecas conheciam também a baunilha, usada para melhorar o
paladar do
chocolate.
Os espanhóis
levaram a novidade alimentícia do Novo Mundo para a Europa e lá o
chocolate foi
adulterado: acrescentaram o açúcar e tiraram o mel. Isso ainda no século XVI
. Essa operação
desastrosa para a humanidade foi um momento importante do avanço da
ditadura do
açúcar devido à enorme popularidade alcançada pelo chocolate.
Depois da
Espanha, onde surgiu a primeira fábrica em 1580 e a fórmula da bebida
era segredo de
Estado, o chocolate chegou à Itália em 1606.
Maria Tereza,
esposa de Luiz XIV da França, servia a bebida na Corte. Na
Inglaterra
a primeira casa de chocolate surgiu em 1657: por essa época o chocolate já era
uma bebida
popular na Holanda. Em 1828 o holandês Joannes Van Houten inventou um
método de
extrair a manteiga de cacau e na segunda metade do mesmo século nascia o
chocolate ao
leite , resultado da mistura de leite condensado e chocolate.
O chocolate
originalmente, como vimos, era sem açúcar, temperado com mel,
baunilha ou
pimenta.
A quantidade de
açúcar que leva o chocolate ao leite é um mistério tão grande
quanto a
quantidade de açúcar do leite condensado.
O chocolate
contém - muitos conhecem porque a propaganda é muito grande -
uma substância
chamada teobromina. Esse alcalóide, dizem, aciona a serotonina, um
neurotransmissor
do cérebro que dá um barato , daí a figura do chocólatra, o viciado em
chocolate.
O açúcar do
chocolate se esconde atrás da teobromina. É um caso típico de gato
escondido com o
rabo de fora. A quantidade de teobromina na pasta de cacau é de 1,25%;
a do chocolate é
menor ainda. E a quantidade de açúcar é de aproximadamente 50%. O
açúcar também
desequilibra a produção de serotonina e é formador de hábito. Como saber
se o barato do
chocolate deve-se à teobromina ou ao açúcar?
Segundo a
indústria da doença, o problema do chocolate não é o açúcar e sim a
gordura. Daí a
existência de chocolates dietéticos com baixos teores de gordura. O
chocolate
original que os astecas consumiam era feito com manteiga de cacau e tudo, e
eles
eram fortes e
saudáveis.
A gordura, como
vimos, é o boi de piranha da civilização do açúcar. Quando a
Globo pôs no ar
uma novela chamada Chocolate com Pimenta cheguei a imaginar se isso
seria indício de
alguma volta às origens do chocolate, sem açúcar. Mas é exatamente o
contrário: a
divulgação da novela era acompanhada por uma onda de receitas de pratos
adocicados
feitos com arroz, massa ou feijão e chocolate. Algumas eram difundidas no
programa de Ana
Maria Braga. O objetivo é o avanço da ditadura da dieta açucarada.
Você sabia que
dos três tipos de chocolate em barra disponíveis no mercado, o
comum, o diet
e o branco, um é adulterado, o outro é falsificado e o terceiro nem
chocolate
é?
Já vimos que o
chocolate original descoberto pelos Astecas era feito com mel; o
chocolate que
nós conhecemos foi adulterado com açúcar. A quantidade de açúcar usada
na fabricação de
chocolate, segundo um antigo manual de Bromatologia, do professor
Alberto Coelho
Magalhães Gomes, chega a 48%.
Para fabricar um
chocolate dietético a Nestlé, ao trocar a montanha de açúcar que
adultera seu
chocolate por uns pingos de adoçante químico, aproveitou o ensejo para
adicionar aveia
ao chocolate. Chocolate com aveia, ainda segundo o manual de
Bromatologia, é
chocolate falsificado.
Quanto ao mal
denominado chocolate branco, não passa de manteiga de cacau com
leite e açúcar.
É uma mentira. E não pode sequer ser chamado de chocolate.
Voltando ao
manual de Bromatologia: ele menciona uma lei brasileira da época - o
livro é de 1927
- segundo a qual não era permitido que se chamasse de chocolate um
produto contendo
mais de 68% de açúcar. Conhecendo bem o capitalismo selvagem
brasileiro,
certamente essa lei foi feita para impor um limite no teor de açúcar adicionado
ao
chocolate. Esse teor altíssimo ainda é mantido por resoluções atuais da Anvisa.
A revista Veja
na edição 1836, de janeiro de 2004, traz matéria sobre chocolates
finos, coisa de gourmets.
Diz que é modismo, mas que muitos estão dando ao chocolate o
mesmo tratamento
que a vinhos finos: um objeto de prazer gustativo . Os produtores
desses
chocolates artesanais chamam-se chocolatiers e os produtos são vendidos
em
chocolaterias
finas a preços altíssimos. O mais caro custa 180 dólares o quilo. Ficamos
sabendo por essa
matéria que o chocolate que nós, o povo, consumimos, em vez de
manteiga de
cacau é feito com gordura hidrogenada; a baunilha é sintética, feita
provavelmente de
petróleo; e usa-se também na fabricação até parafina e, menos mal,
farinha de trigo
Na produção em escala utiliza-se também margarina, óleo de coco ou
azeite de dendê.
Quem denuncia é
o chocolatier americano Clay Gordon.
Agora o melhor
da festa: os chocolates preferidos dos gourmets são os amargos, que
têm entre 60% e
85% de massa de cacau e quase nada de açúcar . E no quadro Como
identificar um
bom chocolate , a Veja afirma que os produtos de má qualidade costumam
exalar açúcar e
que os piores têm nódulos ou cristais de açúcar .
E finalmente, a
propósito do assunto chocolate, não poderíamos deixar passar em
brancas nuvens
um detalhe estelionatário. Alguém aí sabe a quantidade de açúcar do
Nescau ou do
Toddy? Uns 70%? Um quilo de açúcar se compra com menos de um real;
como pode 400
gramas de um achocolatado desses custar o que custam? O consumidor
incauto paga
chocolate e leva açúcar para casa. O movimento Açúcar zero convoca os
verdadeiros
amantes do chocolate a fazer uma campanha para impedir legalmente que se
chame de
chocolate a essas porcarias açucaradas que nos são impostas. Enquanto isso não
acontece quem
quiser chocolate de verdade deve procurar o pó que é vendido com o nome
de cacau, a
Behring fabrica. Lojas de produtos naturais também têm para vender, pena que
é mais caro.
O leite da moça
Alguém aí sabe
qual a quantidade de açúcar presente no leite condensado?Nem eu.
Segundo o
compêndio de Bromatologia do Dr. Alberto Coelho Magalhães Gomes o leite
condensado é o
leite de vaca de que se retirou grande parte da água por meio de
evaporação em
baixa temperatura até a redução de seu volume a 20 ou 25% do volume
original. Ainda
segundo o livro, o açúcar é misturado ao leite antes da evaporação na
proporção de 13
a 15%.
Não sou bom de
matemática mas, se misturarmos 15% de açúcar numa quantidade
qualquer de
leite e depois reduzirmos esse volume, por evaporação, em quatro quintos
esses 15% se
transformam em 75%. É muito açúcar! O Dr. César Pernetta, na obra
Alimentação da
Criança, diz
que não convém prescrever diluições inferiores a 1 por 5, sendo
preferível a
diluição a 1 por 4. Se o objetivo da diluição é reconstituir o leite original,
o
parâmetro do Dr.
César está de acordo com o do livro de Bromatologia. Embora o
próprio Dr.
César Pernetta tenha dito em seu livro que o leite condensado contém entre 40
e 45% de açúcar.
Para esclarecer
o assunto resolvi tirar a dúvida com os próprios fabricantes e escrevi
para
o serviço de atendimento ao consumidor dos fabricantes das marcas Moça, Glória
e
Parmalat.
Costumo dizer o que o tema açúcar é um tabu. Pois bem: Leite Moça e Leite
Glória ficaram
em silêncio. Vejam a resposta da Parmalat:
CaroFernando
Recebemos o seu
e-mail com muita satisfação e, em atenção ao seu questionamento, esclarecemos
que uma porção
de 30gdeLeiteCondensadoParmalat contém 16,0gde carboidratos. Não dispomos da
quantidade
separadamente de lactose (açúcar natural do leite) e de sacarose. Entretanto
lembramos que a
Parmalat não
dispõe de leite condensado indicado para diabéticos, ressaltamos que é preciso
buscar
orientações de
médicos ou nutricionistas.
Agradecemos seu
contato econtinuamos à disposição .
