A DITADURA EM FLAGRANTE
As doenças do século XX que mais causam morte se originam do que eu chamo de envenenameno
por carboidratos. O que causa isso? O principal responsável é o açúcar.
Robert Atkins
Nos dias de hoje estamos vivendo o apogeu da civilização do açúcar, o paraíso da
indústria da doença, a era das doenças crônico-degenerativas. O Rio de Janeiro, por
exemplo, tem 5 mil farmácias e 50 sebos. O brasileiro é um povo inculto e doente. A
humanidade inteira consome açúcar a gosto sem saber da enormidade de calorias
desnecessárias e nocivas que ingere a contra-gosto ou pelo menos sem ter consciência
disso. O resultado disso são as evidências epidemiológicas apontando na direção do
aumento pavoroso da obesidade e do diabetes, aumento estarrecedor de diabetes
gestacional, aumento tétrico de casos de amputação de dentes, pés e pernas. Tais
estatísticas não freqüentam a mídia. Mas, no mundo inteiro, já está havendo um
movimento no sentido de dar um basta nessa situação. A Organização Mundial de Saúde
(OMS) já associa essas doenças crônicas todas a uma alimentação errada e quer fazer
com que o mundo coma mais frutas, verduras e legumes - e menos açúcar. Um dia a ONU
e os médicos do mundo inteiro vão enxergar que o problema não é falta de educação
alimentar e sim o fato de que a humanidade está diante de uma dieta patogênica e que a
tarefa urgente urgentíssima é eliminar o corpo estranho que confere esse caráter à dieta
humana.
Os próximos tópicos darão uma idéia ao leitor do que se anda especulando a
respeito, por exemplo, de qual o limite aceitável para o consumo diário de açúcar.
Cientistas da área médica do mundo inteiro fazem pesquisas a respeito. Dois tópicos falam
do problema no Brasil, um sobre o confronto entre a Justiça do Consumidor versus a Coca-
Cola e a Ambev. E o outro a briga de cachorro grande envolvendo a OMS e a Europa de
um lado querendo limitar o consumo de açúcar, e de outro a maior potência bélica de
todos os tempos a serviço do capitalismo querendo deixar as coisas como estão; e o papel
do Brasil nesse conflito.
The New Sugar
No ano de 1996 um açúcar novo foi desenvolvido nos laboratórios da Faculdade
de Engenharia de Alimentos da Unicamp Universidade de Campinas, São Paulo, pelos
pesquisadores Gláucia Pastore e Yong Park.82 O projeto conta com o financiamento de
uma empresa privada, a Usina da Barra, de Barra Bonita, São Paulo, a maior usina de
açúcar do mundo. O novo açúcar resulta de biotecnologia aplicada à produção de
alimentos alternativos. O New Sugar, como foi batizado, é obtido por meio da ação de um
fungo, o aspergillus niger, que secreta a enzima b-frutofuranosidase. Esta enzima ao mesmo
tempo em que corta a molécula de sacarose em suas duas componentes, glicose e frutose,
liga as moléculas livres de frutose a outras de sacarose, criando com isso um novo açúcar.
As moléculas livres de glicose, liberadas no processo, são escoimadas por uma nova
purificação.
O novo açúcar produzido em laboratório pode ser o resultado de uma molécula
de sacarose enriquecida de uma a quatro moléculas de frutose chamadas respectivamente
de: GF2, GF3, ou GF4. O GF2 é mais doce que os outros. O novo produto
cientificamente é classificado como um frutooligossacarídeo (FOS). E tem as seguintes
características: é 40% menos doce que o açúcar uma aparente desvantagem, mas quem
gosta de açúcar vai poder comer mais. Agora o mais importante: o New Sugar apresenta-se
como não calórico, não cariogênico, funcional e sem gosto residual. O que significa que
não provoca cárie, não engorda, pode ser usado pelos diabéticos, ajuda a flora intestinal e
não tem o gostinho residual desagradável de alguns adoçantes. Maravilha da natureza!, ou
melhor, da ciência. Só que o açúcar novo que usa como matéria-prima o velho açúcar do
açucareiro estava prometido para 1997 e até hoje não apareceu. Agora chegou a hora da
reflexão. Nós denunciamos aqui a existência de uma indústria da doença baseada numa
dieta patogênica cujo princípio ativo é justamente o açúcar. E a solução que proponho é
política: a retirada do açúcar da dieta humana.
O New Sugar seria uma solução química do problema, ao eliminar a natureza
patológica do açúcar. De qualquer forma seria o fim da indústria da doença. Por que o
novo açúcar não vingou? Na minha opinião a ditadura do açúcar tem fortíssimas razões
82 Revista Saúde. São Paulo: Abril cultural, agosto de l995, nº 143, p. 40.
para conspirar contra o sucesso de um empreendimento desses. O engraçado é que as
pesquisas que deram origem ao novo açúcar contou com o apoio de um fabricante de
açúcar; deve ter sido um equívoco.
Não deixa de ser engraçado também o fato de que o açúcar para deixar de ser
nocivo tenha que deixar de ser o que ele é um dissacarídeo - e transformar-se em outra
coisa: um tri ou tetrassacarídeo. E certamente perder sua propriedade não redutora.
A Ingestão Diária Recomendável (IDR) de açúcar
Numa página internética d além mar sobre os níveis seguros do consumo diário de
açúcar (http/ / ruinuno.50megs.com/ exc_doce.html), há um texto, respeitante a erros
alimentares, no qual um médico português, Emílio Peres, propõe o que nem a FDA nem a
Anvisa fazem: sugerir um limite de consumo de açúcar diário para o ser humano. O Dr.
Peres propõe que esse limite seja de 18 gramas de consumo diário médio e como bom
lusitano acrescenta mas não todos os dias e ainda adverte: Com o estômago vazio o
açúcar desnutre . Segundo ele em algumas regiões de Portugal o consumo per capita de
açúcar alcança 50 quilos por ano e nessas quantidades o açúcar assume a categoria de um
tóxico e o organismo sofre com o excesso de calorias. Na presença de açúcar o organismo
trabalha como se estivesse diante de uma enorme quantidade de amido e exige do pâncreas
uma produção exagerada e excessiva de insulina .
Os portugueses perdem feio para os americanos, que já comem perto de 80 quilos
de açúcar a cada ano. Quanto aos 18 gramas diários propostos pelo Dr. Peres como limite,
significam apenas 72 calorias diárias. A Organização Mundial de Saúde propõe como
limite de consumo diário de açúcar apenas 10% das calorias totais. Tomando por base a
famosa dieta de 2.500 kcal diárias da própria ONU, teremos 250 kcal por dia, ou 60 e
poucas gramas de açúcar. O cidadão norte-americano ingere, por conta da dieta
açucarada, aproximadamente 600 a 800 calorias diárias de açúcar. Ele deixa de ingerir entre
150 e 200 gramas de comida de verdade, por exemplo, um bife, que além de nutrir vai
fornecer a energia necessária, em troca de nada, ou seja, açúcar puro. Não à toa, obesidade
nos Estados Unidos é um problema nacional. Só para servir de ilustração, uma garrafa de
Coca-Cola de 600 ml carrega nada menos de 240 calorias - e olhe que uma criança mata
uma garrafa dessas e mais um pacote de biscoitos recheados de uma só vez.
Crítica da análise das recomendações
médico-científicas sobre o consumo de açúcar
Tenho em mãos o trabalho acadêmico Análise das Recomendações Internacionais Sobre o
Consumo de Açúcares Publicadas entre 1961 e 1991, de autoria de Maria do Carmo Freire,
Geoffrey Cannon e Aubrey Sheihan. Ela do Departamento de Odontologia Social de
Universidade de Goiânia e eles do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da
Universidade de Londres. O trabalho foi publicado pela Revista de Saúde Pública da USP,
capturei-o na internet.
O trabalho se propõe a analisar as recomendações quanto ao consumo de açúcares
extrínsecos apresentadas em publicações médicas e científicas internacionais nos últimos
30 anos do século XX. Para tanto foram relacionados 116 trabalhos publicados entre 1961
e 1991 originários de 37 países espalhados pela Europa, Estados Unidos, América Latina e
até Oceania. Só não foram incluídas publicações de difícil tradução. Os trabalhos foram
analisados como um todo e abordados os seguintes temas: a) recomendações relativas ao
consumo de açúcar; b) sobre alimentos industrializados açucarados; c) sobre o tipo de
açúcar a ser reduzido; d) sobre quantidade e freqüência de consumo de açúcar; e) sobre
substitutos do açúcar e doenças crônicas relacionadas ao consumo de açúcares. Entre os
objetivos da pesquisa, verificar a relação entre o consumo de açúcares e o advento de
doenças crônicas e pinçar recomendações sobre níveis seguros de consumo que possam
integrar a política nacional de alimentação e nutrição.
Por açúcares extrínsecos devemos entender o açúcar adicionado aos alimentos.
Em geral é a famigerada sacarose em forma de cristais, derretida ou invertida. Na literatura
científica ela sempre aparece mimetizada entre outros açúcares : o objetivo desse
expediente é ocultar a presença ditatorial da sacarose na dieta moderna.
Quanto às recomendações sobre o consumo o documento constatou que a grande
maioria das publicações concorda que deve haver redução no consumo de açúcares. Dos
116 trabalhos analisados nada menos que 98 recomendam redução do consumo desses
açúcares extrínsecos. E nossos autores, que têm conhecimento de outros trabalhos não
incluídos nesses 116 e que ascendem a 150, afirmam: Esta conclusão é confirmada por
todos os trabalhos anteriores relatados pelo Senado dos Estados Unidos, Turner, Mc Nutt,
Truswelle, O Connor e Campbell, Cannon, e pela OMS .
Trata-se de uma tendência: a grande maioria da comunidade científica
internacional concorda que o consumo de açúcares tem que ser reduzido. E, voltando
aos nossos pesquisadores, sendo que nenhuma publicação aconselha aumento de
consumo desses produtos - o que, aliás, seria deveras engraçado...
Eles lembram também que apenas quatro publicações propõem a exclusão dos
açúcares e são chamadas de radicais . Se tivessem citado declinaria aqui o nome desses
heróis.
Quanto aos alimentos açucarados industrializados, o resultado é muito semelhante
ao item anterior. De fato, não faria sentido recomendar redução de açúcar do açucareiro e
transigir com porcarias açucaradas de fábrica
Quanto ao tipo de açúcar a ser reduzido a pesquisa notou que os termos variam
desde os mais genéricos, como carboidratos simples , aos mais precisos como sacarose ,
glicose e outros.
O único açúcar que impregna e confere natureza patogênica à dieta humana chamase
sacarose refinada, mas a indústria da doença usa e abusa da floresta de açucares para
ocultar esse fato. Mas o reinado, ou melhor, o império do açúcar está chegando ao começo
do fim. Dos 98 trabalhos analisados, em 32 a sacarose aparece como o único açúcar a ser
reduzido .
Quanto à quantidade e freqüência, segundo nossos pesquisadores, entre aquela
grande maioria favorável à redução no consumo de açúcares , a maior parte aceita propor
uma quantidade segura de consumo diário compatível com a boa saúde. Antes de 1977
nenhuma meta para o consumo de açúcares extrínsecos foi observada . A recomendação
mais freqüente é 10% do total de calorias, patamar estabelecido pela própria Organização
Mundial de Saúde. Nas palavras de nossos pesquisadores, a adoção desse limite demonstra
coerência com a evidência científica que relaciona o consumo de açúcares a doenças
humanas , mas eles acham que melhor que a adoção de um percentual das calorias totais
seria adotar limites em gramas/ dia ou quilogramas/ ano. Há quem proponha uma relação
de quantidade de açúcar com o peso da pessoa. Minha posição é a seguinte: se o açúcar faz
mal, por que apenas reduzi-lo? Se faz mal deve ser abolido. O cigarro faz mal; faz sentido
recomendar um ou dois cigarros por dia? Melhor parar de fumar e de comer açúcar, meus
amigos.
Pulei a parte sobre substitutos do açúcar.
Finalmente o documento constatou que as duas doenças mais freqüentemente
relacionadas ao consumo de açúcares são cárie dentária e obesidade, juntamente com
outras doenças crônicas como fatores de risco: diabetes, doenças coronarianas,
trigliceridemia, aterosclerose, hiperlipidemia, cálculo de vesícula e câncer.
O Ministério Público e o açúcar
O Ministério Público de São Paulo protocolou na Justiça uma ação inusitada de
autoria do Dr. João Lopes Guimarães Junior, da Promotoria de Justiça do Consumidor,
contra a Ambev e a Coca-Cola. A ação pede que as duas empresas incluam advertências
nos rótulos de refrigerantes sobre o risco de obesidade.
A notícia é bem-vinda e o promotor está de parabéns. O fato foi criado e deve
provocar o debate. De minha parte gostaria de acrescentar que se trata apenas de uma
escaramuça. A guerra é contra o conjunto das doenças crônicas e é muito mais complexa.
Trata-se de atacar a obesidade em suas causas. Qual é o grande causador de
obesidade? Não é o refrigerante em si, mas o açúcar que ele contém. Se o refrigerante é diet
não causa obesidade, o que não elimina o fato de continuar sendo uma bebida não
nutritiva.
Se a Justiça obrigar essas empresas a adotarem tal advertência isso será um fato
positivo, especialmente porque pesquisas recentes apontam justamente para o refrigerante
como sendo o principal transportador de açúcar para a barriga das pessoas. Existem outros
grandes condutores de açúcar que não podem ser ignorados.
Logo, a luta contra a obesidade é um pouco mais complexa do que parece. Creio
que numa primeira etapa seria necessária uma campanha de esclarecimento geral sobre o
que de fato é o açúcar. Sim, porque muitos médicos, dentistas, nutrólogos e químicos
ignoram o assunto: sabem sobre açúcar o que suas mães lhes ensinaram.
O passo seguinte caberia ao Poder Legislativo e à Anvisa: seria a hora de se legislar
contra a presença e o avanço do açúcar na alimentação. Sugiro por exemplo como num
primeiro passo que todo e qualquer produto que contenha sacarose mencione isso no
rótulo e diga em que quantidade. A indústria de alimentos, já vimos isso, costuma ocultar o
conteúdo de açúcar de seus produtos apresentando-o no mesmo saco dos carboidratos .
Muitos ficarão estarrecidos ao saber da quantidade de açúcar presente no que se
come e também onde o açúcar está presente. Será que quem come lingüiça sabe que está
ingerindo açúcar? A possibilidade de as pessoas poderem quantificar o açúcar que estão
ingerindo será de suma importância. Todos vão saber que estão ingerindo alegremente
mais de 600 calorias diárias gratuitamente só por conta do açúcar..
De suma importância seria também coibir a propaganda de porcarias açucaradas
pela televisão, especialmente a propaganda indireta tipo merchandising em novelas e agora a
disfarçada nos programas e quadros de culinária . Até tele jornal tem sessão de culinária.
Prestem atenção: a maioria das receitas é de pratos doces.
A literatura sobre açúcar, inclusive a científica, está precisando passar por uma
revisão posto que vende gato por lebre. Por aí dá para se ter uma idéia da luta que temos
pela frente.
Voltando ao assunto, acho que o pontapé inicial dado pela Justiça do Consumidor
de São Paulo, se não acabar em pizza, em virtude do grupo de pressão da indústria da
doença, levará a sociedade às mesmas conclusões a que cheguei: que o açúcar é o
responsável único pela natureza patogênica da dieta do homem contemporâneo e que
expulsa-lo da mesa é uma tarefa vital para toda a humanidade.
Caso a ditadura do açúcar continue e a indústria da doença não seja desmontada,
resta um consolo. As pessoas, individualmente, podem dar as costas ao açúcar. Convido a
todos a fazê-lo e prestar atenção às transformações que ocorrerão em seus corpos.
Parecer do Conselho Federal de Nutricionista (CFN) sobre
obesidade
Em função do processo da Justiça do Consumidor de São Paulo, objeto do tópico
acima, o CFN recebeu um questionário sobre obesidade. A íntegra do documento
encontra-se em www.cfn.org.br. As autoras do documento são as nutricionistas Glória
Valéria da Veiga da UFRJ e Luciene Burlandy da UFF. Fiz uma síntese das respostas dadas
pelo CFN - algumas eram muito extensas. Um membro proeminente do movimento
Açúcar zero, Antonio Santos da Silva, pintor misto de naïf, primitivo e surrealista, que se
assina Antonius, elaborou respostas alternativas às do CFN. Antonius é presidente da
AHOB, Associação dos Humilhados e Ofendidos do Brasil, uma Ong ainda em formação
mas que promete ser a mais vigorosa do planeta, visto que o Brasil é o campeão mundial de
concentração de renda. Antonius é meio radical: por ele o refino de açúcar seria proibido e
os traficantes presos.