A conclusão que
tirei é que o leite fornecido à Parmalat deve ser oriundo de vacas
transgênicas que
já dão leite açucarado, e que para saber a quantidade de sacarose do leite
condensado terei
que interpelar uma dessas vacas.
Quanto ao leite
condensado para diabéticos, é compreensível que nem a Parmalat
nem a Nestlé o
fabriquem. Produzir leite condensado para diabéticos exige muita
tecnologia.
Basta evaporar o leite da vaca e não acrescentar açúcar.
Sendo a porcaria
açucarada que é, não sei por que o leite condensado está isento da
obrigação de
colocar no rótulo uma advertência de que é inapropriado para a alimentação
de lactentes,
semelhante à advertência que consta nas latas de leite em pó. O ideal seria
aquele aviso de
que o produto deve ficar fora do alcance das crianças. Na página da
internet
bengalegal.com.br li o depoimento de um diabético que conta que contraiu a
doença quando,
ainda criança, mamou uma lata de leite condensado.
A Nestlé colocou
no mercado já há algum tempo o Leite Mocinha, um sacolé cheio de
leite condensado
justamente para ser mamado por nossas crianças - um crime de
lesahumanidade
que ninguém viu.
E todo mundo sabe que basta aquecer a lata, ainda fechada,
do leite
condensado para que ele se transforme em doce de leite. Ou seja, o leite
condensado nada
mais é que um doce de leite derretido. Os argentinos estão brigando com
os brasileiros
no Mercosul por causa disso: eles querem que o doce de leite contenha não
mais que 30% de
açúcar.
A diferença
entre o leite condensado e o leite em pó é que um é totalmente e o
outro
parcialmente desidratado. Ambos necessitam ser misturados com água para voltar
a
ter a forma
original de leite de vaca. O leite em pó usado como substituto do leite
materno já
causou muito estrago à raça humana, especialmente na África no século XX.
O leite
condensado é muito mais perigoso que o leite em pó. Segundo o Dr. César
Pernetta, é
evidente a inferioridade do leite condensado em relação aos leites em pó e
evaporado, em
virtude da taxa elevada de açúcar que encerra .
O leite
condensado possui todos os sólidos do leite de vaca, mas como é muito
grande a taxa de
açúcar, 40 a 45%, não se pode em seu emprego atender às exigências de
proteínas e
gorduras, sem sobrecarga apreciável de hidratos de carbono (leia-se açúcar).
Como tenho dito,
o assunto açúcar é tabu. Vejam o malabarismo argumentativo do
Dr. César
Pernetta: Assim, sua maior desvantagem não está propriamente no excesso de
açúcar, mas na
deficiência relativa de proteínas e gorduras .
Mesmo assim,
conclui o Dr. Pernetta, não se utiliza mais (leite condensado) na
alimentação do
lactente sadio . 71
71
Pernetta,
César. Alimentação da Criança. São Paulo: BYK-Procienx, 1979, p. 207.
Cerveja com
açúcar
A cerveja é uma
bebida muito apreciada pela humanidade. No Egito antigo, há
milhares de anos
já se fazia um tipo de cerveja. Etíopes, hebreus, gregos e troianos, quase
todos os povos
tinham suas cervejas. Cerveja pode ser feita a partir de diversos cereais.
Cerveja de
verdade, porém, historicamente consagrada, é aquela que tem por base cevada e
lúpulo e, claro,
fermento e água. A cevada é a substância transformada em álcool, o lúpulo
é o princípio
amargo e a enzima saccharomyces cerevisiae transforma o amido da cevada
em
álcool e gás
carbônico.
O químico alemão
Justus Von Liebig chamava a cerveja de pão líquido por saber que
em sua
composição há diversas vitaminas e sais minerais.
A cerveja pode
ser adulterada, ou melhor, fraudada, de diversas maneiras
utilizando-se
outros cereais em vez da cevada, vide os cereais não maltados mencionados
nos rótulos de
nossas cervejas (batata, milho, arroz); o glicerol que adocica é outro
adulterante. Há
também o emprego fraudulento de sucedâneos do lúpulo.
Depois da
revolução açucareira a cerveja tem sido assediada, para efeito de fraude,
por produtos
derivados da cana de açúcar (açúcar invertido, melaço, caramelo). São os
carboidratos
mencionados nos rótulos de nossas cervejas.
Mas essa
avacalhação da cerveja não tem acontecido sem resistência. William Dufty
relata alguns
episódios patrocinados pelos amantes da verdadeira cerveja ocorridos no
século XVII: Os
provadores derramavam a bebida suspeita sobre um banco de madeira e
se sentavam bem
em cima da poça com suas calças de fundilhos de couro. Decorridos o
tempo e a
evaporação apropriados, o provador se levantava do banco. Se o derrière de
couro aderisse à
madeira o fabricante estaria em apuros por ter adicionado açúcar à sua
cerveja. O
cervejeiro descoberto adicionando açúcar à sua cerveja poderia ser atado a um
pelourinho ou
expulso da cidade .72
Em 1516 no
Estado da Baviera o monarca alemão Guilherme IV aprovou uma lei,
conhecida como
Lei da Pureza, que determinava os ingredientes da cerveja. Essa lei está
em vigor até
hoje na Alemanha, o único país no mundo a proibir por lei que se adultere
cerveja com
açúcar. Um brinde a eles, Deutsche Bier über alles !
Infelizmente a
cerveja devido à sua imensa popularidade é um dos principais
veículos usados
pela ditadura do açúcar para encharcar a humanidade com o seu doce
veneno.
Como todo mundo
está cada vez mais viciado em açúcar, os fabricantes de cerveja
devem ter
percebido que quanto mais açúcar põem na cerveja mais vendem. Fica facilitada
a aquisição de
legiões de consumidores de cerveja entre a juventude já viciada em
refrigerante. A galera
troca uma porcaria adocicada por outra numa nice. Em tempo: eu já
havia escrito
estas bem traçadas quando entrei no supermercado Pão de Açúcar em
Copacabana e
descobri uma cerveja nova, brasileira, fabricada por uns excelsos lá de
Campos do
Jordão, São Paulo. A cerveja chama-se Baden Baden e é fabricada segundo
o
espírito da Lei
da Pureza do Rei Guilherme IV. O rótulo menciona a existência de um
movimento
mundial chamado The Craft Beer Renaissance, um movimento contrário à
cupidez
72 Dufty,
W. Op. cit., p. 36.
capitalista que
avacalha com a cerveja usando açúcar. Desnecessário dizer que eu vibrei e
me emocionei e
imediatamente desejei a esses valorosos brasileiros todo o sucesso do
mundo.
Convoco os
amigos leitores, amantes de cerveja de verdade, a honrar a alvissareira
Baden Baden com sua
preferência .
Sugiro também o
lema da versão brasileira do Craft Beer Renaissance: Água suja de
açúcar, não.
Queremos cerveja!
Barriga de
cerveja
O caderno Jornal
da Família de O Globo de 23 de novembro de 2003 trata em
matéria de capa
do assunto cerveja e barriga. Os dois títulos: Cerveja não dá barriga e A
genética é a
culpada .
O motivo da
matéria foi uma pesquisa realizada por cientistas britânicos da
University
College of London na República Tcheca envolvendo mais de 2.300 bebedores
de cerveja,
entre homens e mulheres. As felizardas cobaias tchecas bebiam entre um e sete
litros de
cerveja por semana e não desenvolveram barriga nenhuma. Os cientistas
britânicos
concluíram que cerveja não dá barriga.
Mas como aqui no
Brasil os brasileiros baseados no senso comum e na observação
sabem que
cerveja dá barriga, a reportagem de O Globo, sempre citando autoridades
e
personalidades,
arranjou uma série de hipóteses e explicações para as concretas barrigas dos
brasileiros.
As causas
apontadas eram as mais variadas, dependendo do personagem
consultado: ora
era genética, ora a culpa era do tira-gosto. Para a cervejetariana Bia
Paes
Leme, por
exemplo, não se deve misturar sólidos e líquidos. E finalmente, como era de se
esperar, foram
lembrados os bodes expiatórios de sempre - a gordura e o estilo de vida
sedentário.
Um tema tão
interessante: cerveja, barriga, obesidade. E o açúcar, mais uma vez,
ficou de fora.
Será que a
cerveja tcheca usada na pesquisa era cerveja mesmo ou essa água suja de
açúcar que aqui
no Brasil chamam de cerveja? Sou capaz de apostar que era cerveja de
verdade.
Logo, a
conclusão dos cientistas britânicos devia precisar: cerveja sem açúcar não
dá barriga.
Será que Zeca
Pagodinho, lembrado na reportagem, sabe que ingere açúcar junto
com a cerveja
que ele bebe? Será que o Cícero Pestana, roqueiro do conjunto Dr. Silvana,
sabe que quando
bebe cerveja com pizza lambrecada de catchup e mostarda ele
ingere açúcar
quatro vezes?
Porque o açúcar está presente na cerveja, na massa da pizza, no catchup e
na
mostarda?
No Brasil quem
bebe cerveja e usa tira-gostos tipo pizza, lingüiça, nugetts, presunto
ou qualquer
outra carne embutida, biscoitos salgados, amendoim japonês, todos
conspurcados com
açúcar, em vez de estar se divertindo e comemorando a vida está, na
verdade,
lentamente praticando suicídio.
Agora, a matéria
em questão traz, é bem verdade, uma informação preciosa sem
citar a fonte,
provavelmente um dos médicos consultados. No quadro sobre tipos de
barriga está
dito que o barrigão tipo avental, aquela barriga flácida e que chega a dobrar
por
cima da calça,
resulta do consumo excessivo de doces e pudins. Confortou-me ler isto,
posto que
defendo que obesidade não é doença. Uma pessoa pode ser gordinha ou
gordona e ser
saudável. A pessoa gorda mórbida é a consumidora da dieta açucarada
moderna - o
açúcar branco é o causador da gordura branca patológica. Quem não come
açúcar e é bom
de garfo acumula gordura marrom, uma gordura saudável, vascularizada,
comum em bebês e
esquimós.
Vinho com açúcar
Todos nós,
brasileiros, estamos acostumados com os vinhos seco, suave e rascante;
há também o demi-sec.
Nunca fui de beber muito vinho; minha bebida preferida era a
cerveja. Tinha
pra mim que os homens preferiam vinho seco e as mulheres vinho suave.
Os muito machos,
ficavam com o rascante. Depois que fiquei diabético e passei a me ligar
nessas coisas é
que vim a descobrir que vinho suave é vinho com açúcar.
O suave aí é um
termo enganador. O açúcar misturado a uma bebida alcóolica a
torna mais
pesada, indigesta e capitosa (sobe à cabeça mais facilmente) e a ressaca é
pior.
Vinho de verdade
é uma bebida obtida por fermentação de uvas - e só. Açúcar no
vinho é apenas
mais um capítulo da história do avanço da ditadura do açúcar.
Vinho com açúcar
é vinho adulterado. Como diria um bravo português chamado
Paulo Carvalho
que briga lá na Europa contra a presença de açúcar no vinho: Se entrar
açúcar não é
vinho .
No Brasil, que
segundo o General De Gaule não é um país sério, o uso de açúcar
pelos
fabricantes de vinho era regulamentado pela Lei 6.678, de 8 de novembro de 1988.
Em fins dos anos
noventa do século que findou tramitava na Câmara dos Deputados um
projeto de lei
que pretendia dar maiores possibilidades de correção do mosto em
fermentação . A
redação proposta para alterar trecho da lei vigente dizia: Ao mosto em
fermentação
poderão ser adicionados, alternativa ou cumulativamente, álcool vínico, mosto
concentrado,
sacarose e xarope de sacarose invertida .
O argumento
usado para fundamentar o uso de açúcar no vinho era para corrigir
deficiências de
açúcares na uva . Quem assinava esses argumentos era a Embrapa. Puro
cinismo: o
Brasil, país no qual o sol é abundante, tem uvas mais doces que a Argentina ou
o Chile. A
verdade é a cupidez do empresário brasileiro. O açúcar é um produto químico
barato que
acelera a fermentação, e tempo no regime capitalista é dinheiro.
A avacalhação do
vinho com açúcar teve início em 1799 e chama-se chaptalização,
em homenagem a
seu inventor Jean-Antoine Chaptal. O uso de açúcar no processo de
vinificação criou
um problema que não havia no processo clássico de fabricação do vinho.
O açúcar provoca
um tremendo tumulto dentro das cubas de fermentação: a fervura
provocada eleva
a temperatura, o que estragaria o vinho e interromperia a fermentação.
Para que as cubas
não venham a explodir elas são envolvidas com tubulações de etilenoglicol
ou água gelada.73
73
Viotti,
Eduardo. Guia dos vinhos brasileiros 2003. São Paulo: Market Press,
2002, p. 13.
Não sei se foi
aprovado esse Projeto de Lei que alargava ainda mais o espaço de
intromissão do
açúcar onde ele não foi chamado. Em se tratando de Brasil, provavelmente
foi. Mas nem
tudo está perdido graças ao Mercosul. Acontece que argentinos e chilenos
não permitem por
lei a adulteração de seus vinhos com açúcar e o Mercosul propôs como
objetivo a ser
alcançado pelo Brasil parar com essas práticas.
É por isso que
os vinhos argentinos e chilenos são apenas tinto ou branco, não têm
essa palhaçada
de suave, seco etc. É por isso e por outras que os argentinos nos chamam
de macaquitos
neste caso, com razão.
Hoje só bebo
vinho argentino ou chileno. Por até menos de 10 reais encontramos
várias marcas de
vinhos desses países nos supermercados ou casas especializadas.
Quanto aos
vinhos brasileiros, os mais baratos suaves ou secos são honestos o
suficiente para
colocar no rótulo, entre os ingredientes, açúcar ou sacarose. Os de cinco
reais para cima
só admitem a presença de açúcar no tipo suave - convenhamos, vinho
seco com açúcar
só pode ser o samba do crioulo doido do Stanislaw Ponte Preta. O uso de
açúcar deve
melhorar o fluxo de caixa de quem fabrica o vinho doce mas prejudica as
qualidades
organolépticas do produto final. Provavelmente é o lixo químico do açúcar que
torna o vinho
nocivo à saúde. Os médicos pedem que se reduza o consumo de vinho a
uma taça pequena
por dia quando vinho, desde os tempos de Jesus Cristo é uma bebida
que se bebe em
caneco.
Açúcar para
cachorro
Recentemente
descobri que a carne enlatada para cachorros e gatos não contém
açúcar. Já sabia
que carnes embutidas em geral - lingüiça, salaminho, mortadela, blanquet de
peru, presunto
etc. -, para uso humano, incluem açúcar. Acabo de examinar o rótulo de
um produto da
Nestlé à base de carne, para cachorro. A mesma empresa que quer que
nossas mulheres
grávidas consumam porcarias feitas com Leite Moça evita dar açúcar a
cães e gatos.
Qual a razão desta discriminação? Tenho para mim que a explicação é a
seguinte: se
puserem açúcar na ração dos bichinhos, das duas uma: ou eles recusarão ou
comerão e
sofrerão as conseqüências - os dentes estragarão, ficarão obesos mórbidos e
morrerão.
A política da
indústria da doença para os animais é diferente da que é usada para os
seres humanos.
Darcy Ribeiro morreu convicto de que ia virar pó e não um fantasma
errante a voar
por aí. Mas ele continua vivo no que nos deixou, quando disse que no Brasil
não se encontra
nenhuma galinha abandonada. Mas encontram-se crianças abandonadas
nas ruas.
A nutricionista
Rebeca de Angelis teve sua atenção chamada para o fato de os
bichos estarem
sendo melhor alimentados que as pessoas e escreveu: "Precisamos alertar a
todos no sentido
de oferecer ao homem uma alimentação de acordo com suas necessidades
e suas
atividades. Os veterinários e zootecnistas podem nos ajudar nessa tarefa .74
O líder
comunista Luiz Carlos Prestes, quando esteve preso durante o Estado
Novo, foi
submetido a tratamento degradante. Seu advogado, o Dr. Sobral Pinto,
74
Angelis,
R. Op. cit., p. 18.
entendendo que
nem os bichos mereciam tal tratamento, apelou para a Lei de Proteção aos
Animais. Vou
considerar a possibilidade de apelar à Suipa, animal racional que sou, e
requerer
igualdade de direitos com os animais irracionais que estão tendo o privilégio
de
comer carne sem
açúcar, ficando de fora da dieta açucarada patogênica que é imposta aos
seres humanos.
Picadinho
açucarado
Tomate, cebola e
alho com açúcar - O
açúcar decididamente já tomou de
assalto a mesa
da humanidade. Outro dia, numa lanchonete de comida árabe, interpelei o
garçom e ele
confessou que a cebola frita leva açúcar para ficar com aquela corzinha de
caramelo. Ainda
na lanchonete leio os rótulos dos vidros de molhos de alho e de
mostarda, todos
mencionavam açúcar e até o molho de pimenta também entrou na dança.