Respostas aos quesitos da Promotoria de Justiça do Consumidor de São Paulo:
1) Qual a importância da alimentação para a saúde das pessoas?
Para o CFN é através da alimentação que são supridas as necessidades nutricionais que garantem o crescimento, desenvolvimento e
funcionamento adequado do organismo. Desta forma a alimentação pode contribuir para o bem-estar bio-psico-social do indivíduo.
Por outro lado a maioria das doenças, principalmente crônicas, está relacionada com o que as pessoas comem e bebem.
A saúde do ser humano pode estar comprometida tanto por carências nutricionais quanto
pelo excesso. De igual modo a obesidade pode estar relacionada ao comportamento
alimentar, conclui o CFN .
AHOB - Para viver as pessoas necessitam de respirar, beber água, comer e ver a luz do sol.
Sem alimentação, portanto, não existiria vida humana. Desnecessário dizer que o ar tem
que ser puro, a água limpa, o alimento saudável e o sol sem radiações prejudiciais à pele.
2) Em razão da sua incidência entre a população pode se considerar a obesidade
como problema de saúde pública no Brasil?
A CFN respondeu dizendo que é difícil definir obesidade, que obesidade é uma doença, e
que é complexa a adoção de medidas de intervenção, mas que a obesidade é um problema
de saúde pública.
AHOB - Depende, há dois tipos de obesidade, uma saudável e outra mórbida. O obeso saudável é aquele que se alimenta de carnes,
frutas, verduras e legumes, cerais, leite, ovos, mel etc., frescos, naturais e integrais. Na alimentação do obeso mórbido prevalecem
os chamados carboidratos refinados: açúcar branco principalmente e alimentos produzidos a partir de cereais descorticados, trigo
branco, milho branco e arroz branco. Enquanto a obesidade saudável é uma questão de escolha individual ou grupal, o obeso
mórbido é uma vítima de uma dieta açucarada. Logo só esta última é que é um caso de saúde pública.
3) É possível constatar o crescimento dos índices de obesidade nos últimos anos?
Qual a tendência de incidência de obesidade no Brasil se nenhuma política pública
eficiente for adotada?
O CFN respondeu que sim, que é possível constatar aumento nos índices de obesidade, que tende a atingir um contingente maior da
população caso nenhuma política pública de controle e prevenção seja adotada.
AHOB - A tendência dos índices de obesidade é aumentar proporcionalmente ao
açucaramento da dieta humana: quanto mais produtos açucarados, mais obesos, mais
diabéticos e mais dentes cariados teremos. E política pública eficiente nesse caso significa
dar um basta ao avanço da dieta açucarada moderna. Aliás um basta ao avanço é pouco: o
ideal seria impor um recuo progressivo até o limite zero. Para a humanidade isso vai
significar o fim do caráter patogênico da dieta e a volta do alimento normal.
4) Existe um nexo etiológico entre o consumo de produtos alimentícios e
obesidade? Quais ingredientes atuam de forma especialmente nocivas?
O CFN respondeu que não é fácil comprovar que o consumo alimentar exacerbado associa-se à obesidade e que não há como
afirmar que um ingrediente ou nutriente atue de forma nociva, mas que é possível que o comportamento alimentar seja um fator de
risco e que o consumo em excesso de determinado nutriente em relação às necessidades pode contribuir para a obesidade. Diz ainda
que estudos indicam que o consumo em excesso de açúcares, doces, bolos, bebidas açucaradas etc. transforma-se em gorduras de 75
a 80% e que 90 a 95% das gorduras ingeridas em excesso têm o mesmo fim. E conclui dizendo que gorduras saturadas e ácidosgraxos
representam risco maior de doenças cardiovasculares.
AHOB - O nexo entre comer e engordar pode ser causal quando se trata de obesidade
saudável ou etiológico quando a obesidade é mórbida. É ponto pacífico que ninguém
fica obeso respirando ou bebendo água. É necessário que os alimentos ingeridos
ultrapassem o gasto de calorias, embora haja exceções a essa regra. Como gordinhos
saudáveis a gente só encontra no reino de Tonga, aqui no Brasil a obesidade mais comum é
a mórbida. A causa da obesidade mórbida é o consumo da dieta açucarada moderna. O
ingrediente nocivo que confere caráter patológico à dieta humana é o açúcar, agente
químico adoçante absolutamente desnecessário que acrescenta calorias negativas ao bolo
alimentar, tornando-o prejudicial ao metabolismo. O açúcar, além do mais, para ser
metabolizado rouba nutrientes do corpo e é o substrato preferido das bactérias
cariogênicas. Os cereais refinados destituídos de fibras e parte dos nutrientes são mais
calóricos e causam desnutrição e prisão de ventre; o ideal são os cereais integrais e naturais.
Quanto à gordura, trata-se de alimento essencial, veículo das vitaminas A, D, E, K e dos
ácidos-graxos essenciais. Vários grupos humanos, esquimós, massai, judeus iemenitas e
tibetanos, alimentam-se fundamentalmente de carnes, gorduras inclusas, e não são nem
obesos, nem diabéticos e nem têm cárie nos dentes.
5) A publicidade, sobretudo veiculada pela televisão, pode influenciar a dieta
alimentar das pessoas - especialmente crianças induzindo-as a consumir produtos
alimentícios que causam obesidade? Qual a importância da advertência sobre os
riscos da obesidade?
O CFN respondeu dizendo que de fato a TV influencia as crianças em seus hábitos
alimentares, especialmente pela falta de condições para elas analisarem e criticarem o
conteúdo da propaganda. Diz que a TV leva ao sedentarismo. E concluiu que embora não
se possa atribuir o ato da compra à propaganda, admite que os produtos mais divulgados
são, coincidentemente, os mais vendidos, mais lembrados e mais consumidos. E arremata
com a seguinte ressalva: como a ingestão em excesso desses produtos (biscoitos,
chocolates, refrigerantes, comida de fast food), ainda que em si não possam ser
mencionados como causadores de obesidade, é um fator de risco, o estímulo ao seu
consumo pode ser negativo quando não tratado de forma crítica no âmbito da escola, da
família e da sociedade. Quanto à advertência nos rótulos a resposta foi postergada para a
questão seguinte.
AHOB - A influência da propaganda, especialmente pela TV, ninguém pode subestimar.
Ela influencia adultos e especialmente crianças. Como já havia sido dito em questão
anterior, alimentos fabricados a partir de cereais refinados e ainda por cima açucarados
(biscoitos recheados, bolos, doces etc.) constituem verdadeiro grupo de alimentos de risco.
Não existe consumo moderado de biscoito recheado e refrigerante por parte de criança.
Tanto a Coca-Cola sabe disso que oferece os seus refrigerantes em garrafas de 600ml
(tamanho de garrafa de cerveja). Advertência no rótulo é parte importante de uma
campanha educativa que deve vir acompanhada de proibição de propaganda. Produtos
açucarados devem ser mais caros para inibir o consumo etc.
6) A informação clara e adequada sobre os riscos que o consumo inadequado de
determinados produtos alimentícios causam à saúde pode influenciar os hábitos
alimentares do consumidor e ajudar a prevenir a obesidade?
O CFN respondeu para dizer que o comportamento alimentar humano é determinado por fatores objetivos, subjetivos e sócioculturais
e que para mudar o comportamento da população a informação é insuficiente. Teria que haver um controle do que é
disponibilizado à população e a informação deve ser dirigida ao coletivo e deve estar apoiada em políticas públicas.
AHOB - Com certeza, informação clara é o que o povo precisa e médicos e nutricionistas
negam. Por exemplo, gordura é alimento. Já o açúcar não é alimento, é um produto
químico nocivo que impregna e torna a alimentação fonte de cárie, obesidade e doenças. E
no entanto o discurso dos nutricionistas diaboliza a gordura e silencia sobre o açúcar. A
informação clara sobre o que é a sacarose, assim como se informa aos fumantes sobre o
que é o tabaco, é o mínimo que o Poder Público pode fazer para não caracterizar uma
conivência diante das epidemias de cárie, obesidade e diabetes.
7) Em razão da obesidade, é possível considerar determinados produtos
alimentícios como mais potencialmente contributivos para essa epidemia? Quais
seriam estes produtos?
O CFN respondeu que a pergunta já havia sido parcialmente respondida na questão 4. Mas
acrescentou que obesidade é de origem multicausal e que é extremamente difícil estabelecer
uma relação de causa e efeito. Sendo o hábito alimentar um fator de risco para a
obesidade, admite que refrigerantes e bebidas açucaradas são suspeitos de gerar obesidade e
que seu consumo entre os estudantes tem sido pesquisado. Disse que estudos comprovam
que os refrigerantes estão entre os dez produtos mais consumidos pela população e que no
Brasil na década de 70 o consumo desse produto aumentou 268%. Mas que não se pode
analisar o consumo de refrigerante como um fator isolado e que o alimento industrializado
dos restaurantes fast food também contribui para a obesidade.
AHOB - Usando o bom senso, já que a ciência, no que diz respeito à nutrição, vem sendo
utilizada para enganar o povo: o que contribui mais para a obesidade, uma Coca-Cola
comum ou uma Coca-Cola light? Um copo de leite puro ou um copo de leite com Nescau?
Uma goiaba ou um pedaço de goiabada? Um pão integral ou um pão doce?
É preciso dizer que o fato gerador de obesidade chama-se açúcar? A resposta à questão 7
é: um produto alimentício é tão mais contributivo para a obesidade quanto mais açúcar ele
contiver. Açúcar não é nada, é caloria extra, geradora não só de obesidade mas de cárie
dentária, hiperinsulinemia etc. etc. etc. Portanto os produtos mais potencialmente
contributivos para a obesidade são aqueles que mais açúcar contiverem.
8) Entre os produtos alimentícios mais potencialmente contributivos para a
obesidade, quais são os mais consumidos pela população brasileira?
O CFN respondeu, com base em estudos, que o brasileiro está consumindo, além de uma
elevada quantidade de açúcar refinado, mais salsichas, maionese, mortadela, refrigerantes,
leite, ovos, carnes com gordura aparente, bolos, hambúrgueres, salgadinhos, chocolates,
biscoitos, sorvetes, pizza, balas e lingüiça. Segundo o CFN o tamanho das porções de
pipocas, batatas fritas, salgadinhos e refrigerantes aumentou.
AHOB - Seria interessante que o IBGE, atendendo a um desejo da Organização Mundial de Saúde, fizesse uma pesquisa para
identificar quais são os grandes transportadores de açúcar o fator contributivo maior para a obesidade- para a barriga dos
brasileiros. Fortes candidatos seriam os refrigerantes, os doces, os sorvetes, o café, as tortas etc. Talvez o campeão não seja nenhum
desses e sim o popular refresco que em Pernambuco se chama ponche. É muito comum em lanchonetes e botequins você comprar
um salgadinho acompanhado de um refresco grátis.
9) Os fatores que causam a obesidade atingem da mesma forma as populações de
alta e de baixa renda? Por quê?
Para o CFN, sempre baseado em estudos, com relação à atividade física não há muitos
dados. Quanto ao consumo alimentar, o rico escolhe e come melhor que o pobre. Quanto
ao lado simbólico, a percepção do corpo entre as mulheres pobres tem mais a ver com a
força física em função do trabalho; já o rico tem preocupações com estética e com saúde.
Quanto à dimensão metabólica, o corpo do pobre que sofreu subnutrição quando pequeno
talvez seja mais eficiente que o do rico quando se trata de converter alimento em gordura.
AHOB - De um ponto-de-vista metodológico, a obesidade é tanto maior quanto maior for
a ingestão da dieta açucarada moderna. A ditadura do açúcar tem planos para todos, para a
classe média tem Big Mac e Coca-Cola, para o pobre tem X-Tudo e tubaína. Blanquet de
peru para uns e mortadela para outros, e assim por diante. Estão todos, ricos e pobres, se
entupindo das calorias inúteis do açúcar e ficando obesos, diabéticos e desdentados (aqui
os pobres ficam em desvantagem, pois não têm dinheiro para pagar a parafernália que a
indústria da doença tem para combater as cáries). Quanto à gordura, é um alimento
indispensável. Se gordura engordasse os esquimós seriam um povo de obesos. Obeso é o
povo americano, justamente o maior comedor de açúcar do mundo.
10) No Brasil, considerando os riscos de obesidade, os consumidores
ostensivamente recebem informações necessárias e adequadas a respeito dos riscos
à sua saúde acarretados pelos produtos alimentícios colocados no mercado? A
divulgação para o consumidor sobre o consumo adequado de determinados
produtos alimentícios é satisfatória? O consumidor brasileiro é clara, correta e
adequadamente informado sobre os riscos que o consumo inadequado destes
produtos apresenta?
O CFN fala dos esforços dos governos federal, estadual e municipal, da Política Nacional
de Alimentação e Nutrição (PNAM), da Anvisa, na rotulação, e do manual elaborado em
conjunto com a UnB, do Manual de Orientação ao Consumidor e dos Dez Passos Para uma
Alimentação Saudável, do Ministério da Saúde. E conclui dizendo que quanto aos riscos dos
produtos alimentícios estes não são explicitados e o povo ignora a maior parte dessas
recomendações.
AHOB - Essa questão dos riscos de obesidade e hábitos alimentares tem que ser colocada
em pratos limpos, sem trocadilho. Se existe risco numa dieta, risco de obesidade, de cárie
dentária, de diabetes e doenças cardiovasculares, então estamos diante de uma dieta
patogênica. Cabe assim aos homens de ciência de boa vontade dizer quais alimentos são
patogênicos. Sendo a dieta patogênica, quem se alimenta dela é vítima e não culpada de maus
hábitos alimentares. Alimento (gordura incluída nesse conceito) sempre foi fonte de vida e
não de doenças. Existe algum elemento patogênico infiltrado na alimentação do homem
contemporâneo. Em minha opinião esse subversivo é o açúcar, causador de cárie dentária
e doenças metabólicas.
Quem acha que gordura é o veneno da alimentação pode se esquivar dela facilmente: as
informações nutricionais dos rótulos dão conta do teor de gordura dos alimentos. Já o
açúcar (sacarose) impregna quase todos os alimentos industrializados e o consumidor
incauto que quiser evitá-lo não tem meios. Os rótulos de alimentos que contêm sacarose
teriam que informar a quantidade. Hoje a indústria de alimentos usa o expediente de
colocar a sacarose no mesmo saco dos carboidratos . A Organização Mundial de Saúde
está tentando levar o mundo civilizado a adotar o limite de 10% das calorias totais para o
consumo de calorias oriundas da sacarose. Os agentes da ditadura do açúcar já se
mobilizam para abafar esse assunto, o que nos leva a crer que o caminho é este.
11) Em razão da obesidade, a publicidade de determinados produtos alimentícios é
capaz de induzir o consumidor de forma prejudicial a sua saúde?
Esta pergunta foi considerada já respondida na pergunta cinco.
12) O risco de causar obesidade pode ser considerado dado essencial do produto
alimentício que não pode ser omitido na sua publicidade?
O CFN respondeu dizendo que nenhum produto em si causa obesidade. Só o consumo
excessivo de produtos de alta densidade energética ou que incluem nutrientes de
risco . E que isso tudo é motivo de preocupação e que seria prudente o alerta publicitário.
AHOB - Não dá para entender: entre uma porção de torresmo e um copo de leite com
Nescau, qual dos dois possui alta densidade energética e qual inclui nutriente de risco? São
a mesma coisa, e o problema é o consumo excessivo?
Seria interessante que o CFN esclarecesse que estranho nutriente é esse associado ao
risco de doenças crônicas. Um alerta sobre o risco de consumo excessivo parece bobagem;
a velha Bíblia há dois mil anos já disse que gula é pecado. Agora, quanto à substância
travestida de alimento como o açúcar, na verdade um aditivo químico associado a cárie,
obesidade e males metabólicos, o ideal seria a proibição pura e simples. Mas como os
traficantes de açúcar estão no poder pelo menos deveria ser concedido às suas vítimas o
direito de saber a quantidade de veneno que lhe é empurrada goela abaixo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o açúcar
Em todo o mundo civilizado as doenças cardiovasculares são a principal causa
de mortes por doença. O câncer é medalha de prata nessa olimpíada macabra, sozinho
responde por quase 130 mil mortes num só ano aqui no Brasil. E o diabetes é medalha de
bronze. Como os diabéticos, por causa de sua doença, morrem do coração, de câncer, de
AVC etc. e isso não é especificado na causa mortis, é possível que o diabetes seja a principal
causa de mortes por doenças e isso esteja sendo abafado.