Vinagrin - A amiga leitora
tem vinagre em casa? Pensa que tem, é claro.Vá lá na
cozinha e
confira, veja se é vinagre mesmo ou se está escrito em letras que não se
destacam
no rótulo o
neologismo agrin. Trata-se de uma nova porcaria produzida pela indústria
de
açúcar. Quero
meu velho vinagre de volta, feito de vinho fermentado.
Pizza, catchup e
mostarda - Quem
entra numa pizzaria e come pizza com
catchup e mostarda e
toma uma Coca-Cola, talvez não saiba mas comeu açúcar quatro vezes:
na própria
pizza, no catchup, na mostarda e na Coca-Cola. A ditadura do açúcar tem
vocação
totalitária.
Pizza de
chocolate - Não
bastando o fato de a pizza normal já estar adulterada
pelo açúcar, os
homens resolveram radicalizar com a pizza doce. E o marketing é peso
pesado: Faustão e
Jô Soares têm se encarregado de propagandear a nova porcaria
açucarada. Nós,
do movimento Açúcar zero, recomendamos a velha pizza salgada,
completamente
isenta de açúcar e temperada com azeite de oliva.
Pão de batata - Outro dia, numa
lanchonete Rei do Mate da vida, perguntei ao
caixa se o pão
de batata com recheio de queijo cheddar continha açúcar. Ele fez uma
cara de
espanto, pensou
e disse que achava que não. Como eu disse que achava que sim ele pediu
a um colega para
ir à geladeira e trazer o saco plástico com o bicho ainda congelado. Não
deu outra: pão
de batata inglesa com recheio de queijo é recheado também de açúcar.
Nessas mesmas
lojas o mate servido normalmente já vem açucarado; o anormal sou eu, que
quero sem
açúcar.
Molho shoyo - A fórmula original
do molho shoyo, tradicional molho de soja da
cozinha
asiática, não incluía açúcar. O molho shoyo também entrou na dança do
açucaramento da
cozinha da humanidade imposto pelos traficantes de açúcar. Esse molho,
vendido aos
brasileiros nos supermercados, está adulterado pelo açúcar. Já deixei de comer
pratos
japoneses, sushi, sashimi, por causa disso. O shoyo da marca Sakura tem uma
versão
light sem sódio . Os
fabricantes deveriam ter três versões do molho: a tradicional, sem
açúcar, uma
versão açucarada e outra sem sal. Mas no mundo orwelliano em que vivemos
é
capaz de quando
surgir a versão sem açúcar ela ser chamada de diet, como se o normal
fosse a versão
açucarada.
Amendocrem - Pasta de
amendoim, o tradicional peanutbutter, é obrigatório na
mesa do
americano. Lá na metrópole o cidadão pode escolher se quer a iguaria com ou
sem açúcar. Os
supermercados de lá têm até máquinas de moer o amendoim na hora.
Para os
aborígenes daqui, o fabricante só empurra a versão açucarada.
Carne de charque
com açúcar - Carne
sem gordura e com açúcar. Como
diriam alguns, é
um pouco demais . De fato, a ditadura do açúcar acho que dessa vez foi
longe
demais. Nos supermercados encontram-se à venda, acondicionados em embalagens
plásticas,
pedaços de carne seca ou de charque, só que encharcados de açúcar em vez
de sal.
O nome do
produto é Jerky Beef. Devia chamar-se Junk beef (porcaria de carne). Os
fabricantes
querem que você coma essa coisa a qualquer hora do dia como quem come
pipoca.
Algodão doce - Corre, corre,
corre, curriola, vem chegando algodão doce,
algodão doce são
os versos de uma alegre musiquinha para crianças tocada nos intervalos
do programa
infantil de televisão de Daniel Azulay. Algodão doce é açúcar puro.
É triste ver crianças
atracadas com um palito com aquela couve-flor de açúcar
colorida .
Açúcar e corante, nada mais.
Bem que a
vaquinha Gilda poderia fazer um abaixo-assinado, pedindo ao Daniel
Azulay para
mudar a letra da música e pedir à curriola para fugir da cárie dentária e da
obesidade
infantil evitando o algodão doce. Foge, foge, foge curriola...
Biscoitos de
polvilho - Quem
freqüenta as praias do Rio de Janeiro ou o trem
da Central do
Brasil conhece e já comeu biscoitos de polvilho da marca Globo. Têm duas
versões, doce e
sal , como anuncia o vendedor ambulante. São umas rosquinhas tão
leves que quando
mastigadas dissolvem e desaparecem na boca, e não enchem a barriga de
ninguém. Desde
meus dezesseis anos que consumo a guloseima e sempre preferi a versão
salgada. Outro
dia, lendo as informações sobre os ingredientes do biscoito, vi que o sabor
salgado levava
açúcar.
Descobri, trinta
anos depois, do alto do meu diabetes mellitus, que o direito de você
escolher entre
sal ou açúcar não existe.
Inulina - Inulina é um
polímero de frutose, encontra-se na raiz de alcachofra e no
dente de leão. É
produzida industrialmente a partir de sacarose. Nos supermercados já
existe, à venda,
leite longa vida com fibras . Essas fibras são a tal da inulina. Teria sido
extraída da
alcachofra ou é um polímero obtido da sacarose? Fibras sintetizadas em
laboratório e
adicionadas ao leite. Parece-me um tanto absurdo. Quem quiser fibra no
leite pode
adicionar germe de trigo, farelo de aveia ou de trigo, com a vantagem de estar
se
alimentando.
Essa inulina aí, aposto, não deve significar nada. É apenas mais um passo no
avanço da
ditadura do açúcar.
Isomaltulose É um tipo de
açúcar presente em estado natural no caldo da cana.
Industrialmente
é obtido a partir da sacarose com uma ajudinha da mesma enzima que
trabalha na
formação da cárie (glicosil-transferase) e utilizado na fabricação de doces e
chicletes.
Homeopatia Será que os
adeptos dessa medicina sabem que os glóbulos
homeopáticos os
pellets são preparados a partir de uma mistura de sacarose com
lactose? E que a
forma preferida, no caso de medicação para crianças, contém apenas
açúcar?
Sucralose - O caçula dos
adoçantes artificiais é feito de uma mistura de açúcar
(você não tem
para onde fugir) com o princípio ativo da água sanitária. Patenteado pela
Johnson &
Johnson,
o processo consiste na troca de três grupos de hidrogênio-oxigênio da
molécula da
sacarose por três átomos de cloro.
Creme dental - Algumas marcas
são adoçadas com açúcar-alcool especialmente o
xilitol, mas
algumas marcas dirigidas às crianças usam açúcar mesmo. Adoçar creme dental
justamente com o
substrato com o qual a cárie é produzida, dá para entender?
Cigarro Um capítulo de Sugar
blues é sobre cigarro e açúcar. O homem branco
aprendeu a fumar
com os índios. Só que o tabaco usado no cachimbo da paz dos índios
não era curtido
em solução açucarada. William Dufty cita pesquisas que notaram que em
países que não
usam açúcar no fabrico de cigarros os casos de câncer são menores.
Vitamina de
abacate Nossos
vizinhos latinoamericanos usam abacate em
saladas
temperado com sal e azeite. Adulterado com açúcar é coisa de brasileiro.
Xarope de milho
- O
velho e conhecido Karo, aquele que parece mel mas não é,
era obtido por
hidrólise de amido de milho. Hoje o Karo é metade xarope de milho e
metade xarope de
açúcar de cana. O xarope de milho é usado pela indústria de alimentos
para adoçar
bolos, sorvetes, biscoitos. Só fornece calorias; nenhum nutriente.
Maionese - Segundo os
dicionários, maionese é uma espécie de molho frio, feito
de azeite,
vinagre, sal, pimenta, mostarda e ovos batidos. Ou pelo menos era assim. Hoje a
maionese
comprada nos supermercados leva açúcar, certamente a título de conservante,
para diminuir a
acidez e também para dar um gostinho doce, já que está todo mundo
viciado em
açúcar.
Empada - O amigo leitor
prefere empada de frango, de camarão, ou de palmito?
Agora tem mais
duas opções: chocolate e Romeu e Julieta (goiabada e queijo). Este é talvez
o passo mais
recente da ditadura da sacarose.
Milho e ervilha
em lata - Dois
outros exemplos do avanço do açucaramento da
dieta humana:
aquela agüinha onde ficam afundados os grãos de milho ou ervilha (ou
picles) é água
com açúcar.
Salmoura - Que pelo nome
não se perca é aquela porção de água saturada de sal,
usada na
conservação de carnes. A essa altura do campeonato acho que é desnecessário
dizer que
algumas salmouras encontráveis nos supermercados estão subvertidas pelo
açúcar. É o fim
da picada.
Lingüiça,
mortadela e presunto - Açúcar na lingüiça!? É a reação espontânea da
maioria das
pessoas quando são informadas de que carnes embutidas em geral incluem
açúcar entre
seus conservantes.
Figo seco O figo seco é um
troço melequento, mas todo mundo me dizia que é
apenas o fruto
desidratado. Tentei no Google relacionar figo seco com açúcar mas não
conseguí.
Finalmente numa delicatessen ví um pacote do produto importado e nas
informações
nutricionais estava lá sugar . Mais de 50% do figo seco é açúcar do
açucareiro. Se
não vivêssemos no reino do Big Brother a porcaria chamarse-ia doce de
figo.
Essa lista é
infindável. Praticamente todo alimento industrializado contém açúcar, a
títulos os mais
variados, isso porque o açúcar é um produto químico muito versátil: ele
conserva, dá
textura, dá cor (caramelo), é usado como excipiente, acelera ou retarda a
fermentação de
pães ou o mosto de bebidas fermentadas - e até adoça. Os traficantes de
açúcar
descobiram há um século que o açúcar adicionado aos alimentos industrializados é
mais fácil de
ser empurrado goela abaixo da humanidade. Além de ser,segundo o maior
usineiro do
mundo, 600% mais lucrativo que a venda de açúcar destinado ao açucareiro
doméstico.75
(Fazer tabela)
Título: Distribuição da montanha de açúcar produzida no país.
Consumo direto:
65%; Indústria: 35%. Sendo: Refrigerantes 40%; Chocolates, balas
e biscoitos
31,5%; Alimentos 10%; Sorvetes 5%; Pães 5%; Vinhos 3%; Outros 4%; Frutas
1,5%.
A DITADURA EM
AÇÃO
75
Rubens
Ometto em entrevista à revista Exame de junho de 2005.
Em nossa época,
fortes pressões comerciais afetam as convicções alimentares.
Dr. Herman
Taller
Falsificação de
sucos de frutas
Em um site da
Geocities há um relatório da Altaga (Associação de Licenciados em
Ciência e
Tecnologia de Alimentos da Galícia) sobre o problema da adulteração de sucos
de frutas por
adição de sacarose. O texto considera falta de escrúpulos a adulteração e uma
deslealdade
comercial suscetível de punição. Mas, bonzinhos, dizem que isso não chega a
constituir um
problema de saúde pública e que eles estão interessados apenas no aspecto de
venda de gato
por lebre. O texto diz que as alterações mais freqüentes são adição de água,
açúcares, frutos
de valor comercial inferior, extratos secundários de frutos e corantes.
Segundo o
relatório, quando a mistura de açúcares adicionada tem uma distribuição
de glicídeos
semelhante à das frutas que dão origem ao sumo a adulteração não é detectável
pela análise do
perfil de açúcares do produto final.
Os traficantes
de açúcar usando métodos de hidrólise controlada obtêm xaropes de
sacarose e de
amido de milho com teores desejáveis de sacarose, glicose e frutose. Dessa
forma é possível
adulterar facilmente sucos de frutas uma vez que se consegue no caldo
adulterador as
mesmas proporções dos açúcares naturais dos sucos. Adultera-se não
apenas sucos mas
até polpas de frutas congeladas. O relatório discorre ainda sobre
sofisticadas
análises de laboratório que permitem descobrir se houve adulteração mediante
detecção do teor
de sorbitol, por exemplo, comparando-o com o teor normal da fruta.
Ainda segundo o
relatório da Altaga, os açúcares adulterantes normalmente
utilizados são a
sacarose, o xarope de milho rico em frutose (XMRF), o meio de açúcar de
cana invertido
(MACI) e o meio de açúcar de beterraba invertido (MABI) .
A idéia dos
traficantes de açúcar é adicionar os tais xaropes adulterantes aos sucos
de frutas
industrializados e não mencionar isto nos rótulos e quiçá tascar um sem adição
de açúcar .
Uma vilania
dessas não é só um problema de saúde pública; é um problema de
saúde moral da
classe capitalista que não tem qualquer escrúpulo diante da possibilidade de
lucro.
A indústria da
doença e a ciência
A página do
jornal V alor Econômico na internet reproduz matéria divulgada pelo
Financial Times segundo a qual
13 das principais revistas médicas internacionais
denunciaram
recentemente o crescimento da influência das multinacionais farmacêuticas
sobre as
descobertas científicas e publicaram advertências de que grandes lucros estão
corrompendo os
teste clínicos envolvendo seres humanos.
As revistas, entre as quais New England Journal of
Medicine, Journal of American Medical
Association
e
publicações de outros países, alertaram, em editoriais publicados
simultaneamente,
para o fato de essas grandes empresas fazerem uso de grupos de
pesquisas
privados, sem vínculos com o meio acadêmico, denominados de Organizações
de Pesquisa sob
Contrato. Tais organizações prestam serviços mais baratos e menos
independentes
que as instituições acadêmicas.
Nos Estados
Unidos, 60% das dotações de pesquisa do setor farmacêutico foram
destinados às
CROs (sigla em inglês) em 2000. Segundo a denúncia, a supervisão dessas
Organizações de
Pesquisas privadas é insuficiente para assegurar o grau desejável de
confiabilidade
dos testes clínicos: Os resultados dos testes podem ser engavetados, em vez
de publicados,
casa sejam desfavoráveis ao patrocinador do produto , advertem os
editorias.
Os críticos
dessa prática receiam que vantagens financeiras comprometam a
objetividade dos
cientistas e ponham os pacientes em risco.
Essa denúncia é
feita no momento em que o setor farmacêutico está sendo
criticado por
causa dos altos preços cobrados de países pobres por medicamentos
responsáveis por
salvar vidas e está também sofrendo processos e tendo que recolher
medicamentos do
mercado em virtude de problemas com efeitos colaterais de drogas para
obesidade,
diabetes etc.
Tudo isso
confirma o que já dissemos aqui: a indústria da doença tem em suas
mãos a ciência,
os governos e a literatura, inclusive a científica.
Em todo caso a
Associação Médica Americana exortou universidades e hospitais a
exigir que seus
pesquisadores revelem todo e qualquer interesse financeiro que possam ter
em produtos que
estão sendo submetidos a testes clínicos. As 13 publicações também
comprometeram-se
a elevar seus próprios padrões de publicação e pesquisa. Meno male.
Segundo pesquisa
realizada em 2002 no fim do mundo, isto é, na Finlândia, a
prática de uma
dieta pobre em gorduras, sacarose e rica em fibras combinadas com
exercícios
físicos pode evitar 60% de novos casos de diabetes. Tal combinação também
reduz a pressão
sanguínea. O estudo foi conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde
Pública, da
Finlândia, e acompanhou 500 finlandeses por um período de dois a seis anos.
O objetivo da
pesquisa, a prevenção do diabetes, segundo o professor Jaskko Tuomilehto,
responsável pelo
trabalho, não é um tópico sexy no mundo da pesquisa médica e, por mais
incrível que
possa parecer, ninguém pede ou deseja financiar um estudo como esse ,
declarou ele à
agência Reuters.
Um fato desses
deixa claro como a ciência é um fator subordinado no sistema geral
da indústria da
doença. Se o Dr. Tuomilehto ao invés de se preocupar com gordura
simplesmente
eliminasse da dieta do grupo pesquisado a sacarose teria obtido, em vez de
60, 100% de
sucesso.
A ditadura do
açúcar e o aspartame
De acordo com a
revista eletrônica do Departamento de Química da Universidade
Federal de Santa
Catarina, a QMCWEB, o adoçante aspartame tem sido vítima de uma
campanha de
difamação. Várias indústrias açucareiras espalharam na mídia e na internet
uma boataria
sobre os grandes males provocados pelo aspartame. Centenas de spams, via
e-mail, chegam até hoje
à redação do QMCWEB, alertando para os perigos do aspartame.