Câncer, doenças vasculares e diabetes são exemplos de males crônicos não
transmissíveis. O leque dessas doenças de causas desconhecidas pela medicina é amplo e
inclui cárie dentária, hipertensão, artrose, obesidade, etc.
A vedete das doenças crônicas eleita pela indústria da doença é a obesidade. No
mundo todo a quantidade de obesos já atige a cifra de 300 milhões. Em alguns países como
os Estados Unidos a obesidade já assume ares de uma pandemia quem não é obeso possui,
em alguma medida, sobrepeso . Os magros em breve serão minoria. O vedetismo da
obesidade deve-se ao fato de a indústria da doença ter pronto e bem amarrado um pacote
ideológico para lidar com ela. A causa da epidemia de obesidade é o consumo da dieta
açucarada moderna. Óbvio ululante mas médicos e nutricionistas engolem a retórica do
pacote relacionando obesidade a maus hábitos alimentares e estilo de vida sedentário ; e
de que a obesidade é uma doença de etiologia pluricausal , quando 95% dos gordos o
são por causa da boca.83 E a solução proposta: reeducação alimentar . Costumo dizer que
para recomendar o consumo de frutas, verduras e legumes não precisamos de médicos,
basta um filósofo naturalista.
Na verdade o título de vedete principal das doenças crônicas deveria caber à cárie
dentária: a mais disseminada, vergonhosa e humilhante de todas as epidemias. A obesidade
atinge apenas uns 40% da população. A cárie mutila quase toda a humanidade. Raro é o
ser humano que tem seus dentes todos inteiros. Para a epidemia de cárie o ramo
odontológico da indústria da doença também tem um pacote de idéias-prontas. É o pacote
do binômio paranóia/ parafernália: o medo de cáries dentárias que persegue os bonecos de
açúcar e o uso da parafernália existente para o combate a elas. Mas esse não é um bom
pacote e já está furado, dentistas honestos já espalharam a verdade: a causa da cárie é o
açúcar. Fica claro então por que, sob a ditadura do próprio açúcar, não dá para vedetizar a
epidemia de cáries. A vedetização da obesidade atende dessa forma aos interesses da
civilização do açúcar.84
Em virtude do consenso da comunidade médico-científica internacional quanto à
relação entre hábitos alimentares, estilo de vida e doenças crônicas, e da proporção
alcançada pelo aumento dessas doenças. A ONU, através da Organização Mundial de
Saúde, está empenhada na tentativa de levar os governos de todos os países a adotar uma
estratégia global cujo objetivo seria levar as pessoas à consumir mais alimentos saudáveis e
praticar mais exercícios físicos.
Segundo a Dra. Lucimar Coser Cannon, assessora regional de doenças não
transmissíveis da OPAS- Organização Panamericana de Saúde, há evidências científicas de
que essas práticas alimentares (consumo maior de frutas, verduras e legumes) previnem o
câncer, o diabetes do Tipo 2 e doenças cardiovasculares , mas ela adverte que não se trata
de propor o vegetarianismo.
83 Certa vez um cientista do Japão que pesquisou sobre obesidade concluiu que não existe tendência para
engordar e sim tendência para comer .
84 O Almanaque Abril, popular enciclopédia em um volume, vendido em bancas de jornal, simplesmente
não dá informações sobre a saúde bucal dos brasileiros. Mas a campanha contra a gordura está lá.
No verão de 2003 a OMS, juntamente com o Ministério da Saúde, lançou, no Rio
de Janeiro, o Programa Global de Frutas e Vegetais fazendo parte do Forum Global para a
Prevenção e Controle de Enfermidades Não Transmissíveis.
Em anos anteriores a OMS já havia lançado uma Estratégia Global visando à
redução do número de fumantes. O programa anti-tabagismo foi bem sucedido. Contra o
cigarro o jogo é duro a OMS e governos do mundo inteiro numa ação orquestrada estão
impondo um verdadeiro cerco à indústria de cigarros e aos próprios fumantes. Hoje ambos
encontram-se literalmente encurralados por proibições e mais proibições. A propraganda
de cigarros está cada vez mais restringida. O fumante proibido de fumar em locais fechados
é obrigado a ir lá fora para dar vasão ao seu vício solitário. Houve tempo em que fazia
parte da boa etiqueta o fumante antes de colocar o cigarro na boca oferecer o maço aos
presentes. Hoje pede licença.
O Tio Sam entra na briga
Em janeiro de 2004 o comitê executivo da Organização Mundial de Saúde se reuniu
em Genebra, Suíça, para discutir e aprovar diretrizes globais mais eficazes visando diminuir
a incidência de doenças associadas ao excesso de peso. Entre as propostas discutidas as
recomendações de sempre quanto a hábitos alimentares e estilo de vida. Mas desta vez
constava na pauta a proposta de um limite para o consumo de açúcar; criação de subsídios
para reduzir os preços de alimentos saudáveis; e aprovação de impostos para encarecer os
alimentos prejudiciais; e criar limitações legais à propaganda desses alimentos.
Representantes da indústria da doença questionaram o relatório da OMS e as medidas
recomendadas. William Steiger, chefe da delegação americana, alegou que as
recomendações estavam baseadas em estudos incompletos. A posição americana ganhou o
apoio de alguns países, como Paquistão, Brasil e Filipinas, a OMS cedeu e deu mais tempo
para o debate das propostas, e a votação das diretrizes globais foi adiada para a reunião
seguinte, em maio. Neville Rigby, diretor de relações públicas da Força Tarefa
Internacional de Obesidade, ONG que reúne especialistas em saúde de todo o mundo, que
esteve na reunião de Genebra, disse que há evidencias científicas (do papel do açúcar na
obesidade) acumuladas ao longo de décadas. Eles podem ter retardado o processo, mas a
tendência de impor limites é irreversível . No mesmo diapasão opinou o endocrinologista
brasileiro Walmir Coutinho, vice-presidente da Federação Latino-Americana de Sociedades
de Obesidade, em declaração à revista Istoé : o respaldo à OMS é importante e as
acusações dos americanos não têm fundamento .85
Esse trabalho de obstrução das iniciativas da OMS já era esperado. A longa carta
que William Steiger enviara ao comitê executivo criticando várias propostas da entidade,
especialmente a falta de ênfase na responsabilidade das pessoas (na escolha de seus
alimentos) , apelava para o uso do velho recurso ideológico da indústria da doença de
deixar o açúcar com as mãos livres e acusar suas vítimas de maus hábitos alimentares .
Mas Philip James, presidente da Força Tarefa Internacional de Obesidade, acusou os
Estados Unidos de estarem dando mostras de terem cedido ao lobby da indústria
alimentícia. Em comunicado distribuído à época, James afirmou que em 1990 a indústria
do açúcar, apoiada pelo governo americano, tinha erguido um muro de oposição a
propostas similares ao plano da Organização Mundial de Saúde. Foi um escândalo que
agora corre o risco de se repetir , afirmou ele.
85 Fontes: Isto É, Tribuna da Imprensa, Folha de S Paulo em suas versões na internet.
E o escândalo se repetiu: em maio de 2004 o comitê executivo da OMS não
conseguiu aprovar, como queria a Estratégia Global para Alimentação Saudável, Atividade
Física e Saúde . Mesmo sendo um documento constituído de orientações e indicações sem
caráter obrigatório como acontece com a estratégia contra o tabaco. Só por sugerir ações
de caráter regulatório, fiscal e legislativo sobre o que os nutricionistas chamam de
ambiente nutricional entre as quais a recomendação do limite de 10% para as
calorias da dieta humana provenientes da sacarose (açúcar refinado), e outras
medidas para começar a cortar as asas da indústria da doença. A proposta original da
Organização Mundial de Saúde foi aprovada com vetos dos traficantes de açúcar.
Perto de 50 países votaram com a OMS. Os votos que deram vitória à indústria da doença
foram dos Estados Unidos, Brasil, Suazilândia e Ilhas Maurício. A imprensa não deu
destaque ao fato - fora engabelada pela questão dos transgênicos. A verdade é que a
maioria dos médicos e nutricionistas sequer está informada do que está em jogo. E nem os
chamados formadores de opinião.
Os traficantes de açúcar sabiam o que estavam fazendo e o que estava em jogo. O
detalhe da recomendação de um limite de 10% para as calorias do açúcar, para a indústria da
doença seria uma verdadeira flechada em seu calcanhar de Aquiles. Suponhamos que a
OMS tivesse conseguido aprovar a proposta do limite nas calorias totais para as calorias do
açúcar. Isso iria desencadear uma série de questionamentos por parte de nosotros el pueblo.
Por que limitar a ingestão de açúcar? Os médicos constrangidos teriam que dizer que o
açúcar faz mal. Por que faz mal? E se faz mal, por que apenas reduzir o consumo e não
abolir de uma vez? Isso sem contar o tremendo prejuízo financeiro que os traficantes de
açúcar teriam ao diminuir drasticamente a quantidade de açúcar que empurram goela
abaixo da humanidade. Talvez a indústria simplesmente quebrasse. Daí o fato de terem
mobilizado seu cão mais feroz, o pitbush.
A doce aliança (Bush, Lula, Fidel)
Alguém seria capaz de imaginar George W. Bush, Fidel Castro e Lula reunidos
numa frente única? De fato parece materialmente impossível colocar essas três figuras
sentadas em torno de uma mesa-redonda. Mas os três trabalhando, cada um por seu turno,
em prol de um objetivo comum acaba de acontecer. Não me refiro a algo parecido com os
três trabalhando pelo bem da humanidade, por exemplo, pelo cumprimento do Protocolo
de Kioto, o desarmamento nuclear ou o fim da pobreza no mundo. Refiro-me aos três
lutando por interesses particulares em detrimento do bem comum. Quem conseguiu costurar
essa infactível aliança? Os traficantes de açúcar.
Agora acredito que o espanto tenha diminuído. Vejamos os interesses comuns dos
três. O Brasil é o maior produtor mundial de açúcar, Cuba e seu socialismo açúcardependente
também sempre foi grande produtora e os Estados Unidos, além de sua
produção própria, mistura esse açúcar todo na comida e empurra goela abaixo da
humanidade. As coisas começam a fazer sentido.
Essa santa e doce aliança conseguiu vetar esse que era o ponto fundamental da
estratégia da OMS . Os pontos palatáveis à indústria da doença foram aprovados, como a
sugestão aos governos de estimularem através da propaganda o consumo de alimentos
saudáveis (frutas, verduras e legumes). E para a indústria de alimentos a recomendação
de que usem menos sal, açúcar e gordura. Antes a ditadura do açúcar usava como
escudo só a gordura, agora até o velho sal da terra entrou na dança. Esse expediente de
apresentar o açúcar ao lado de gordura e sal como vilões ao mesmo tempo em que
criminaliza a gordura e o sal, descriminaliza o açúcar. A imagem de alimentos é queimada para
livrar a cara de um produto químico nocivo.
A OMS foi derrotada pelos votos dos Estados Unidos, Brasil, Ilhas Maurício e
Suazilândia. Cuba, sem cara para votar ao lado dos EUA, deu um apoio de
bastidores.Como se comportou o Brasil diante desses fatos? Tenho curiosidade para saber
como funciona o processo decisório. O pessoal do Ministério da Saúde (leia-se médicos) já
estava de malas prontas para embarcar com o Programa Global da OMS mas teve o tapete
embaixo de seus pés puxado pelo pessoal do Ministério da Agricultura (leia-se fabricantes
de açúcar) Quem encaminha a posição do Brasil é o pessoal das Relações Exteriores. Este
pessoal diante do impasse envolvendo os dois outros ministérios deve ter consultado o
presidente. Lula que acha uma caipirinha (açúcar, limão e cachaça) a coisa mais normal do
mundo deve ter consultado algum assessor. O aspone talvez tenha dito: Têm uns médicos
malucos aí dizendo que açúcar faz mal à saúde e querendo prejudicar nossos negócios. Nós
somos os maiores produtores de açúcar do mundo . Ou um cenário pior: Lula teria
recebido um telefonema de seu amigo George W. Bush.
Essa obra do Governo Lula não passou em brancas nuvens. Oito sociedades
científicas publicaram um manifesto que encontra-se na página da SBEM - Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (www.endocrino.org.br). Além da anfitriã
citada: a AMB Associação Médica Brasileira, ABESO Associação Brasileira para o
Estudo da Obesidade, SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia, SBD Sociedade
Brasileira de Diabetes, SBP Sociedade Brasileira de Pediatria, SBH Sociedade Brasileira
de Hipertensão e SBN Sociedade Brasileira de Nefrologia.
O Manifesto, de março de 2004, esperneou contra a derrota da OMS na reunião de
janeiro na qual os americanos contaram com o apoio do Governo Brasileiro. Segundo o
documento que expressou estranheza e decepção com o papel do governo: interesses
econômicos não devem ter precedência sobre a saúde e o bem estar da população .
O teor de açúcar dos alimentos
O trabalho de descobrir onde o carboidrato assassino se encontra é fascinante.
Robert Atkins
Já que os agentes da ditadura do açúcar conseguiram derrotar a OMS e abafar o
problema pelo menos momentaneamente, publico aqui, só pra contrariar, uma tabela com
o teor de açúcar de alguns produtos alimentícios. Acredito que antes da abolição do açúcar
da dieta humana conviveremos com essas leis que a OMS gostaria de ver aprovadas,
visando disciplinar a ingestão de açúcar. Conto com os nutricionistas, que não são
coniventes com a presença de uma substância antinutriente e patogênica adicionada aos
alimentos, para melhorar essa tabela.
A quantidade de açúcar adicionada aos alimentos industrializados é um mistério -
essa informação é sonegada ao consumidor. As informações nutricionais dos rótulos falam
em carboidratos, gorduras e proteínas; o açúcar, aparece na maioria das vezes disfarçado de
carboidrato. Não interessa à indústria da doença que haja transparência nesse assunto.
A OMS quer que os povos de todo o mundo consumam não mais que 10% de
calorias de açúcar em sua dieta, e para que isso seja possível as pessoas terão que conhecer
o teor de açúcar contido no que estão comendo.
A título de colaboração nessa luta ofereço essa tabela. Até para as poucas
informações que ela contém tive dificuldade de obtê-las.
A Anvisa, por exemplo, em sua página da internet publica uma resolução do
CNNPA - Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos que informa que o
extrato de tomate pode conter até 1% de açúcar, e dá a quantidade máxima autorizada para
outros produtos, mas não diz a quantidade adicionada à maioria deles como catchup,
maionese e biscoito recheado, justamente os que concentram maiores quantidades de
açúcar. A Pepsi, por ocasião do lançamento da versão low carb, a Pepsi Edge, deixou
escapar que a versão tradicional em lata contém 41g de açúcar. Para o teor de açúcar do
leite condensado utilizei cálculo publicado em manual de bromatologia.
Produtos populares como pão de fôrma, pizzas, mortadela, maionese,
achocolatados e sorvetes, todos levam açúcar, mas a quantidade ninguém sabe. Um pão de
forma, por exemplo, fica 30% mais calórico por conta do açúcar que o adultera. Conto
com a ajuda do leitor para completá-la, e com o Poder Legislativo para obrigar a indústria
de alimentos a informar a respeito.
Tabela com o teor de açúcar de alguns alimentos
Alimentos Volume da
porção
% em
açúcar
Em colh. de chá Em
gramas
Caloria
s
nocivas
Coca Cola 600ml 10% 60g
Pepsi 350 ml 41g
Doce de leite 250g 60% 150g
Algodão Doce 100%
Pão Doce 50g 60% 30g
Chocolate 68%
Leite condensado 75%
L. de coco açucarado 40%
Geléia de maçã 65%
Iogurte 12%
Extrato de Tomate 1%
Bolo de Chocolate 113g 5 colh. de chá 30g
Bomba de chocolate 1 unidade 7 colh. de chá 35g
Sonho 1 unidade 6 colh. de chá 30g
Pé de moleque 1 unidade 3,5 colh. de chá
Catchupe ?
Maionese ?
Maionese Light ?
Pão francês ?
Lingüiça ?
Mortadela ?
Presunto ?
Pizza ?
Karo ?
Biscoito recheado ?
Torta de Limão
Arroz doce
Sovete
Fonte: Walton, L. et alii. Seis anos a mais. São Paulo: IASD, 1988.
Pesquisa apresentada na IX Jornada de Iniciação Científica da Universidade do
Amazonas, pelas pesquisadoras Nilza Padilha, Janete Vieira, Maria Augusta Rebelo e Mikeila
Ponte sobre Açúcares presentes em gêneros alimentícios e guloseimas utilizados na cidade
de Manaus (título do trabalho). Dá os teores de açúcar para os seguintes produtos: Guaraná
A, 10,96%; Guaraná B, 11,73%; Xarope de guaraná, 134,16%; Doce de leite, 58,81%; Doce
de banana, 74,44%; Doce de cupuaçu com banana, 77,54%; Doce de goiaba, 81,65%.
Do Fome zero ao Açúcar zero
O presidente Lula todo mundo sabe: é baixinho, barrigudinho e gulosinho. Com
um abacaxi do tamanho do Brasil para descascar, ele anda preocupado com a saúde e a
forma física e tem feito dietas alimentares. Nesse terreno Lula tem atirado no escuro, tanto
que ele mesmo diz que é vítima do efeito sanfona . Pelo método de tentativa e erro Lula
foi parar na dieta do Dr. Atkins, a famosa dieta que privilegia carnes e restringe
carboidratos. A princípio a restrição de carboidratos é drástica, objetivando a perda de
massa corporal; depois é proposta uma dieta de manutenção mais liberal com os
carboidratos.
A adesão de Lula a essa dieta despertou a ira da Dra. Valéria Guimarães, presidente
da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo. Valéria defende a dieta dita
equilibrada ou balanceada que, segundo ela mesma, é o que todos os ministérios da saúde
do mundo também defendem.86
Todo brasileiro gosta de feijão com arroz, carne, salada, frutas, ovos, pão e café
com leite. A Dra. Valéria elogiou o prato básico do brasileiro. Acontece que a dieta do
brasileiro está desequilibrada e isso ela não disse. O que provoca o desequilíbrio do prato
do brasileiro é a Coca-Cola de 600 ml, o pudim de leite condensado, o açúcar do açucareiro
e até a cerveja e o vinho sujos de açúcar.
A introdução do açúcar e mais as porcarias açucaradas colocou o saudável prato
básico do brasileiro na categoria da dieta açucarada patogênica moderna.
O que é que Lula e todo brasileiro devem fazer? Não é fazer dieta nenhuma, e sim
sair da dieta açucarada. Inaugurar ao lado do Fome zero o Programa Açúcar zero. Como?
Jogando fora o açúcar com açucareiro e tudo e também as porcarias açucaradas, e voltando
ao saudável prato feito, a feijoada, o vatapá e o churrasco com gordura entrelaçada e tudo.
86 Folha de S. Paulo, 15/09/2003, p. A10.
Quanto aos doces, pode consumi-los desde que sejam feitos com mel de abelhas ou
adoçante.
Na entrevista que concedeu à Folha de S. Paulo a Dra. Valéria diz um disparate tão
elementar que chego a pensar se não foi erro do jornal: Seu cérebro não come proteína,
nem frutinha nem verdurinha; come carboidratos . Ora, frutinha e verdurinha são
carboidratos e fornecem a mesma glicose que o amido, só que mais rapidamente, posto que
sendo carboidratos simples não necessitam de hidrólise como o amido, um carboidrato
complexo.
E só para chatear: em última instância as proteínas alimentam o cérebro sim. Na
falta de carboidratos a gordura passa a ser o grande fornecedor de energia; quando acabar a
gordura, as proteínas dos músculos assumem essa tarefa. Uma pessoa antes de morrer de
fome queima toda a gordura e toda a proteína disponível.
Os dados da mais recente pesquisa do IBGE sobre orçamentos familiares caíram
como uma luva para as teses defendidas aqui. O povo brasileiro como um todo, segundo
essa pesquisa, está ficando obeso e a obesidade se constitui um problema maior que a
fome em nosso país.
O povo brasileiro, ricos e pobres, homens e mulheres está comendo mais porcarias
açucaradas e menos comida de verdade. Refrigerantes (o principal transportador de açúcar
para a barriga da humanidade) teve seu consumo aumentado em quase 400%; bebidas
alcoólicas açucaradas teve um aumento de mais de 100%. Só o refrigerante de guaraná,
com a ajuda das tubaínas, saltou de 1,3 kg por pessoa por ano para 7,7kg. Iogurte (12% de
açúcar) pulou de 0,4% kg para 2,9 kg por pessoa por ano em média.
Não sei se o IBGE não pesquisou ou a imprensa omitiu. Gostaria de ver o consumo
de leite condensado (75% de açúcar), achocolatados (60% de açúcar) e biscoitos recheados
(o site da Anvisa não informa o teor de açúcar).
Quanto à comida de verdade o consumo de feijão caiu 30%, arroz 23%, batata 41%,
peixe 41% e carne de porco 11%.
Quem errou não foi apenas Lula que ficou contrariado porque a pesquisa do IBGE
desmoralizou o Fome zero. O IBGE constatou, perdão pelas letras garrafais mas são
necessárias, QUE O POVO BRASILEIRO ESTÁ COMENDO MENOS GORDURA
DO QUE DEVIA e no entanto toda a mídia patinou na retórica da indústria da doença:
maus hábitos alimentares , estilo de vida sedentário , gorduras saturadas e açúcares .
O Fome zero precisa urgentemente ser rebatizado para Açúcar zero. Mormente
agora depois que o Mercosul está usando como patamar ideal a medida de 2000 Kcal e não
mais o velho teto de 2500 kcal calculado para um cidadão ideal do primeiro mundo. A
retirada do açúcar da dieta, tenho dito, é a retirada apenas de calorias inúteis e nocivas.
2000 calorias
O Mercosul modificou aquele famoso parâmetro de 2500kcal/ dia recomendado
pela Organização Mundial de Saúde. As razões são o clima tropical, o peso e a altura de
nosso povo e também pelo fato da obesidade que está grassando. O novo patamar é de
2000 quilocalorias por dia. Ao dar esta notícia em seu programa, Ana Maria Braga em
seguida, com ajuda de uma nutricionista, mostrou como fazer pratos com baixas calorias
por conta da eliminanação de gorduras. A brincadeira continua: vai ter gente se privando
de ácidos graxos essenciais, vitaminas A, D, E, K e Ômega 3 por causa da paranóia antigordura.
Governo de açúcar
Segundo a Isto É/ Dinheiro de 11 de agosto de 2004, em licitação aberta pela Casa
Civil, foi aprovada a compra de uma lista de 149 ítens alimentícios. Nela constam 7
toneladas de açúcar, 15 mil pacotes de biscoitos, 600 quilos de bombons, 6 mil barras de
chocolate, 900 latas de leite condensado. Eu gostaria de ver a lista completa desses
alimentos . Acho que o governo Lula está sofrendo um perigosíssimo bombardeio de
açúcar.
O subversivo da cesta básica
O pau ainda estava comendo no Vietnã quando Georges Ohsawa, pai da
macrobiótica, disse a William Dufty: Se vocês querem realmente conquistar os nortevietnamitas,
devem mandar em cima deles açúcar, doces e Coca-Cola. Isso os destruirá
mais rapidamente que as bombas . O governo americano, pelo visto, aprendeu a lição à
sua maneira. Na guerra contra o Iraque o filho de Bush jogava uma chuva de bombas
sobre a cabeça dos iraquianos, e em seguida jogava cestas básicas. Entre outras coisas a
cesta básica do Tio Sam continha um pacote de 250 gramas de feijão e um quilo de açúcar.
Do alimento fonte de proteínas apenas 250 gramas; de açúcar, um simples agente químico
adoçante, um quilo! Durante as cenas de vandalismo e saques, ocorridas por conta do caos
que sucedeu os bombardeios, vi foto de jornal de um menino iraquiano levando para casa
um saco de açúcar do tamanho de um saco de cimento de cinqüenta quilos. Pensei: o
coitado pensa que está levando comida para casa. Será que essa guerra de Bush não é para
levar a civilização do açúcar para o Iraque?
Ninguém escreveu ainda um livro sobre o binômio açúcar e guerra. Provavelmente
até os historiadores estão com suas consciências obnubiladas pela cortina de açúcar. O
doutor Yotaka Fukuda cita um certo Nizami que disse: Tenho às mãos os dois
instrumentos de domínio: numa o chicote, noutra o açúcar .87 O açúcar já esteve para a
economia mundial do século XVIII assim como o petróleo está para a economia
contemporânea. O açúcar já foi chamado de ouro branco assim como o petróleo é
chamado de ouro negro .
Todos conhecemos a máxima dividir para governar . No mundo do açúcar seria
adaptada para enfraquecer e adoecer para dominar . Eu diria, parafraseando Marx, que o
regime capitalista necessita da existência de um exército de reserva de doentes.
Aqui no Brasil, a mesma coisa. O açúcar, um produto químico travestido de
alimento, é um dos figurantes da cesta básica dos pobres. Trata-se de um caso flagrante de
falsidade ideológica ou falsidade nutrológica, se assim quiserem.
Gostaria de exortar aqui o deputado Roberto Freire, que é comunista e diabético, a
liderar a bancada dos diabéticos na Câmara e no Senado para aprovar uma lei que retire o
açúcar da cesta básica e de preferência ponha no lugar algum alimento protéico, como
carne seca ou uma dúzia de ovos. Se for para deixar o açúcar na cesta básica, então é
87 Fukuda, Y. Açúcar, amigo ou vilão? São Paulo: Manole, 2004, p. 31.
melhor abrir caminho para a introdução de uma garrafa de cachaça. Cada grama de álcool
presente na cachaça gera sete calorias; deste ponto-de-vista ela é mais nutritiva do que o
açúcar.
Maçã com açúcar
Em www.ufpel.tche.br, página da Universidade Federal de Pelotas, encontra-se o
resultado de uma pesquisa a respeito da possibilidade da produção de maçãs Fuji
desidratadas em forma de palitos. Lá ficamos sabendo que uma maçã madura in natura
contém 10,35% de açúcares redutores (glicose e frutose) e uma presença apenas residual de
sacarose, de 1,21%. Um claro recado da mãe natureza de que o açúcar que ela quer que seus
filhos consumam chama-se glicose e frutose. Depois de cortada em forma de palitos,
desidratada e encharcada de açúcar do açucareiro, os teores de açúcares passam a ser os
seguintes: glicose e frutose 49,58%, sacarose adicionada 38,98%. Resultado: os palitos de
maçã Fuji terão mais de 90% de açúcares, serão uns verdadeiros palitos de açúcar. Depois
que o número de crianças obesas aumentar, os nutricionistas vêm com o seguinte papo:
Não se pode atribuir a obesidade a nenhum produto alimentar especificamente . A culpa
será dos maus hábitos alimentares das crianças.
Café na merenda
Face à inclusão de café no Programa de Alimentação Escolar, o CFN, Conselho
Federal de Nutricionistas, solicitou um parecer técnico do Prof. Carlos Alberto Bastos
sobre o assunto. A íntegra do documento está na página do Conselho na internet. Diante
do parecer dando conta da pobreza nutricional do café, o CFN pronunciou-se contra a
inclusão.
O café não é só insignificante em termos nutricionais; é uma substância mutagênica
em animais de laboratório. Mas o pior não é isso. Café na merenda escolar seria mais um
pretexto para aumentar a quantidade de açúcar já presente na merenda e que é uma
incógnita. Café forte, como é costume consumi-lo no Brasil, é um verdadeiro Cavalo de
Tróia com a barriga cheia de açúcar que mandamos alegremente para dentro de nosso
corpo. As conseqüências seriam mais cárie dentária e mais obesidade infantil.
Parabenizo o CFN pela postura contra o café, mas gostaria de desafiar essa
entidade representativa dos nutricionistas a encomendar um parecer científico sério sobre o
açúcar. Se o Conselho for coerente com o que está dito em seu próprio portal na internet -
como nutricionistas, recomendamos para a alimentação humana apenas substâncias que
contribuam na composição de elementos favoráveis à saúde -, o acúcar será reprovado.
Para mim é uma substância teratogênica em seres humanos: macrossomia em bebês e cárie
dentária, ou um ser humano desdentado não é uma monstruosidade? Só há duas
alternativas diante da presença de açúcar na merenda escolar, ou melhor, na dieta humana:
condenação ou conivência.
DOCE ENCICLOPÉDIA
E por que razão não proibir o uso generalizado do açúcar como alimento, eliminando, assim, para sempre o
perigo de adquirir diabetes?
Georges Ohsawa
Diabetes e guerra
Tanto durante a Primeira quanto durante a Segunda Guerra Mundial, no mundo
civilizado houve uma queda no número de novos casos de diabetes. O açúcar faltava na
mesa e nos supermercados para os civis, embora não faltasse nas mochilas dos soldados,
porque era tido como uma grande fonte de energia. Os índices de casos de diabetes entre
soldados aumentaram.
O médico brasileiro Francisco Arduíno, autor do livro Conheça seu diabetes, tirou
desse fato uma conclusão engraçada. Para ele houve falta de alimentos em geral e o
diabetes seria uma doença que prevalece em povos bem alimentados . Em suas palavras,
numa situação de carência alimentar como sói acontecer em guerras é natural que diminua
o índice de novos casos de diabetes . O Dr. Arduino estava convencido de que a incidência
de diabetes aumenta com a melhora das condições sociais e conseqüentemente da
alimentação .
Apesar de sua boa vontade a conclusão do Dr. Arduíno é paradoxal. Como uma
melhor alimentação pode gerar diabetes? Ele não conhecia o conceito de dieta açucarada
moderna, que daria consistência a suas conclusões. No mundo de hoje, quanto mais bem
alimentado mais açúcar está ingerindo o cidadão . Está resolvido o paradoxo: a dieta
açucarada moderna é uma dieta diabetogênica. A escassez de comida durante as guerras foi
um mal que, pelo menos neste aspecto, veio para o bem.
Índio quer açúcar
Já se foi o tempo em que índio queria apito. Nos Estados Unidos, além dos
apaches, navajos, cheyenes e sioux existe uma tribo chamada pima. Os índios pima vivem
no Arizona, e freqüentam a literatura médica por causa do diabetes - é alta a incidência da
doença entre eles. Descubro na Enciclopédia Americana, no verbete sobre os pima, que são
considerados os índios mais civilizados dos Estados Unidos. Desnecessário dizer que
quando esses índios comiam carne e bebiam leite de búfalo não havia diabetes entre eles. É
necessário dizer que o diabetes veio juntamente com o açúcar, a Coca-Cola e o
hambúrguer?
Com o nosso cacique Mário Juruna, que sendo índio não tinha nenhuma
predisposição genética para doenças, aconteceu a mesma coisa: civilizou-se , elegeu-se
deputado federal, aprendeu a comer açúcar com o homem branco, e por causa disso ficou
diabético e por causa disso morreu.
Segundo o médico militar americano T. L. Cleaver, entre a chegada da dieta
açucarada e os primeiros casos de diabetes entre aborígenes passa-se um período de vinte
anos - é o que chamo de Lei Cleaver. E acrescento que quanto mais avança o açucaramento
da dieta mais curto se torna esse prazo.
Já que o assunto é índio, em 1855 o chefe Sealth da tribo duwamish, que habitava
as terras em que hoje fica o estado de Washington, escreveu uma carta ao presidente
Franklin Pierce em resposta a uma proposta indecente de compra das terras dos índios por
parte do governo americano. Nessa carta, que todos deveriam ler, lá pelas tantas o índio
reclama que nossos guerreiros têm sentido vergonha. E após a derrota eles
transformaram seus dias em ócio e contaminaram seus corpos com comidas doces e
bebidas fortes .
Só mesmo um índio derrotado para se prestar a comer comidas doces. Silva Mello
relata-nos que, em excursão pelo Alto Orinoco, na Amazônia venezuelana, o doutor Pierre
Courel, nos anos 50 do século XX, ficou bem impressionado com a beleza, a higidez e a
resistência física dos povos autóctones daquele lugar. E especialmente com os dentes
desses índios, os quais eram tão bons que os cipós (lianas) da floresta eles cortavam-nos
com os dentes. Mas o que impressionou sobremaneira o médico foi quando os índios
cuspiram os alimentos salgados e o açúcar, que acharam de sabor repugnante, apesar de
comerem com indizível prazer piolhos e mandioca apodrecida.88 Curiosamente existem
relatos semelhantes de episódios relativos a índios brasileiros cuspindo açúcar e fazendo
cara de nojo, provenientes das equipes que acompanharam Noel Nutels pelo interior do
País.