Na
internet milhares de sites dedicam-se exclusivamente a incentivar o
boicote ao
aspartame. Sem
nenhum fundamento científico, estes boatos visam denegrir a imagem
deste adoçante
que pode comprometer os lucros das usinas de açúcar , diz a revista. O
aspartame é um
adoçante que se destaca por várias razões, entre elas: doçura semelhante à
do açúcar, não
deixa sabor residual desagradável e, ao contrário do açúcar, retarda ou inibe
a formação de
placa baceriana e a desmineralização do esmalte dos dentes. Essa
perseguição,
pela ditadura do açúcar, ao aspartame tem origem remota. Em reunião de
dezembro de
1968, sob a égide da ONU, a Organização Internacional do Açúcar,
composta de 24
países entre exportadores e importadores de açúcar, aprovou um
documento no
qual, entre seus objetivos, constava a observação atenta da evolução do
uso de
ciclamatos e outros dulcificantes artificiais .76 Pelo visto a Internacional do
Açúcar
não se limitou
ao papel do papagaio na piada do português (na verdade uma coruja que
não falava mas
prestava muita atenção).
Não obstante a
denúncia o pessoal do QWCWEB tem a cabeça feita pela ideologia
do açúcar:
muitas pessoas, por motivo de saúde ou estética, precisam evitar o consumo de
açúcar , diz o
QMC . Não são apenas os doentes e os vaidosos que precisam evitar o
açúcar, Todos
nós precisamos detonar o açúcar, produto químico nocivo à saúde. O
QMCWEB reclama
que o Aurélio grafou carboidrato e defende que o correto seria
carbohidrato.
Com isso demonstra, numa seara alheia, um rigor que falta na sucroquímica
quando diz que o
açúcar que utilizamos em casa contém a sacarose . Errado: açúcar não
contém sacarose, açúcar
é sacarose. A não ser que o QMCWEB pense conosco que sabemos
que açúcar contém
99,5% de sacarose e 0,5% de lixo químico fino.
A TROPA DE
CHOQUE DO AÇÚCAR
Cavalo carregado
de açúcar, até o rabo é doce.
Provérbio
nordestino
76
Brasil/
Açúcar. Rio de Janeiro: IAA, 1972, Coleção Canavieira no
08,
p. 174.
Quando o açúcar
apareceu na vida da humanidade consideravam-no um sal
doce , espécie
de mel de abelha em pó. É claro que foi bem recebido. Inicialmente foi
objeto de desejo
das classes dominantes, porque era caro e raro. Depois virou remédio,
prescrito para
tudo que era tipo de doença. Quando chegou à mesa foi uma festa. Durante
o século XVI a
Europa caiu de boca no açúcar. Além das sobremesas, doces finos, maçapão
etc.,
colocava-se açúcar em tudo que era tipo de prato: sopa, lentilha, peixe, carnes
vermelhas.
Colocava-se açúcar no vinho e bebia-se até água com açúcar.
Cristóvão
Colombo assim se referiu ao açúcar: o alimento melhor e mais saudável
do mundo ao
pedir aos reis de Espanha, em 1494 que enviasse para São Domingos dez
caixas de açúcar
e 50 pipas de melaço (Lippmann).
Mas tão logo
ficou claro a que veio o açúcar e levantaram-se as vozes da resistência
ao seu avanço,
para cada detrator do açúcar havia um defensor , um membro da tropa
de choque.
Talvez isso
explique a longevidade da ditadura. Sendo os males do açúcar um
assunto polêmico
, tem prevalecido até hoje o in dubio pro reo.
Hoje, apesar de
a banda boa da comunidade científica apontar para o açúcar como
sendo o agente
responsável pela natureza patogênica da alimentação do homem
contemporâneo,
de não passar de um produto químico infiltrado no meio dos alimentos,
de ser um agente
agressor do metabolismo humano, de ter inaugurado uma era patológica
na história da
humanidade, o açúcar ainda conta com uma aguerrida e qualificada equipe de
defensores,
entre os quais médicos, nutricionistas e até químicos. Uma verdadeira tropa de
choque. Nas
páginas seguintes tratarei de alguns desses guerreiros.
O nutrólogo da
Universidade de Harvard
Considero o
doutor Fredrick Stare um representante preeminente da tropa de
choque do
açúcar. Em primeiro lugar porque o homem não é pouca coisa: é nada menos
que membro
fundador do Departamento de Nutrição da Universidade de Harvard. Em
segundo porque é
autor de uma gracinha que entrou para a História. Um conceito
importante a que
chegou a resistência à sucro-ditadura foi o de que açúcar não nutre, sendo
apenas caloria
vazia. E o doutor Stare se saiu com esta: Não é correto pensar nele como
calorias vazias
. Os açúcares são, na verdade, calorias cheias - cheias de energia! ; e
fundamenta: Já
que o açúcar raramente é consumido sozinho, torna mais saborosos
muitos
alimentos, tais como sorvetes, bolos e biscoitos, que são ricos nos elementos
nutritivos que
faltam ao açúcar .77
Nas
duas citações, o que percebemos? Na primeira um
cinismo
entusiasmado e na segunda o reconhecimento envergonhado de que açúcar é
caloria vazia
mesmo, no açúcar não apenas faltam nutrientes, como quer o doutor - eles
estão
completamente ausentes.. E o homem ainda tem coragem de socorrer-se de
elementos
nutritivos de belas porcarias açucaradas...
William Dufty
cita trecho de uma entrevista dele à revista W, versão quinzenal de
Women s Wear
Daily, na
qual o Dr. Stare diante da crise do petróleo de 1973 propõe aos
americanos uma
estranha solução: Devemos cultivar alimentos que requeiram o mínimo
77
Stare,F.J.Gordo
ou Magro?. Rio de Janeiro: CM/LTC, 1989, p.54.
possível de
terras para a produção de um máximo de energia. Por exemplo, são necessários
0,15 acres de
terra para produzir um milhão de calorias de açúcar; são necessários 17 acres
de terra para
produzir um milhão de calorias de carne. Calorias são energia e eu
recomendaria que
a maioria das pessoas, suavemente, dobrasse seu consumo diário de
açúcar . E
depois de manifestar a esperança de que o governo americano aprovasse a
adição de
vitaminas ao açúcar, sapecou: Não existe um alimento perfeito, nem mesmo o
leite materno .78
A defesa que o
doutor Stare faz do açúcar não pára por aí: segundo ele,
recentemente, o
açúcar vem sendo injustamente acusado como culpado de uma série de
distúrbios,
inclusive diabetes, hipoglicemia, moléstias cardíacas, cáries dentárias,
incapacidades de
aprendizagem, e, claro, obesidade. Conforme comprovadas pesquisas
científicas têm
demonstrado constantemente, a única dessas doenças em que o açúcar pode
realmente ser um
fator determinante é a cárie dentária . 79
Faltou seriedade
a Stare ao falar em pesquisas cientificas sem mencionar as fontes.
Se o açúcar
fosse causador apenas de cárie, um verdadeiro flagelo que atinge o
grosso da
humanidade, já
seria motivo suficiente para se expulsar esse elemento da dieta humana.
Afinal, a saúde
não começa pela boca? Cárie não é uma ponte para uma série de doenças?
Mesmo admitindo
que o açúcar provoca cárie ele ainda faz uma ressalva, mas a
emenda fica pior
que o soneto: Mesmo assim os açúcares pegajosos ou amidos
comidos entre as
refeições, e não seguidos da devida limpeza dos dentes, são responsáveis
por ela . Na
ressalva, Stare nega o papel do açúcar e põe a culpa das cáries nos açucares
pegajosos ou
amidos . Já deu para perceber que o homem apesar de médico não é sério.
Mas a despeito
disso não é burro, e adverte, com clara má vontade: No entanto uma
palavra de
advertência é devida: quantidades excessivas de açúcar - ou de qualquer
outra
substância podem
perturbar o processo metabólico de tal modo que influenciem o
aparecimento ou
desenvolvimento de certas condições clínicas adversas .
O químico da
Universidade de Pittsburgh
Será que alguém
poderia, por favor, me explicar por que, quando os componentes
do melado são
retirados, a sacarose pura restante de repente passa a ser ruim e danosa à
saúde? Essa
pergunta em tom sincero é feita pelo professor de química da Universidade
de Pittsburgh
Robert Wolke e está em seu livro O queEinstein disseaoseu cozinheiro a
ciência
na cozinha. E acrescenta
que a afirmação de que o açúcar refinado faz mal, para ele é um
mistério . É uma
afirmação sem sentido .
Se essa
pergunta, quase um apelo, fosse feita por um leigo eu acharia natural, mas
vinda de um
professor de química de uma universidade americana fiquei tentado a
responder. Vamos
à tentativa: o livro do professor Wolke é sobre cozinha. Ninguém se
interessa por
cozinha sem gostar de comer. O homem deve ser um gourmet. É difícil você
78 Dufty,W. Op.
cit., p. 123.