No Brasil de hoje nossos índios bororos (diga bôrórus), de Mato Grosso, estão a
praticar uma espécie de suicídio coletivo lento, entregando-se ao vício de bebidas
alcoólicas, refrigerantes e (pasmem!) água com açúcar. O Ministério da Saúde dos Índios
deveria fazer alguma coisa.
Gandhi e o açúcar
Quem conta essa história é a ministra Marina Silva. Certa vez, na Índia, uma mulher
levou seu filho que comia muito açúcar para Gandhi orientá-la sobre como fazê-lo parar
com aquilo. Gandhi olhou para o menino, pensou um pouco, virou para a mãe e pediu a
ambos para voltarem dali a quinze dias. Passou-se o tempo, os dois voltaram e a mãe
perguntou a Gandhi o que fazer. Gandhi simplesmente olhou para o menino e disse: Pare
de comer açúcar! .
A mãe ficou decepcionada: O senhor me fez atravessar toda a Índia, viajar durante
duas semanas só para dizer isso? Por que não me disse isso na primeira vez em que estive
aqui? Gandhi respondeu: É que naquele dia eu próprio ainda comia açúcar .89
Índia desdentada
O programa Fantástico da TV Globo apresentou uma série de documentários sobre
as mulheres de todo o mundo. Ana Paula Padrão apareceu entrevistando mulheres e
homens nas ruas da Índia e o mote era o fato de que lá uma mulher pode ter quatro
maridos e um deles ser o favorito. Ana Paula queria que a indiana dissese qual o critério
88 Silva Mello, A. Op. cit., 1964, p. 225.
89 JB Ecológico de 01/07/2004, p. 15.
usado pelas mulheres para a escolha do favorito. Os indianos riam. Dava pena: todos
desdentados. A Índia é o segundo maior produtor de açúcar do mundo; o primeiro é o
Brasil.
Micropatriologia e açúcar
Micropatriologia é a disciplina que estuda os pequenos países como o Vaticano,
Liechtenstein, Malta e Mônaco.90 Menos conhecido o Reino de Nauru fica numa pequena
ilha de 21 Km quadrados na Polinésia. Em 1830 os europeus descobriram o pequeno
reino. Primeiro os alemães e depois os australianos dominaram Nauru. No início do século
XX descobriu-se na pequena ilha um filão fabuloso de fosfato de alta qualidade. Em 1968
tendo conquistado a independência, os nauruanos passaram a ficar com o dinheiro que
antes ia para o bolso do colonizador. Durante a década de setenta o povo de Nauru possuía
a maior renda per capta do mundo. Ricos os nauruanos aderiram ao American Way of Life ou
em outras palavras à dieta açucarada moderna. Resultado: o pequeno reino conheceu uma
impressionante epidemia de doenças crônicas. Dois em cada três nauruanos ficaram
diabéticos. Mas, por um desses males que vêm para bem, o filão de fosfato acabou. Se os
nauruanos voltarem a comer lentilha com carne de tatu e beber água de coco em vez de
carboidratos refinados e refrigerante certamente os índices de diabetes vão cair. É só
conferir.
Outro micropaís que nos interessa é o Reino de Tonga, arquipélago composto por
172 ilhas situado no centro-sul da Oceania. País agrícola, Tonga produz banana, baunilha e
coco do qual industrializa o óleo.
A revista Seleções de fevereiro de 1984 diz que nesse pequeno reino polinésio
gordinha é padrão de beleza. O rei de Tonga para dar o exemplo pesa 200 quilos e constou
do Guiness (o livro dos recordes) em 1976. Os habitantes de Tonga orgulham-se de sua
silhueta arredondada e chamam a esse estado de sino le le (saudável rotundidade, segundo a
Seleções). É preciso ter uma certa quantidade de gordura firme, comer bem resolve o
problema , resume alegremente uma tonganesa.
Os judeus e o açúcar
Os judeus freqüentavam a literatura diabetológica do tempo do Dr. Joslin. Quando
se comparava a incidência de diabetes entre os diversos povos, os judeus eram
apresentados como afeitos ao diabetes. Ao contrário de negros, indianos, japoneses e
chineses, raças nas quais a incidência de diabetes era menor.
É conhecida a história dos judeus iemenitas, nômades que se alimentavam
basicamente de carnes e não sabiam o que era diabetes entre eles. Ao chegarem a Israel
passaram a fazer uso da dieta açucarada moderna (Israel se orgulha de ser um Estado
moderno) e começaram a contrair diabetes e outras doenças crônicas e degenerativas.
O povo judeu tem 5.766 anos de História. Já os traficantes de açúcar entraram em
cena de forma organizada há uns 500 anos apenas. No entanto, apesar de serem uns
90 Um compêndio de micropatriologia é Em busca de Liliput de Luiz Gintner. Rio de Janeiro: Litteris,
1997.
fedelhos em termos históricos, esses traficantes vêm conseguindo adulterar a cozinha de
todos os povos do planeta, inclusive a do povo judeu.
A cozinha judaica moderna encontra-se conspurcada pelo açúcar. Alguns doces são
confeccionados usando como medida a famigerada xícara de açúcar . Pratos antes
salgados hoje são adoçados com açúcar e não mais com o mel das abelhas. E até o vinho
servido na páscoa judaica, consagrado pelo rabino e tudo, tem a sua versão suave , quer
dizer, açucarada.
O que impressiona é que os judeus são rigorosos no que diz respeito à alimentação.
As leis do kashrut, prescrições tradicionais referentes aos hábitos alimentares dos
judeus, segundo a interpretação mais plausível, visam à saúde do povo eleito e proíbem
alimentos sujos que possam trazer doenças.
Acontece que essas leis são do tempo de Moisés e o açúcar é uma novidade química
não só para os judeus como para a humanidade. E como hoje, quase toda a humanidade
consome a ração açucarada moderna. Os judeus não escaparam a essa regra.
Os rabinos modernos estão tendo que interpretar as leis do kashrut e determinar, no
universo de guloseimas que é um supermercado moderno, o que é e o que não é kasher.
Mas o açúcar, que consegue enganar até médicos e nutricionistas, enganou também
os rabinos. Eles, mais preocupados com a lactose presente nos alimentos industrializados,
esqueceram-se da sacarose.
Em página da internet sobre alimentos kasher encontra-se com todas as letras:
Todos os tipos de açúcar existentes no mercado tais como açúcar líquido, açúcar
invertido, açúcar refinado, açúcar cristal, açúcar demerara, açúcar mascavo e açúcar de
confeiteiro são kasher . Só faltou colocar um kipá em cima da tampa do açucareiro. O
empolgado rabino supervisor chama-se M A Iliovits.
Nenhum tipo de açúcar industrializado, do bruto ao refinado, pode ser considerado
kasher. Primeiramente porque sabemos que ele não é puro . O açúcar bruto contém
sujeira grossa, e o refinado lixo químico fino. E mesmo que um dia os traficantes de açúcar
consigam refinar um tipo completamente puro , ainda assim não poderia ser considerado
kasher, porque, sendo o combustível usado pelas bactérias cariogênicas, provocando o
funcionamento anormal do pâncreas e infernizando o organismo com uma infinidade de
males, o açúcar atenta conta a saúde. Logo não pode ser considerado kasher e sim, dando
continuidade ao vocabulário judaico, terefá (alimento considerado impuro pelas leis
rituais)91.
Eça... é de Queirós
Há mais! A Nação, num artigo lírico e heróico, diz que a verdadeira missão do País
não é a indústria é a conquista! A pena de pato da Nação é pois uma lança disfarçada (...)
Portanto, logo que a Nação triunfe e Ponto de Reticência I suba as escadinhas do trono,
a indústria será punida pelos códigos (...) E nos jornais saborearemos estas locais:
Prisão importante: O célebre Eduardo Compostela foi ontem capturado com todos
os seus cúmplices, num covil, onde se dava à criminosa ocupação de refinar o açúcar. O
malvado fez revelações. Tornou-se muito censurável o procedimento de alguns agentes de
polícia que destruíram as provas do crime comendo-as .
O mesmo Eça de Queirós cioso da industrialização de Portugal estava alerta para as
conseqüências patológicas do consumo desse novo produto industrial:
É raro ver uma menina alimentar-se racionalmente de peixe, carne e vinho.
Comem doce e alface, jantam as sobremesas. A gulodice do açúcar, dos bolos, das natas, é
91 Schlesinger, Hugo. Pequeno vocabulário do judaísmo. São Paulo: Edições Paulinas, 1987.
uma perpétua desnutrição. Lisboa é uma cidade doceira, como Paris é uma cidade
intelectual. Paris cria a idéia e Lisboa o pastel. Daí a grande quantidade de doenças de
estômago e de maus dentes. A deterioração pelo doce começa aos quatro anos .
Eça de Queirós escreveu isso no longínquo (em termos de consumo de açúcar,
especialmente) Século XIX em sua obra: Uma campanha alegre.
Carvão de açúcar
A partir de açúcar puro pode obter-se carvão. Calcinando-se o açúcar em recipiente
de platina e em seguida fazendo-se uso de cloro para eliminar algum resquício de
hidrogênio. O açúcar funde-se antes de decompor-se liberando gases. Dá um carvão tão
duro que risca o vidro como faz o diamante.
Diamante de açúcar
Em 1893 o químico francês Henri Moisan (1852-1907), professor na Sorbonne e
Prêmio Nobel de Química (1906), conseguiu produzir artificialmente o diamante em
cristais de 0,5 milímetro fazendo cristalizar o carbono sob pressão no ferro coado em
fusão. Para tanto dissolveu em seu forno elétrico o carvão de açúcar no ferro coado
fundido e arrefeceu bruscamente a massa de ferro fundido num banho de chumbo
derretido; formou-se assim externamente uma camada de ferro coado sólido, que mantinha
no interior o ferro coado derretido, o qual tende a aumentar de volume quando solidifica.
Nestas condições o carbono dissolvido separa-se a uma pressão considerável sob forma de
diamante transparente, grafite e substâncias carbonadas.
Plástico de açúcar
A partir de três quilos de açúcar é possível a produção de um quilo de matéria
plástica biodegradável. Tal plático é um polímero natural de glicose biossintetizado por
bactérias comedoras de açúcar. O produto é dotado de características físicas muito
próximas das dos polímeros sintéticos. A fábrica-piloto (Usina da Pedra) fica em Serrana
no Estado de São Paulo. O processo de fabricação é simples, as colônias de bactérias são
alimentadas com açúcar. No organismo delas o açúcar é transformado num polímero
chamado PHB (polihidroxibutirato). Solventes especiais destroem a parede celular da
bactéria e extraem o polímero que após tratamento e secagem é comprimido em forma de
pastilhas para comercialização. A matéria plástica feita de açúcar degrada-se num período
de seis a doze meses. Enquanto plásticos de origem de petróleo levam de 40 a 50 ou até
200 anos no caso do PET (polietileno tereftalato).
Mais doce que açúcar
O sabor doce não é monopólio do açúcar. Segundo Guyton, uma infinidade de
substâncias causam sabor doce: glicóis, álcoois, aldeídos, cetonas, amidos, ésteres,
aminoácidos, ácidos sulfônicos, ácidos halogenados, sais inorgânicos de chumbo e berílio.
Quase todos são substâncias orgânicas. Quanto à intensidade do dulçor: taumatina e
monelina, proteínas extraídas de plantas africanas, são três mil vezes mais doces que açúcar.
E a substância P-4000 ou 4-nitrobenzeno é 5000 vezes mais doce que o açúcar. Não é
usada porque é muito tóxica. Já O Livro dos Records, da Guiness, dá a medalha de ouro para
o Talin, substância obtida da semente da planta Katemfe (Thaumatococcus Daniellii) que
seria 6150 vezes mais doce que o açúcar.
Espíritos e açúcar
Minha mãe adora açúcar. Ela não é diabética, embora tenha hipertensão e
problemas no coração, nos ossos e nos dentes. Ela é espírita, tem mediunidade e
eventualmente se comunica com um médico do astral, o Dr. Bezerra de Menezes. Ela disseme
que o espírito-doutor criticou-a por ela estar comendo muita carne vermelha, ovos e
sal. E recomendou-lhe mais frutas, verduras e legumes. Perguntei-lhe se ele falou alguma
coisa sobre açúcar; ela disse-me que não. Eu, materialista empedernido, acho que a ditadura
do açúcar conseguiu fazer a cabeça até da fauna d além-túmulo.
Açúcar nas formigas
O Dr. Paulo Timóteo Fonseca , ginecologista e obstetra, é autor de um livro sobre
alimentação natural com base na medicina convencional. Em seu livro ele relata uma
experiência interessantíssima levada a cabo por ele mesmo. Depois de perder a esperança
de acabar com as formigas da cozinha de sua casa através de seguidas dedetizações, ele
orientou o pessoal da casa para manter a cozinha sempre limpa, isenta de qualquer migalha
de alimentos. E deixou de presente para as formigas um montinho de açúcar, que ficava
sempre repleto de formigas . Poucos dias depois as formigas começaram a desaparecer até
que se tornou raro encontrar sequer uma formiga na cozinha. Nem no montinho de açúcar
havia mais formigas. Não havia outra explicação. As formigas estavam morrendo
envenenadas (...) Resolvi definitivamente o problema das formigas na minha cozinha,
mantendo um montinho de açúcar no parapeito da janela .92 E conclui, como um pai
extremoso: Tomo sempre o cuidado de colocar este veneno longe do alcance das minhas
crianças .
AS MULHERES E O AÇÚCAR
92 Fonseca, P. T. Saúde e alimentação natural. Petrópolis: Vozes, 1987, p. 140.
Açúcar é um veneno; não deixo isso entrar em minha casa, quanto mais em meu corpo.
Glória Swanson
As mulheres em geral gostam muito de açúcar, mas a recíproca não é verdadeira.
O açúcar está associado a uma série de condições que infernizam suas vidas: celulite, tensão
pré-menstrual (TPM), enxaqueca, estresse, rugas. Nas mulheres grávidas o mal que o açúcar
faz é em dobro e significa pré-eclâmpsia, endometriose, diabetes gestacional e bebê
macrossômico. Mesmo que o açúcar estivesse envolvido apenas com problemas que
atingem as mulheres individualmente, já seria motivo suficiente para preocupação. A
gravidade da situação é que o açúcar está atingindo o ser humano no delicado momento da
reprodução da espécie comprometendo o futuro da humanidade.
Celulite
Celulite nada mais é que células do tecido subcutâneo com gordura armazenada.
Um quadro infeccioso da pele associado a alterações metabólicas do tecido subcutâneo e a
distúrbios endócrinos. A celulite forma-se na camada profunda da pele no tecido
gorduroso entre a derme e os músculos. Uma alteração misteriosa no metabolismo dessa
camada de gordura origina a celulite. Aposto como a GNP glicação não-enzimática de
proteínas tem culpa nesse cartório. O colágeno também está presente na derme e o
colágeno é uma das primeiras vítimas da glicação. Um crescimento desordenado de células
de gordura interrompe a circulação congestionando o tecido dando origem aos buracos e
nódulos típicos da celulite. Todo mundo sabe que gordura nada mais é que o excesso de
açúcar ingerido. Na internet são raras as informações científicas sobre celulite: 99,9% delas
repetem o discurso da indústria da doença. Como exceção da regra temos o Dr. Antonio
Herbert Lancha Junior, que recomenda: Se o objetivo é reduzir a celulite, evite longos
período de jejum. Evite também alimentos com muito açúcar .
O irônico da coisa é que existe funcionando a todo vapor uma indústria que
movimenta bilhões de dólares no mundo inteiro por conta da celulite, tratamentos
mirabolantes e caros para combatê-la, quando a solução é tão simples e barata: a primeira
providência da mulherada que quer se ver livre da celulite é largar o açúcar.
Estrias
O que causa as estrias ninguém sabe mas o que importa é que elas também ajudam
a sustentar uma indústria que enriquece espertalhões. Entre as causas possíveis estão o
desequilíbrio hormonal e a má formação do colágeno. O desequilíbrio endócrino age sobre
a atividade dos fibroblastos, células de tecido conjuntivo que formam as fibras elásticas e
colágenas. Colágeno e elastina são células de sustentação localizadas nas camadas mais
profundas da pele. Quando elas se rompem o reflexo na flor da pele são as estrias.