79
Stare,F.J.
Op. cit., p. 53.
achar um gourmet
que fale mal de açúcar. E certamente o gourmet falou mais alto do
que o
químico.
O miolo da
pergunta do professor é por que a sacarose pura passa a ser danosa?
Respondo com
outra pergunta. Nós respiramos uma mistura de oxigênio, hidrogênio e
nitrogênio.
Alguém poderia, por favor, me explicar por que se alguém ficar respirando
oxigênio puro
vai morrer? A sacarose passa a ser danosa exatamente depois de pura;
misturada no
caldo de cana ela não faz mal a ninguém. Acho difícil que o professor Wolke
tenha acesso à
minha resposta e como respondi-lhe com outra pergunta continuarei com
minha tentativa
por outros meios. Como do lado de cá estou euzinho, e do outro um
professor de
química da tropa de choque do açúcar, faço como um bom lutador de kravmagá
e ataco no ponto
fraco do açúcar, a cárie dentária.
Durante muito
tempo houve dúvidas, apesar do óbvio ululante, de que açúcar
produzia cárie.
Hoje o processo foi desnudado e está cientificamente estabelecido. É
condição sine
qua non para que venha a haver cárie a presença de açúcar refinado.
Infelizmente,
professor Wolke, a sacarose contida na cenoura, no ananás ou na maçã não
provoca cárie;
só a sacarose pura que restou do processo de refino do caldo de cana depois
que os
componentes do melaço foram retirados. A gente não sabe como o professor
reagiria: talvez
ele dissesse mas quem produz a cárie não é o açúcar e sim a bactéria
cariogênica . Eu
rebateria dizendo que de fato é a bactéria, dona StreptococcusMutans, quem
produz a cárie,
acontece que ela só produz cárie com a ajuda da sacarose pura. Ela não
produz cárie nem
com a sacarose natural do caldo de cana nem com outros açúcares
(glicose,
frutose, lactose). A sacarose pura e refinada é cúmplice do crime de cárie
dental. E
agora,
professor? Dá para admitir que o açúcar é ruim e danoso para a saúde? Ainda
não?
Então vou
continuar. A sacarose que o senhor chama de pura na verdade não é 100%
pura e sim
apenas 99,5%; tem 0,5% de impurezas, mas como eu jogo duro contra o
açúcar
chamo de lixo
químico fino. Por exemplo, de acordo com o Inmetro a sacarose tem
0,005% de metais
pesados; os outros componentes desse lixinho químico residual o leitor
pode ver no
tópico sobre toxicologia do açúcar. As quantidades são muito pequenas, mas
é material
tóxico; e as pessoas andam consumindo muito açúcar. O cidadão americano,
por exemplo,
consome anualmente 80 quilos de açúcar, logo, ele ingeriu
homeopaticamente
ao longo de um ano uma boa dose de veneno.
Finalizando é de
estranhar que o homem sendo químico desconheça a reação de
Maillard, os
corpos de Amadori, a base de Schiff e os AGEs ou produtos finais de glicação
avançada. A
série de reações químicas em cadeia provocadas pelo excesso de glicose no
corpo humano
cujo resultado é a glicação degenerativa de proteínas, uma enxurrada de
radicais livres
e estresse oxidativo. Se ele desse uma navegada pelo site da Merck veria
que
apenas 29 gramas
de sacarose pura matam um rato de um quilo de peso. Ele teria que
admitir que pelo
menos para a cobaia da Merck a sacarose refinada fez muito mal.
O médico
brasileiro
O doutor John
Yudkin, médico britânico e autor do livro Sweet and Dangerous, é um
herói da
resistência à ditadura do açúcar. Desde os anos 60 do século XX ele vem
denunciando o
papel do açúcar como causador de uma série de doenças, entre elas as
doenças
cardiovasculares. Segundo ele os portadores de doenças coronarianas são grandes
comedores de
açúcar e os que mais morrem desse mal são, justamente, aqueles que mais
comem açúcar.
Tudo isso por causa das alterações metabólicas induzidas pelo consumo da
doce droga.
O doutor Flavio
Rotman é um médico brasileiro que tomo como exemplo de
membro da tropa
de choque do açúcar. Não é nada pessoal, posto que a maioria dos
médicos pensa
como ele, mas é que o doutor Flavio gastou tempo, papel e tinta para
defender o
açúcar, mesmo admitindo que nenhum estudo de vulto foi levado realmente a
cabo sobre o
efeito de uma dieta baixa em sacarose e a incidência de doença coronariana
arterioesclerótica
, e nem o contrário: Um estudo prospectivo para explorar a possível
relação entre a
ingestão de sacarose e a incidência de infarto . 80
Pedir uma pesquisa
séria sobre o efeito de uma dieta isenta de sacarose, no
contexto da
ditadura do açúcar, certamente é querer demais.
No livro de sua
autoria A prevenção do infarto para jovens o doutor Rotman abriu
espaço para
vários estudos que falharam em suportar a hipótese do doutor Yudkin.
Segundo Rotman,
desde o nascimento da hipótese de Yudkin, sugerindo a associação
entre consumo de
sacarose e doença coronariana, foi reportado por vários pesquisadores,
em vários
trabalhos, que, estatisticamente, o consumo de açúcar nos portadores de
coronariopatia
não era maior do que nos indivíduos considerados normais . E prossegue:
Em animais
também não foi possível induzir arteriosclerose pela ingestão acentuada de
açúcar refinado
. E mais: Nenhum efeito, a longo prazo, de uma dieta rica em hidratos
de carbono ou
sacarose, na incidência da doença coronariana, foi devidamente
comprovado . E
mais ainda: Sabe-se hoje que a relação entre a ingestão de sacarose e a
prevalência de
infarto do miocárdio sempre esteve mais ligada às mudanças da ingestão de
gorduras do que
à ingestão propriamente dita de sacarose . E finalmente, ainda segundo
Rotman,
indivíduos com doença coronariana não demonstram melhora clínica nem
redução na
freqüência de novos infartos, quando a sacarose ou outros carboidratos são
basicamente
reduzidos, e não existe nenhuma evidência em autópsias para suportar uma
relação entre
ingestão de carboidratos e sacarose com o infarto do miocardio (...) Em
populações
consumindo grandes quantidades de sacarose, a média de consumo não excede
18% da energia
total da alimentação diária, e em bases individuais o consumo de sacarose
nunca conseguiu
exceder 30% da energia consumida em um dia , acrescenta.
Não satisfeito
em defender a sacarose como um todo, ele sai em defesa até de suas
partes
componentes obtidas por hidrólise, a glicose e a frutose. Se realmente a
glicose
encontrada na
sacarose (açúcar refinado) está implicada na gênese da arteriosclerose, o
amido das
frutas, os legumes e cereais devem estar também . E em defesa da frutose:
Sobre o consumo
crônico da frutose encontrada na sacarose, o trabalho de Nikkila, na
Finlândia, foi
devidamenrte claro ao não demonstrar qualquer efeito sobre a incidência de
infarto .
Agora vejam o
mais curioso disso tudo. Ao concluir o capítulo no qual trata desses
assuntos, Rotman
diz que mesmo com os fatos acima relacionados somos propensos a
restringir
globalmente não só o açúcar refinado como a gordura saturada da dieta de
prevenção do
infarto do miocárdio .
Ele defende
ainda que o açúcar deve ser abolido (negrito meu) da dieta do obeso
e do diabético.
E para as pessoas normais dos povos ocidentalizados, o açúcar e produtos
açucarados não
devem ultrapassar 7% das calorias totais nas 24 horas .81
Deu para entender?
O homem defende com unhas e dentes a sacarose para depois
propor essa
redução drástica do consumo da droga. É menos que a proposta da OMS
Organização
Mundial de Saúde, que defende uma redução para 10% das calorias totais
ingeridas.
Vejamos o que significam 7% de açúcar por dia. Na famosa dieta de 2.500 Kcal,
80 Rotman, Flávio. A
prevenção do infarto para jovens. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 57.
81
Idem,
p. 58.
7% equivalem a
175 Kcal de reserva de mercado para os traficantes de açúcar, ou 40 e
poucos gramas de
açúcar. Uma Coca-Cola de 600 ml já ultrapassa esse marco pela
quantidade de
açúcar que contém.
A verdade é a
seguinte, o açúcar faz mal em qualquer quantidade. Hoje o açúcar
tem sido
consumido em grande quantidade e está fazendo um grande mal à humanidade. É
só olhar em
volta e ver os dentes cariados, as crianças obesas, os hipertensos, os
amputados, os
cegos e os impotentes (esses três últimos: gangrena, retinopatia e neuropatia
diabéticas).