O açúcar é suspeito no crime das estrias por duas razões básicas: uma porque é um
notório bagunceiro dos sistemas hormonais e outra a glicação não-enzimática de proteínas
(GNP ) a que fica exposta o colágeno - proteína que ajuda a conferir elasticidade e viço a
pele.
Mulheres que não desejam ter seu corpo todo estriado têm na dieta isenta de açúcar
o melhor caminho: a prevenção, posto que a dieta açucarada moderna responde por uma
enxurrada de glicose inútil e radicais livres nocivos ao organismo. O segredo é não comer
açúcar, fazer exercícios, comer verduras... resume Patrícia Rittes dermatologista da
Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia,
respondendo à pergunta de uma internauta sobre estrias no Chat do portal Terra.
Enxaqueca
Outro fantasma na vida de muitas mulheres é a enxaqueca. As bebidas alcoólicas
encabeçam a lista de fatores que desencadeiam as crises de enxaqueca. O vinho tinto é o
campeão de reclamações, embora bebidas destiladas também contribuam. Os médicos que
lidam com o problema não atinam mas o vinho tinto envolvido com certeza é o suave , e
quando a bebida for destilada deve ser outra porcaria açucarada tipo caipirinha ou coquetel de
frutas , que as mulheres adoram.
O doutor Edgar Raffaelli Jr, fundador e presidente honorário da Sociedade Brasileira de
Cefaléia, em entrevista ao site www.cente.med.br diz: Existe, porém, um inimigo que, em
geral, as pessoas desconhecem e custam a identificar: o açúcar. Como o controle da
glicemia depende também do sistema límbico e o hipotálamo desses pacientes funciona
mal, as oscilações bruscas da taxa de açúcar no sangue são fatores importantes para
deflagrar a crise . Mais adiante o médico explica melhor o que acontece: Uma hipoglicemia
reacional evidencia o fato de o açúcar ter sido queimado em excesso por ter agido como
agressor do sistema. Portanto a conduta acertada é ingerir menos açúcar .
Sou mais radical: visto que todos os alimentos, até bunda de tanajura frita, já fornecem a
energia de que o corpo precisa, qualquer quantidade de açúcar ingerida entra como
agressora do sistema . Portanto a conduta acertada é zerar o açúcar. Uma gordinha
anônima em depoimento à comunidade Abaixo o açúcar! , criada por Daniela Guimarães
no orkut, não me deixa mentir: Só sei que nessa de não comer mais açúcar, a minha crise
de enxaqueca sumiu... te juro!!!
Endometriose
A endometriose é uma doença crônica muito comum, caracterizada pela presença
de tecido de estrutura semelhante ao endométrio (mucosa que reveste as paredes internas
do útero) em diversas áreas do aparelho genital feminino: peritonal, ovariana, septo
retrovaginal. A endometriose pode provocar dores menstruais e causa fibrose em toda a
pelve, envolvendo tanto os ovários que o óvulo normal não pode ser liberado, sendo
portanto causa de esterilidade feminina. A Folha de S. Paulo, no caderno Equilíbrio , na
internet, tem um depoimento comovente da fisioterapeuta Ana Tereza em pergunta à Dra.
Cláudia Colucci: Eu tenho endometriose e quando recebi o diagnóstico já nem queria
mais tratamento algum, pois já tinha tido um natimorto, dois abortos e uma gravidez
ectópica. Fiquei um ano sem comer açúcar e quando já nem acreditava era mãe .
Menopausa, menstruação e TPM
O nome do site é Canal Saúde. Nele encontro interessante texto de Lúcia Fávero do
qual destaco este trecho: O açúcar é muito prejudicial para quem está enfrentando os
problemas da menopausa. Ele provoca uma flutuação hormonal no pâncreas que leva à
baixa de estrógeno. Além disso açúcar provoca lentidão dos elementos químicos dos
hormônios, prejudicando o trabalho das supra-renais e também atuando para baixar o nível
de estrógeno. O açúcar não faz falta ao organismo. O açúcar é um vício (dos mais fáceis
de abolir). O segredo está em cortar definitivamente a utilização do açúcar para a
alimentação .
Fico feliz quando encontro um site como esse. Defendemos a mesma causa, açúcar
zero. Quanto à menstruação e TPM, tensão pré-menstrual, na página do jornal cearense O
Povo na internet, leio matéria de 1 de janeiro de 2003 sobre esses assuntos. Como armas
para combater a TPM entre outras providências, como dormir bem, o Dr. Carlos
Antunes, ginecologista e homeopata, pede atenção para a ingestão de açúcar. Segundo ele,
para cada três colherinhas de açúcar refinado o organismo tem que se livrar de 100
miligramas de toxinas, e a capacidade de eliminação do organismo é de apenas 60
miligramas. Essas toxinas são subproduto do tratamento químico pelo qual o açúcar passa
até ficar branco. É o lixo químico fino do açúcar.
Pré-eclâmpsia ( ex-toxemia gravídica )
Associando pré-eclâmpsia à obesidade, resistência insulínica e trigliceridemia, o Dr.
T. Clausen, do Hospital da Universidade de Ullevaal, em Oslo, Noruega, orientou uma
equipe de pesquisadores, partindo da hipótese de que a ingestão de calorias de alimentos
ricos em sacarose ou ácidos graxos poliinsaturados, independentemente considerados,
aumentaria o risco de pré-eclâmpsia.
Nas mulheres grávidas os testes confirmaram que o consumo de açúcar está
associado ao aumento do risco de contrair pré-eclâmpsia. Segundo o Dr. Clausen os ácidos
graxos poliinsaturados também contribuem. Os pesquisadores não observaram relações
entre outros nutrientes energéticos e o risco do distúrbio. E concluíram que os padrões
dietéticos cada vez mais prevalentes em diversas partes do mundo podem afetar
adversamente os muitos esforços para reduzir as complicações hipertensivas durante a
gravidez . Em outras palavras, a dieta açucarada moderna está ofendendo a humanidade
desde o ventre materno.
Picamalacia
Pica a melancia, ou melhor, picamalacia . Que palavrão, alguém sabe o que é? É
aquele estranho desejo que as mulheres grávidas têm de comer coisas estranhas.
Picamalacia tem a ver com o lado patológico da coisa. É quando as gestantes querem
comer coisas absurdas como barro, palito de fósforo, bolinhas de naftalina, cabelo etc. Para
alguns autores o instinto explicaria tal comportamento; assim, por exemplo, a necessidade
orgânica de algum mineral levaria uma grávida a comer argila. Mas a ciência médica não
concorda com isso. Existe também o lado folclórico da coisa que diz que o consumo de
certos alimentos condicionaria alterações na criança, por exemplo: se negro, determinados
alimentos ajudariam a clarear a criança - caso típico de folclore racista. Outros alimentos
ajudariam a expulsar o pimpolho na hora do parto, abreviando as dores.
O desejo de comer comida normal, frutas fora de época, por exemplo, não é
considerado picamalacia. Segundo o livro Nutrição na Gravidez e na Lactação, entre os
alimentos mais desejados pelas grávidas estão os doces, e esses desejos ou aversões não
são necessariamente prejudiciais . Já comer amido, coisa comum entre as negras
americanas, é tido como sintoma de picamalacia e tem até nome próprio: amilofagia. Se
comessem terra ou barro seria geofagia. Comer amido, ainda segundo o livro, pode
provocar obesidade . 93
Amido até onde sei é alimento, contém proteínas, vitaminas, sais minerais, fibras e
ainda libera glicose lentamente; logo, ingerir um alimento normal não poderia caracterizar
uma doença. A não ser que amilofagia se refira à mania de comer amido cru. Mesmo
assim comer gordura ou proteínas cruas daria nas picamalacias: lipidiofagia e protidiofagia
o que não acontece.
Então mulher grávida comer doce não é necessariamente prejudicial , ao passo
que comer amido é patologia e pode provocar obesidade .
A meu ver, temos aqui um claro exemplo de um texto de nutrologia escrito
segundo os interesses dos traficantes de açúcar, ou seja, não se trata de ciência e sim de
ideologia.
Proponho a colocação dessa ciência em pratos limpos. Assim sendo, o desejo de
ingerir amido deve ser considerado um desejo normal, quiçá manifestação instintiva da
gestante da necessidade de nutrientes; e o desejo de comer doces deve ser considerado uma
perigosa manifestação de picamalacia que expõe as mulheres grávidas ao risco de
obesidade, diabetes gestacional, ao risco de gerar bebês macrossômicos e ao risco de préeclâmpsia.
Sugiro como nome próprio para esta patologia Sucrofagia ou Sacarinofagia.
Diabetes gestacional
O diabetes gestacional eu considero um assunto da maior gravidade, justamente
porque atinge a humanidade no sagrado momento da reprodução da espécie. Não vejo
porém a seriedade necessária no trato desse assunto. Por exemplo, um número especial
sobre diabetes da revista Saúde já na capa, ao lado do rosto perfeito de Carolina Melhem,
traz uma chamada insidiosa: Com moderação dá até para liberar o açúcar . Liberar açúcar
para diabéticos devia ser considerado crime e o pedido de moderação uma atenuante. Na
apresentação, Lúcia Helena de Oliveira, diretora de redação, diz que o número de
diabéticos só aumenta justamente porque o mundo está cada vez mais gordo . E está
cada vez mais gordo porque a dieta está cada vez mais doce, alguém duvida?
A indigitada revista informa, sobre o diabetes gestacional, que ele atinge 2% das
grávidas. O médico Dráuzio Varela acompanhou a gravidez de cinco mulheres para o
programa Fantástico, da Rede Globo, e uma delas apresentou a síndrome - justamente a
que mantinha a geladeira abastecida de chocolate. Uma em cinco, não sou bom de
93 Worthington, Bonnie S. R. Nutrição na Gravidez e Lactação. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1988 p.
60.
matemática, mas são 20%. Será que o pessoal da digitação da revista comeu o zero? Na
cidade do Recife o número de casos de diabetes gestacional já passa de 130 mil por ano;
será que essa cifra é só 2% dos nascimentos daquela cidade? Ou a indústria da doença não
teria interesse em diminuir a real dimensão do problema?
E quanto à etiologia do diabetes gestacional? Segundo a teoria geral que informa
este livro, é o consumo aumentado de açúcar pelas mulheres grávidas. Todos sabemos que
as gestantes comem mais, comem por dois , e, et pour cause, comem mais açúcar. A revista
consultou Mauro Sancovsky, ginecologista e obstetra especializado em diabetes do Hospital
Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Segundo ele, é a partir da segunda metade da
gravidez que a mulher terá mais glicose no sangue para atender ao bebê que está crescendo.
As mães que desenvolvem o diabetes gestacional não conseguem adaptar sua produção de
insulina a essa fase . Eu pergunto: de onde vem essa glicose? Do que ela come ou da
depleção de glicogênio ou gordura? Aposto que é da dieta açucarada. A natureza não dá
ponto sem nó: se o organismo da grávida providenciasse mais glicose a partir de suas
reservas, o pâncreas seria instado a produzir mais insulina. A brecha do sistema é a boca,
por onde as mulheres mandam açúcar para dentro. E esse fermento biológico doce é que
faz o bebê crescer demais .
Minha hipótese é fácil de ser derrubada através de uma pesquisa barata: basta
isolar dois grupos de gestantes e de um deles retirar a sacarose refinada de sua dieta. Meu
prognóstico: só surgirão casos de diabetes gestacional no grupo das comedoras de açúcar.
Vale o axioma: quanto maior for a quantidade de açúcar ingerida maior será o números de
casos de diabetes gestacional. E ainda - qual jogador de xadrez seguro de seu jogo que
oferece uma peça importante ao adversário- deixo incluir no grupo das grávidas-açúcarzero
aquelas que os médicos entendem como portadoras de predisposição genética ,
filhas e netas de diabéticos.
Vejamos agora os estragos que o açúcar faz no ser humano no nascedouro, uma
tremenda covardia. A seguir uma relação das morbidades e distúrbios do recém-nascido de
mãe diabética. Tudo começa com o próprio bebê agigantado, pesando aproximadamente 4
quilos, que não deve ser saudado como um bebê super-nutrido mas lamentado como uma
manifestação teratológica causada pelo açúcar. Aqui vai a relação: trauma obstétrico, parto
difícil devido à distocia do ombro; asfixia (e suas terríveis conseqüências); fraturas ósseas;
cefalematoma; hemorragias subdural, ocular, de órgãos abdominais e da genitália externa;
hipocalcemia e magnesemia; paralisias facial, diafragmática e cerebral; lesões no plexo
braquial e dos nervos do braço, malformações cardíaca, renal, esquelética e do sistema
nervoso. Sobrou alguma coisa? E isso se o bichinho sobreviver em vez de engrossar as
estatísticas da mortalidade infantil.
Bebê balofo
Distrofia farinácea é um quadro clínico descrito pela escola pediátrica alemã do século
XX. As crianças vítimas dessa condição são gordinhas e apresentam um falso aspecto de
saúde. Trata-se de uma gordura balofa e flácida, devido ao edema que a acompanha,
sobressaindo nas extremidades sob a forma de inchamento no dorso dos pés, das mãos e
das pálpebras. São crianças frágeis, basta uma infecçãozinha de garganta para redundar em
vômitos e diarréia que podem levar à morte.94
Isso acontece com crianças que em vez de se alimentar do leite da mãe são obrigadas
a ingerir alimentos industrializados ( farinhas lácteas , mingaus de maizena ). Tenho dito:
há uma gordura saudável (marrom e vascularizada) que resulta do consumo de alimentos
normais (sem açúcar). Gordura mórbida (branca e flácida) é a que resulta do consumo da
dieta açucarada moderna.
Rugas de açúcar
Em reportagem da revista Veja, de 29.9.04, intitulada "Doutor Celebridade",
ficamos conhecendo o doutor Nicholas Perricone, dermatologista de estrelas do porte de
Sharon Stone e Nicole Kidman e inventor do creme do efeito Cinderela . Segundo a Veja,
Perricone é dono de um império que movimentou, só em 2004, 70 milhões de dólares.
Com mais de uma centena de substâncias patenteadas em todo o mundo, sua linha de
produtos de beleza está nas prateleiras de lojas como Daslu, Neiman Marcus, Saks e
Nordstrom. Um pote de creme pode chegar a custar 570dólares.
Seu livro O fim das rugas ficou 25 semanas na lista dos mais vendidos nos EUA;
outro best-seller dele é Rejuvenescimento total.
O doutor Perricone é autor de uma interessante teoria sobre o envelhecimento: ele
seria resultado de sucessivas inflamações nas células. O remédio? Além dos cremes e loções
criados por ele, uma dieta alimentar rica em frutas, verduras, legumes, alguns tipos de
proteína (como a da clara de ovo) e muito salmão. O peixe é riquíssimo em
dimetilaminoetanol, o nome da substância conhecida pela sigla DMAE, base dos cremes de
Perricone.
Na curta entrevista a Veja por telefone, perguntado sobre qual é a base de sua
teoria antienvelhecimento, respondeu o doutor Perricone: "Depois de vinte anos de
pesquisas, concluí que o envelhecimento se deve a inflamações causadas por substâncias
tóxicas. O açúcar é um dos grandes vilões nesse processo. Tanto que pessoas com diabetes,
que sofrem de
excesso de açúcar no sangue, envelhecem numa velocidade um terço maior do que as não
diabéticas. Em um dos meus livros, digo que as rugas, por exemplo, são uma doença
resultante dessa inflamação e, como tal, podem ser curadas". Que maravilha! A substância
química que vimos focalizando tem mais essa propriedade, vamos arranjar um nome para
ela? Gerontogênica? Seniligênica? Rugogênica?
O tratamento do doutor Perricone funciona pela razão básica de que ele pede que
se retire da dieta o fator patogênico, que é... todo mundo já sabe. Com isso ele estanca o
processo de glicação degenerativa das bonecas, suas clientes. Os cremes de 500 dólares são
o chantili com o qual o homem ganha o dinheiro dele. Amiga leitora, se você zerar o açúcar
tanto faz você comer salmão ou sardinha, abacate ou abóbora, o efeito Cinderela vai
acontecer. Quanto às mulheres que não abandonarem a dieta açucarada, terão que encarar
o efeito bruxa malvada.
94 Maffei, Walter. Os fundamentos da medicina. São Paulo: Procienx, 1967, p. 170.
A luta para largar o açúcar
Se livrar do açúcar não é muito fácil na medida em que nós vivemos o apogeu da
civilização do açúcar. O açúcar impregna de tal forma a dieta do homem contemporâneo
que há uma tendência das pessoas e até de médicos a achar que se trata de uma missão
impossível abolir seu consumo. De fato se pensarmos numa festa de aniversário, nas
prateleiras de um supermercado, na hora da merenda escolar, na vitrine de uma lanchonete.