Reduzir o
consumo de açúcar para 7% ou 10% é apenas querer que o açúcar faça
um pouco menos
mal do que está fazendo. Zerar o consumo é melhor.
Os três
mosqueteiros australianos
São duas
nutrólogas, Jennie Brand-Miller , Kaye Foster-Powel e um diabetólogo,
Stephen
Colagiuri. Jennie já publicou 16 livros e 140 artigos em revistas científicas e
atualmente
lidera uma equipe de doze pesquisadores interessada em carboidratos; Kaye é
formada e fez
pesquisas pela Universidade de Sydney, Austrália; Stephen, também da
mesma
universidade, é autor de mais de cem estudos científicos. Todos são
especialistas em
índice glicêmico
e escreveram o livro A nova revolução da glicose, um inventário de
sofismas
que vendeu mais
de um milhão de exemplares.
O índice
glicêmico pretende calcular o impacto na glicemia (açúcar no sangue)
causado pelos
diferentes alimentos. Determinados carboidratos fazem o açúcar do sangue
subir mais que
outros. As razões são várias: o teor de carboidrato do alimento, o fato do
cereal ser
refinado ou integral, de o grão do cereal estar inteiro ou triturado, de estar
mais
ou menos cozido,
do tipo de amido (amilose ou amilopectina), do prato de carboidrato
estar ou não
acompanhado de gordura ou açúcar, etc.
Dos alimentos
que fazem a taxa de açúcar no sangue subir muito diz-se que tem
um IG (índice
glicêmico) alto, o contrário é IG baixo. Batata frita, por exemplo, tem um
índice glicêmico
mais baixo que o da batata cozida. Essa informação surpreende algumas
pessoas
acostumadas com a diabolização da batata frita, mas é que a gordura que
impregna
as fritas diminui
a velocidade da digestão fazendo com que o açúcar suba mais devagar no
sangue.
A pesquisa do
índice glicêmico baseia-se na comparação dos diversos
carboidratos com
um alimento de referência. O alimento escolhido como padrão foi a
glicose pura
(uma substância isolada quimicamente). Devido aos problemas que a ingestão
de glicose pura
causava, outros pesquisadores passaram a usar o pão branco como padrão.
Mas, segundo os
três mosqueteiros, terminou prevalecendo a glicose. O índice glicêmico da
glicose foi definido
como sendo igual a 100 e todos os alimentos são classificados em uma
tabela de 0 a
100.
Alguns alimentos
espantosamente têm índice glicêmico acima de 100. Os três
mosqueteiros não
dão detalhes apenas falam em alimentos que contêm amido que são
digeridos na
velocidade da luz . Uma perguntinha, por que esse fabuloso amido não foi
escolhido como
padrão? São os mistérios da ciência. Outro mistério é o fato de alguns
alimentos como
laticínios e porcarias açucaradas chamados por eles de alimentos
apetitosos e
densos de energia - apresentarem ao mesmo tempo baixo índice glicêmico e
provocar altas
taxas de insulina. Para os três mosqueteiros isso talvez seja um bom
resultado,
pois o aumento da insulina contribui para o nível baixo da glicemia .
(pp.75-76)
O que é mistério
para essa troica de qualificadíssimos nutrólogos australianos não
é para um
modesto médico português, o doutor Emílio Peres. Para ele o açúcar engana o
organismo
fazendo-o pensar que está diante de uma enorme quantidade de amido e
exige
do pâncreas uma
produção exagerada e excessiva de insulina . (vide tópico sobre a IDR de
açúcar)
O cálculo do
índice glicêmico dos carboidratos não seria apenas uma curiosidade
científica? Um
corpo novo e curioso de conhecimentos poderia ser criado ao se classificar
os alimentos
quanto à reação provocada na quantidade de insulina no sangue e medir o
índice
insulinogênico; ou quanto à reação nos sucos gástricos, para ajudar quem sofre
de
azia a elaborar
uma dieta. E até o índice cocogênico para classificar os alimentos quanto ao
potencial de
gerar fezes. Isso iria ajudar os que sofrem de prisão de ventre.
Para os três
mosqueteiros o açúcar tem um problema de imagem . Não à toa o
livro A nova
revolução da glicose é uma verdadeira peça de propaganda de açúcar (médicos
no
papel de
marqueteiros). Logo no começo eles se propõem a derrubar alguns mitos , entre
esses mitos
(para mim, verdades): a) Açúcar é um veneno para diabéticos; b) Açúcar
causa diabetes;
c) Açúcar engorda; d) Dietas ricas em açúcar são menos nutritivas . No
meio do livro e
no fim têm seções de perguntas e respostas, várias delas sobre açúcar.
E o açúcar é
defendido com argumentos que são um primor: O açúcar não tem
propriedades
engordativas especiais (p.16). Ora, como ninguém come açúcar puro, açúcar
é exatamente
isso propriedade obesificante em pó que as pessoas adicionam aos
alimentos. E se
fosse só isso seria ótimo, é também propriedade cariogênica,
insulinogênica,
e outras patogenias.
Outro primor:
Estudos mostram que dietas ricas em açúcares (provenientes de
diversos
alimentos, entre eles laticínios e frutas), geralmente têm níveis mais altos de
micronutrientes
como cálcio, riboflavina e vitamina C do que dietas pobres em açúcar .
Entenderam? Eles
estão dizendo algo parecido com: ponha açúcar no seu ovo que essa
beleza açucarada
é um alimento riquíssimo e começam a citar os nutrientes... do ovo!
Conspícuos
membros da tropa de choque os três mosqueteiros em seu livro são
pródigos na
propaganda do açúcar. Chegam ao ponto de prescrever o consumo de açúcar.
Nosso conselho é
utilizar o açúcar como meio de aumentar a palatabilidade de alimentos
nutritivos (como
o açúcar mascavo no mingau, o mel nos cereais ou a geléia no pão) . Não
entendi, falam
de açúcar e põem a mãe natureza no meio (o mel). A verdade é o contrário
disso aí, o
açúcar é usado para conferir palatabilidade a belas porcarias que sem ele
seriam
intragáveis.
Para eles é
normal um adulto consumir entre 50 e 60g de açúcar (200 ou 240 Kcal)
por dia. E
crianças entre 30 e 50 gramas (120 ou 200 Kcal) por dia. Sendo essas
quantidades
consideradas por eles um patamar moderado . Para avaliarmos o tamanho
desse absurdo o
Dr. Flávio Rotman, insuspeito porque membro da tropa de choque,
recomenda para
adultos apenas no máximo 7% das calorias totais em 24 horas. E
quando eles
falam em açúcar, com certeza estão pensando apenas no açucareiro. Ninguém
sabe o teor de
açúcar, por exemplo, do presunto; o qual se encontra, além de camuflado,
abafado por
outro sabor forte que é o sal.
Segundo os três
mosqueteiros os problemas de imagem do açúcar devem-se a
pesquisas com
ratos que utilizaram quantidades incríveis de açúcar puro . Pura mentira.
Quem criou
problemas de imagem para os adoçantes, foram pesquisas utilizando
quantidades
incríveis de adoçante por longos períodos, resultando em câncer nos
bichinhos. As
pesquisas sobre o açúcar são feitas por gente séria e ignorada pela mídia. A
dose
de açúcar para matar (não apenas provocar câncer) um rato de um quilo de peso
(um
legítimo gabiru)
é de apenas 29,7 gramas. Isto está registrado no site da Merck ( já
vimos
isso no tópico
sobre toxicologia do açúcar). O Dr. Bart Hoebel, da Universidade de
Princeton
(também como já vimos no capítulo Pegando pesado), provou que açúcar
causa
dependência
usando soluções açucaradas com apenas 25% de sacarose. E isso não é nada.
O mais triste é
o problema de imagem que o açúcar está a infligir ao ser humano como um
todo,
deformando-lhe a silhueta com a obesidade mórbida, e o sorriso com a destruição
dos seus dentes.
Concluindo eu
diria que a teoria do índice glicêmico não deixa de ter sua
utilidade, você
saber que o espaguete provoca um aumento de açúcar no sangue menor que
o arroz, e
conhecer todos os fatores que influem no impacto glicêmico constitui um avanço
da ciência da
nutrição. Mas aproveitar isso para promover o açúcar é baixaria, é
irresponsabilidade,
é desonestidade intelectual. Ou então é ciência sob medida
encomendada pelos
traficantes de açúcar.
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