Uma pessoa que queira evitar o açúcar encontra-se em maus lençóis.
O pior de tudo é que doce está irremediavelmente associado a afeto. Doce é
sinônimo de amor. As pessoas dão doces de presente: os pais aos filhos, os namorados
entre si. A literatura universal e a bíblia já consagraram essa relação. O problema é que o
doce que é sinônimo de amor é o velho doce do mel. O açúcar é um substituto químico.
A ditadura do açúcar já tomou conta do espírito das pessoas: os próprios cidadãos,
o seu vizinho, seu colega de trabalho, sua namorada se encarregam de defender e justificar
a ditadura.
Conheço gente que defende com unhas e dentes o uso de açúcar, com os seguintes
argumentos: todo mundo sabe que açúcar faz mal , ninguém é obrigado a comer
açúcar , açúcar é para ser consumido com equilíbrio , basta consumi-lo e praticar
exercício , não se pode criar uma paranóia anti-açúcar , a quantidade de açúcar que
existe no pão e nos biscoitos é pequena . E fazem isso por amor, sem ganhar um centavo
dos fabricantes de açúcar.
Quando Lúcia Fávero disse, no tópico sobre menopausa, que é um vício fácil de
abolir. Ela certamente pensou apenas no açúcar do açucareiro e não no infiltrado em quase
tudo o que entra pela boca.
Todos nós somos assediados pelo açúcar a toda hora, nas ruas, dentro do ônibus,
trem ou metrô, no sinal de trânsito, por camelôs e vendedores ambulantes. A propaganda
de porcarias açucaradas é massiva e intensiva. Em muitas situações na vida moderna você
está com fome e só tem diante de si duas alternativas: açúcar ou açúcar. Por causa disso
falo com naturalidade em ditadura.
Vejam o que aconteceu com Wiliam Duffty quando resolveu largar o açúcar:
Comecei a manhã seguinte com uma firme decisão: joguei fora todo o açúcar que tinha
em casa. Depois joguei fora tudo o que continha açúcar: cereais e frutas enlatadas, sopas e
pães. Como nunca havia lido os rótulos com atenção fiquei chocado quando vi as
prateleiras vazias; o mesmo com a geladeira .95
Duffty descreve uma cena cômica em que ele, igualmente imbuído do firme
propósito de não comer açúcar, entrou num restaurante e pediu sopa de frutos do mar.
Terminada a refeição, ao se dirigir ao caixa para pagar a conta viu nas prateleiras que a sopa
era enlatada e continha açúcar. Shit!
Para se livrar do açúcar você tem que virar uma espécie de detetive e leitor
contumaz das informações dos rótulos especialmente a lista dos ingredientes. Lembre-se
que eles são relacionados por ordem decrescente de quantidade. Já viu qual é o primeiro
95 Dufty, William. Op. cit. p.12.
ingrediente da lista da lata do achocolatado? O problema é que o açúcar não é somente o
agente adoçante do açucareiro. Alimentos industrializados em geral contém açúcar,
inclusive os salgados: biscoitos, massas, sucrilhos, milhos e ervilhas enlatados, pizzas e
lasanhas congelados, lingüiças, presuntos, blanquet de peru. Enfim, quase todos os
alimentos processados inclusive os menos suspeitos como molho de pimenta, maionese ou
extrato de tomate. E ainda tem o problema constituído pelo fato do governo não obrigar
os fabricantes de alimentos a mencionar a quantidade de açúcar adicionada ao poduto. Em
alguns deles como leite condensado, catchupe, ou achocolatado a quantidade de açúcar
deve ser imoral. É comum, ainda, não se mencionar que contém açúcar ou sacarose
fazendo-se referência apenas a carbodratos . Você é obrigado a virar um detetive
paranóico.
Outro dia fiquei chocado ao verificar que frango a passarinho congelado e
temperado continha açúcar. O pão que sempre comi, integral, de fôrma, continha açúcar.
Hoje tenho que procurar a versão integral, light que mencione explicitamente sem
açúcar , ou melhor ainda sem adição de açúcar . Às vezes acrescido de sem gordura
(em casa eu corrijo esta deficiência passando manteiga no pão). A menção à gordura é um
expediente da ditadura para desviar a atenção botando a culpa nos outros. Recentemente o
sal também passou a aparecer como criminoso junto com o açúcar.
Missão impossível? Para mim a missão é só aparentemente impossível: o que
sustenta a dominação do açúcar é a desinformação, a mentira e a meia verdade.
Uma boa campanha informativa ensejará o nascimento de uma consciência contra
o açúcar. Todo mundo pensa em açúcar como sendo um alimento doce e natural.
Quando as pessoas souberem o que é de fato o açúcar - um aditivo químico patogênico
cujo menor mal que faz é provocar cárie - acredito que naturalmente todos começarão a
abandoná-lo.
Outro passo importante será a reabilitação da doçaria baseada em frutas
desidratadas, mel e adoçantes. Antes do fatídico advento do açúcar na história todos os
doces eram feitos com mel. Além do estímulo ao consumo das frutas frescas que são o que
de melhor existe em termos de doçura.
A culinária é um dos principais mecanismos de reprodução da civilização do açúcar.
Existem é claro, algumas culinárias alternativas: a naturalista, a de algumas religiões, a
macrobiótica que, umas mais outras menos, têm noção do mal que o açúcar faz. A culinária
à base de mel precisa ser reabilitada, e um primeiro passo nesse sentido seria os
profissionais de saúde informar às mães que doce não é sinônimo de açúcar e que com o
mel é possível fazer toda uma doçaria que substitua a tralha açucarada imposta a toda a
sociedade.
O uso de adoçantes vem crescendo mais por conta da luta contra a obesidade. Mas
os adoçantes terão um papel impotante na derrocada da civilização do açúcar e do fim da
era das doenças crônicas.
Fica faltando apenas o Governo fazer a sua parte com as seguintes medidas:
baratear os alimentos saudáveis , isto é, sem açúcar; encarecer com impostos as porcarias
açucaradas; proibir a propaganda; na parca propaganda permitida obrigar a exibição de
advertências do Ministério da Saúde; incluir nos livros de Programas de Saúde um capítulo
falando a verdade sobre o açúcar (ofereço-me para escrever esse capítulo). Até o dia da Lei
Áurea Nutricional - a probição definitiva de adição de açúcar nos alimentos. Se quiserem
fabricar açúcar para misturar com cimento, nenhum problema. Para quem não sabe o
açúcar retarda a secagem do cimento permitindo ao pessoal da construção civil uma
margem maior de manobras.
Para mim, largar o açúcar foi uma alegria. Como com prazer redobrado meu pão
sem açúcar e bebo com prazer triplicado minha cerveja e meu vinho sem açúcar. Abolir o
açúcar ainda tem a vantagem de que vão para a lata do lixo, juntamente com o açucareiro, a
cárie, a obesidade, o diabetes e outras doenças crônicas e degenerativas.
Supermercado, o templo da perdição
Na perpetuação da ditadura do açúcar, rumo ao império de mil anos, sonho nazista
que terei o prazer de ajudar a destruir, o supermercado é um dos principais instrumentos.
É no supermercado que o povo abastece a geladeira e a dispensa e é das prateleiras dos
supermercados que o açúcar é empurrado para o carrinho de compras num gesto mecânico
animado pela propaganda com a qual a dona de casa foi bombardeada no horário nobre da
TV. É difícil você ver um carrinho de compras no qual não esteja presente a fatídica
latinha de leite condensado. A propaganda dessa coisa é tão abusiva que até parece um
produto de primeira necessidade nutritiva. O açúcar não entra no carrinho apenas na
forma que lhe é própria, de pó ou cristais mais ou menos brancos. O grande perigo a que
todo o povo está exposto é o açúcar que vai de contrabando nas mais variadas formas e
disfarces, presente numa infinidade de produtos que ninguém imagina que contenham
açúcar .
De modo, meus amigos, que quando vocês entrarem num supermercado fiquem
em estado de alerta e prestem atenção no que estão colocando dentro do carrinho. Para
quem quer escapar das malhas da ditadura do açúcar, dentro do supermercado existem
poucas áreas seguras: apenas o açougue, a peixaria e o setor de horti-fruti; em todos os
outros setores o açúcar fincou seu tacão. Sugiro a adoção do seguinte método: procure
dividir os produtos dos supermercados em dois campos - coisas de se comer e coisas que
não se comem. Quando se tratar de coisas de se comer a atenção tem que ser redobrada,
porque disso depende sua saúde - e a de seus filhos, se os tiver. O verdadeiro campo
minado do supermercado é justamente o setor de supérfluos: biscoitos, massas, sorvetes,
doces, refrigerantes, bebidas alcoólicas, alimentos congelados, processados ou embutidos,
enlatados e envasados. A quase totalidade desses produtos está impregnada de açúcar,
como agente químico adoçante ou conservante; e em ambos os casos o açúcar adiciona
calorias inúteis e nocivas. Os produtos supérfluos justamente por serem industrializados
custam mais, o que significa que se abastecendo deles você se envenena e ainda paga caro
por isso.
Dieta açucarada em flagrante
01. Leite Longa Vida 06. Cerveja
02. Açúcar 07. Papel higiênico
03. Café 08. Sabão em pó
04. Leite Condensado 09. sabonetes
05. Refrigerante 10. Limpadores Multiuso
Base: Outubro, 2003.
Acima temos os dez produtos de consumo popular mais vendidos, segundo o Sé
On line www.se.com.br . Essa tabela é um retrato hiper-realista do apogeu da civilação do
açúcar. Das seis coisas de se comer ou beber (os outros têm a ver com higiene e limpeza)
uma é o próprio açúcar (um absurdo segundo lugar para um troço que é apenas um aditivo
adoçante) os outros são usados como transportadores do veneno para a barriga do povo.
DOCE ENCICLOPÉDIA
E por que razão não proibir o uso generalizado do açúcar como alimento, eliminando, assim, para sempre o
perigo de adquirir diabetes?
Georges Ohsawa
Diabetes e guerra
Tanto durante a Primeira quanto durante a Segunda Guerra Mundial, no mundo
civilizado houve uma queda no número de novos casos de diabetes. O açúcar faltava na
mesa e nos supermercados para os civis, embora não faltasse nas mochilas dos soldados,
porque era tido como uma grande fonte de energia. Os índices de casos de diabetes entre
soldados aumentaram.
O médico brasileiro Francisco Arduíno, autor do livro Conheça seu diabetes, tirou
desse fato uma conclusão engraçada. Para ele houve falta de alimentos em geral e o
diabetes seria uma doença que prevalece em povos bem alimentados . Em suas palavras,
numa situação de carência alimentar como sói acontecer em guerras é natural que diminua
o índice de novos casos de diabetes . O Dr. Arduino estava convencido de que a incidência
de diabetes aumenta com a melhora das condições sociais e conseqüentemente da
alimentação .
Apesar de sua boa vontade a conclusão do Dr. Arduíno é paradoxal. Como uma
melhor alimentação pode gerar diabetes? Ele não conhecia o conceito de dieta açucarada
moderna, que daria consistência a suas conclusões. No mundo de hoje, quanto mais bem
alimentado mais açúcar está ingerindo o cidadão . Está resolvido o paradoxo: a dieta
açucarada moderna é uma dieta diabetogênica. A escassez de comida durante as guerras foi
um mal que, pelo menos neste aspecto, veio para o bem.
Índio quer açúcar
Já se foi o tempo em que índio queria apito. Nos Estados Unidos, além dos
apaches, navajos, cheyenes e sioux existe uma tribo chamada pima. Os índios pima vivem
no Arizona, e freqüentam a literatura médica por causa do diabetes - é alta a incidência da
doença entre eles. Descubro na Enciclopédia Americana, no verbete sobre os pima, que são
considerados os índios mais civilizados dos Estados Unidos. Desnecessário dizer que
quando esses índios comiam carne e bebiam leite de búfalo não havia diabetes entre eles. É
necessário dizer que o diabetes veio juntamente com o açúcar, a Coca-Cola e o
hambúrguer?
Com o nosso cacique Mário Juruna, que sendo índio não tinha nenhuma
predisposição genética para doenças, aconteceu a mesma coisa: civilizou-se , elegeu-se
deputado federal, aprendeu a comer açúcar com o homem branco, e por causa disso ficou
diabético e por causa disso morreu.
Segundo o médico militar americano T. L. Cleaver, entre a chegada da dieta
açucarada e os primeiros casos de diabetes entre aborígenes passa-se um período de vinte
anos - é o que chamo de Lei Cleaver. E acrescento que quanto mais avança o açucaramento
da dieta mais curto se torna esse prazo.
Já que o assunto é índio, em 1855 o chefe Sealth da tribo duwamish, que habitava
as terras em que hoje fica o estado de Washington, escreveu uma carta ao presidente
Franklin Pierce em resposta a uma proposta indecente de compra das terras dos índios por
parte do governo americano. Nessa carta, que todos deveriam ler, lá pelas tantas o índio
reclama que nossos guerreiros têm sentido vergonha. E após a derrota eles
transformaram seus dias em ócio e contaminaram seus corpos com comidas doces e
bebidas fortes .
Só mesmo um índio derrotado para se prestar a comer comidas doces. Silva Mello
relata-nos que, em excursão pelo Alto Orinoco, na Amazônia venezuelana, o doutor Pierre
Courel, nos anos 50 do século XX, ficou bem impressionado com a beleza, a higidez e a
resistência física dos povos autóctones daquele lugar. E especialmente com os dentes
desses índios, os quais eram tão bons que os cipós (lianas) da floresta eles cortavam-nos
com os dentes. Mas o que impressionou sobremaneira o médico foi quando os índios
cuspiram os alimentos salgados e o açúcar, que acharam de sabor repugnante, apesar de
comerem com indizível prazer piolhos e mandioca apodrecida.88 Curiosamente existem
relatos semelhantes de episódios relativos a índios brasileiros cuspindo açúcar e fazendo
cara de nojo, provenientes das equipes que acompanharam Noel Nutels pelo interior do
País.
No Brasil de hoje nossos índios bororos (diga bôrórus), de Mato Grosso, estão a
praticar uma espécie de suicídio coletivo lento, entregando-se ao vício de bebidas
alcoólicas, refrigerantes e (pasmem!) água com açúcar. O Ministério da Saúde dos Índios
deveria fazer alguma coisa.
Gandhi e o açúcar
Quem conta essa história é a ministra Marina Silva. Certa vez, na Índia, uma mulher
levou seu filho que comia muito açúcar para Gandhi orientá-la sobre como fazê-lo parar
com aquilo. Gandhi olhou para o menino, pensou um pouco, virou para a mãe e pediu a
ambos para voltarem dali a quinze dias. Passou-se o tempo, os dois voltaram e a mãe
perguntou a Gandhi o que fazer. Gandhi simplesmente olhou para o menino e disse: Pare
de comer açúcar! .
A mãe ficou decepcionada: O senhor me fez atravessar toda a Índia, viajar durante
duas semanas só para dizer isso? Por que não me disse isso na primeira vez em que estive
aqui? Gandhi respondeu: É que naquele dia eu próprio ainda comia açúcar .89
Índia desdentada
O programa Fantástico da TV Globo apresentou uma série de documentários sobre
as mulheres de todo o mundo. Ana Paula Padrão apareceu entrevistando mulheres e
homens nas ruas da Índia e o mote era o fato de que lá uma mulher pode ter quatro
maridos e um deles ser o favorito. Ana Paula queria que a indiana dissese qual o critério
88 Silva Mello, A. Op. cit., 1964, p. 225.
89 JB Ecológico de 01/07/2004, p. 15.
usado pelas mulheres para a escolha do favorito. Os indianos riam. Dava pena: todos
desdentados. A Índia é o segundo maior produtor de açúcar do mundo; o primeiro é o
Brasil.
Micropatriologia e açúcar
Micropatriologia é a disciplina que estuda os pequenos países como o Vaticano,
Liechtenstein, Malta e Mônaco.90 Menos conhecido o Reino de Nauru fica numa pequena
ilha de 21 Km quadrados na Polinésia. Em 1830 os europeus descobriram o pequeno
reino. Primeiro os alemães e depois os australianos dominaram Nauru. No início do século
XX descobriu-se na pequena ilha um filão fabuloso de fosfato de alta qualidade. Em 1968
tendo conquistado a independência, os nauruanos passaram a ficar com o dinheiro que
antes ia para o bolso do colonizador. Durante a década de setenta o povo de Nauru possuía
a maior renda per capta do mundo. Ricos os nauruanos aderiram ao American Way of Life ou
em outras palavras à dieta açucarada moderna. Resultado: o pequeno reino conheceu uma
impressionante epidemia de doenças crônicas. Dois em cada três nauruanos ficaram
diabéticos. Mas, por um desses males que vêm para bem, o filão de fosfato acabou. Se os
nauruanos voltarem a comer lentilha com carne de tatu e beber água de coco em vez de
carboidratos refinados e refrigerante certamente os índices de diabetes vão cair. É só
conferir.
Outro micropaís que nos interessa é o Reino de Tonga, arquipélago composto por
172 ilhas situado no centro-sul da Oceania. País agrícola, Tonga produz banana, baunilha e
coco do qual industrializa o óleo.
A revista Seleções de fevereiro de 1984 diz que nesse pequeno reino polinésio
gordinha é padrão de beleza. O rei de Tonga para dar o exemplo pesa 200 quilos e constou
do Guiness (o livro dos recordes) em 1976. Os habitantes de Tonga orgulham-se de sua
silhueta arredondada e chamam a esse estado de sino le le (saudável rotundidade, segundo a
Seleções). É preciso ter uma certa quantidade de gordura firme, comer bem resolve o
problema , resume alegremente uma tonganesa.
Os judeus e o açúcar
Os judeus freqüentavam a literatura diabetológica do tempo do Dr. Joslin. Quando
se comparava a incidência de diabetes entre os diversos povos, os judeus eram
apresentados como afeitos ao diabetes. Ao contrário de negros, indianos, japoneses e
chineses, raças nas quais a incidência de diabetes era menor.
É conhecida a história dos judeus iemenitas, nômades que se alimentavam
basicamente de carnes e não sabiam o que era diabetes entre eles. Ao chegarem a Israel
passaram a fazer uso da dieta açucarada moderna (Israel se orgulha de ser um Estado
moderno) e começaram a contrair diabetes e outras doenças crônicas e degenerativas.
O povo judeu tem 5.766 anos de História. Já os traficantes de açúcar entraram em
cena de forma organizada há uns 500 anos apenas. No entanto, apesar de serem uns
90 Um compêndio de micropatriologia é Em busca de Liliput de Luiz Gintner. Rio de Janeiro: Litteris,
1997.
fedelhos em termos históricos, esses traficantes vêm conseguindo adulterar a cozinha de
todos os povos do planeta, inclusive a do povo judeu.
A cozinha judaica moderna encontra-se conspurcada pelo açúcar. Alguns doces são
confeccionados usando como medida a famigerada xícara de açúcar . Pratos antes
salgados hoje são adoçados com açúcar e não mais com o mel das abelhas. E até o vinho
servido na páscoa judaica, consagrado pelo rabino e tudo, tem a sua versão suave , quer
dizer, açucarada.
O que impressiona é que os judeus são rigorosos no que diz respeito à alimentação.
As leis do kashrut, prescrições tradicionais referentes aos hábitos alimentares dos
judeus, segundo a interpretação mais plausível, visam à saúde do povo eleito e proíbem
alimentos sujos que possam trazer doenças.
Acontece que essas leis são do tempo de Moisés e o açúcar é uma novidade química
não só para os judeus como para a humanidade. E como hoje, quase toda a humanidade
consome a ração açucarada moderna. Os judeus não escaparam a essa regra.
Os rabinos modernos estão tendo que interpretar as leis do kashrut e determinar, no
universo de guloseimas que é um supermercado moderno, o que é e o que não é kasher.
Mas o açúcar, que consegue enganar até médicos e nutricionistas, enganou também
os rabinos. Eles, mais preocupados com a lactose presente nos alimentos industrializados,
esqueceram-se da sacarose.
Em página da internet sobre alimentos kasher encontra-se com todas as letras:
Todos os tipos de açúcar existentes no mercado tais como açúcar líquido, açúcar
invertido, açúcar refinado, açúcar cristal, açúcar demerara, açúcar mascavo e açúcar de
confeiteiro são kasher . Só faltou colocar um kipá em cima da tampa do açucareiro. O
empolgado rabino supervisor chama-se M A Iliovits.
Nenhum tipo de açúcar industrializado, do bruto ao refinado, pode ser considerado
kasher. Primeiramente porque sabemos que ele não é puro . O açúcar bruto contém
sujeira grossa, e o refinado lixo químico fino. E mesmo que um dia os traficantes de açúcar
consigam refinar um tipo completamente puro , ainda assim não poderia ser considerado
kasher, porque, sendo o combustível usado pelas bactérias cariogênicas, provocando o
funcionamento anormal do pâncreas e infernizando o organismo com uma infinidade de
males, o açúcar atenta conta a saúde. Logo não pode ser considerado kasher e sim, dando
continuidade ao vocabulário judaico, terefá (alimento considerado impuro pelas leis
rituais)91.
Eça... é de Queirós
Há mais! A Nação, num artigo lírico e heróico, diz que a verdadeira missão do País
não é a indústria é a conquista! A pena de pato da Nação é pois uma lança disfarçada (...)
Portanto, logo que a Nação triunfe e Ponto de Reticência I suba as escadinhas do trono,
a indústria será punida pelos códigos (...) E nos jornais saborearemos estas locais:
Prisão importante: O célebre Eduardo Compostela foi ontem capturado com todos
os seus cúmplices, num covil, onde se dava à criminosa ocupação de refinar o açúcar. O
malvado fez revelações. Tornou-se muito censurável o procedimento de alguns agentes de
polícia que destruíram as provas do crime comendo-as .
O mesmo Eça de Queirós cioso da industrialização de Portugal estava alerta para as
conseqüências patológicas do consumo desse novo produto industrial:
É raro ver uma menina alimentar-se racionalmente de peixe, carne e vinho.
Comem doce e alface, jantam as sobremesas. A gulodice do açúcar, dos bolos, das natas, é
91 Schlesinger, Hugo. Pequeno vocabulário do judaísmo. São Paulo: Edições Paulinas, 1987.
uma perpétua desnutrição. Lisboa é uma cidade doceira, como Paris é uma cidade
intelectual. Paris cria a idéia e Lisboa o pastel. Daí a grande quantidade de doenças de
estômago e de maus dentes. A deterioração pelo doce começa aos quatro anos .
Eça de Queirós escreveu isso no longínquo (em termos de consumo de açúcar,
especialmente) Século XIX em sua obra: Uma campanha alegre.
Carvão de açúcar
A partir de açúcar puro pode obter-se carvão. Calcinando-se o açúcar em recipiente
de platina e em seguida fazendo-se uso de cloro para eliminar algum resquício de
hidrogênio. O açúcar funde-se antes de decompor-se liberando gases. Dá um carvão tão
duro que risca o vidro como faz o diamante.
Diamante de açúcar
Em 1893 o químico francês Henri Moisan (1852-1907), professor na Sorbonne e
Prêmio Nobel de Química (1906), conseguiu produzir artificialmente o diamante em
cristais de 0,5 milímetro fazendo cristalizar o carbono sob pressão no ferro coado em
fusão. Para tanto dissolveu em seu forno elétrico o carvão de açúcar no ferro coado
fundido e arrefeceu bruscamente a massa de ferro fundido num banho de chumbo
derretido; formou-se assim externamente uma camada de ferro coado sólido, que mantinha
no interior o ferro coado derretido, o qual tende a aumentar de volume quando solidifica.
Nestas condições o carbono dissolvido separa-se a uma pressão considerável sob forma de
diamante transparente, grafite e substâncias carbonadas.
Plástico de açúcar
A partir de três quilos de açúcar é possível a produção de um quilo de matéria
plástica biodegradável. Tal plático é um polímero natural de glicose biossintetizado por
bactérias comedoras de açúcar. O produto é dotado de características físicas muito
próximas das dos polímeros sintéticos. A fábrica-piloto (Usina da Pedra) fica em Serrana
no Estado de São Paulo. O processo de fabricação é simples, as colônias de bactérias são
alimentadas com açúcar. No organismo delas o açúcar é transformado num polímero
chamado PHB (polihidroxibutirato). Solventes especiais destroem a parede celular da
bactéria e extraem o polímero que após tratamento e secagem é comprimido em forma de
pastilhas para comercialização. A matéria plástica feita de açúcar degrada-se num período
de seis a doze meses. Enquanto plásticos de origem de petróleo levam de 40 a 50 ou até
200 anos no caso do PET (polietileno tereftalato).
Mais doce que açúcar
O sabor doce não é monopólio do açúcar. Segundo Guyton, uma infinidade de
substâncias causam sabor doce: glicóis, álcoois, aldeídos, cetonas, amidos, ésteres,
aminoácidos, ácidos sulfônicos, ácidos halogenados, sais inorgânicos de chumbo e berílio.
Quase todos são substâncias orgânicas. Quanto à intensidade do dulçor: taumatina e
monelina, proteínas extraídas de plantas africanas, são três mil vezes mais doces que açúcar.
E a substância P-4000 ou 4-nitrobenzeno é 5000 vezes mais doce que o açúcar. Não é
usada porque é muito tóxica. Já O Livro dos Records, da Guiness, dá a medalha de ouro para
o Talin, substância obtida da semente da planta Katemfe (Thaumatococcus Daniellii) que
seria 6150 vezes mais doce que o açúcar.
Espíritos e açúcar
Minha mãe adora açúcar. Ela não é diabética, embora tenha hipertensão e
problemas no coração, nos ossos e nos dentes. Ela é espírita, tem mediunidade e
eventualmente se comunica com um médico do astral, o Dr. Bezerra de Menezes. Ela disseme
que o espírito-doutor criticou-a por ela estar comendo muita carne vermelha, ovos e
sal. E recomendou-lhe mais frutas, verduras e legumes. Perguntei-lhe se ele falou alguma
coisa sobre açúcar; ela disse-me que não. Eu, materialista empedernido, acho que a ditadura
do açúcar conseguiu fazer a cabeça até da fauna d além-túmulo.
Açúcar nas formigas
O Dr. Paulo Timóteo Fonseca , ginecologista e obstetra, é autor de um livro sobre
alimentação natural com base na medicina convencional. Em seu livro ele relata uma
experiência interessantíssima levada a cabo por ele mesmo. Depois de perder a esperança
de acabar com as formigas da cozinha de sua casa através de seguidas dedetizações, ele
orientou o pessoal da casa para manter a cozinha sempre limpa, isenta de qualquer migalha
de alimentos. E deixou de presente para as formigas um montinho de açúcar, que ficava
sempre repleto de formigas . Poucos dias depois as formigas começaram a desaparecer até
que se tornou raro encontrar sequer uma formiga na cozinha. Nem no montinho de açúcar
havia mais formigas. Não havia outra explicação. As formigas estavam morrendo
envenenadas (...) Resolvi definitivamente o problema das formigas na minha cozinha,
mantendo um montinho de açúcar no parapeito da janela .92 E conclui, como um pai
extremoso: Tomo sempre o cuidado de colocar este veneno longe do alcance das minhas
crianças .
AS MULHERES E O AÇÚCAR
92 Fonseca, P. T. Saúde e alimentação natural. Petrópolis: Vozes, 1987, p. 140.
Açúcar é um veneno; não deixo isso entrar em minha casa, quanto mais em meu corpo.
Glória Swanson
As mulheres em geral gostam muito de açúcar, mas a recíproca não é verdadeira.
O açúcar está associado a uma série de condições que infernizam suas vidas: celulite, tensão
pré-menstrual (TPM), enxaqueca, estresse, rugas. Nas mulheres grávidas o mal que o açúcar
faz é em dobro e significa pré-eclâmpsia, endometriose, diabetes gestacional e bebê
macrossômico. Mesmo que o açúcar estivesse envolvido apenas com problemas que
atingem as mulheres individualmente, já seria motivo suficiente para preocupação. A
gravidade da situação é que o açúcar está atingindo o ser humano no delicado momento da
reprodução da espécie comprometendo o futuro da humanidade.
Celulite
Celulite nada mais é que células do tecido subcutâneo com gordura armazenada.
Um quadro infeccioso da pele associado a alterações metabólicas do tecido subcutâneo e a
distúrbios endócrinos. A celulite forma-se na camada profunda da pele no tecido
gorduroso entre a derme e os músculos. Uma alteração misteriosa no metabolismo dessa
camada de gordura origina a celulite. Aposto como a GNP glicação não-enzimática de
proteínas tem culpa nesse cartório. O colágeno também está presente na derme e o
colágeno é uma das primeiras vítimas da glicação. Um crescimento desordenado de células
de gordura interrompe a circulação congestionando o tecido dando origem aos buracos e
nódulos típicos da celulite. Todo mundo sabe que gordura nada mais é que o excesso de
açúcar ingerido. Na internet são raras as informações científicas sobre celulite: 99,9% delas
repetem o discurso da indústria da doença. Como exceção da regra temos o Dr. Antonio
Herbert Lancha Junior, que recomenda: Se o objetivo é reduzir a celulite, evite longos
período de jejum. Evite também alimentos com muito açúcar .
O irônico da coisa é que existe funcionando a todo vapor uma indústria que
movimenta bilhões de dólares no mundo inteiro por conta da celulite, tratamentos
mirabolantes e caros para combatê-la, quando a solução é tão simples e barata: a primeira
providência da mulherada que quer se ver livre da celulite é largar o açúcar.
Estrias
O que causa as estrias ninguém sabe mas o que importa é que elas também ajudam
a sustentar uma indústria que enriquece espertalhões. Entre as causas possíveis estão o
desequilíbrio hormonal e a má formação do colágeno. O desequilíbrio endócrino age sobre
a atividade dos fibroblastos, células de tecido conjuntivo que formam as fibras elásticas e
colágenas. Colágeno e elastina são células de sustentação localizadas nas camadas mais
profundas da pele. Quando elas se rompem o reflexo na flor da pele são as estrias.
O açúcar é suspeito no crime das estrias por duas razões básicas: uma porque é um
notório bagunceiro dos sistemas hormonais e outra a glicação não-enzimática de proteínas
(GNP ) a que fica exposta o colágeno - proteína que ajuda a conferir elasticidade e viço a
pele.
Mulheres que não desejam ter seu corpo todo estriado têm na dieta isenta de açúcar
o melhor caminho: a prevenção, posto que a dieta açucarada moderna responde por uma
enxurrada de glicose inútil e radicais livres nocivos ao organismo. O segredo é não comer
açúcar, fazer exercícios, comer verduras... resume Patrícia Rittes dermatologista da
Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia,
respondendo à pergunta de uma internauta sobre estrias no Chat do portal Terra.
Enxaqueca
Outro fantasma na vida de muitas mulheres é a enxaqueca. As bebidas alcoólicas
encabeçam a lista de fatores que desencadeiam as crises de enxaqueca. O vinho tinto é o
campeão de reclamações, embora bebidas destiladas também contribuam. Os médicos que
lidam com o problema não atinam mas o vinho tinto envolvido com certeza é o suave , e
quando a bebida for destilada deve ser outra porcaria açucarada tipo caipirinha ou coquetel de
frutas , que as mulheres adoram.
O doutor Edgar Raffaelli Jr, fundador e presidente honorário da Sociedade Brasileira de
Cefaléia, em entrevista ao site www.cente.med.br diz: Existe, porém, um inimigo que, em
geral, as pessoas desconhecem e custam a identificar: o açúcar. Como o controle da
glicemia depende também do sistema límbico e o hipotálamo desses pacientes funciona
mal, as oscilações bruscas da taxa de açúcar no sangue são fatores importantes para
deflagrar a crise . Mais adiante o médico explica melhor o que acontece: Uma hipoglicemia
reacional evidencia o fato de o açúcar ter sido queimado em excesso por ter agido como
agressor do sistema. Portanto a conduta acertada é ingerir menos açúcar .
Sou mais radical: visto que todos os alimentos, até bunda de tanajura frita, já fornecem a
energia de que o corpo precisa, qualquer quantidade de açúcar ingerida entra como
agressora do sistema . Portanto a conduta acertada é zerar o açúcar. Uma gordinha
anônima em depoimento à comunidade Abaixo o açúcar! , criada por Daniela Guimarães
no orkut, não me deixa mentir: Só sei que nessa de não comer mais açúcar, a minha crise
de enxaqueca sumiu... te juro!!!
Endometriose
A endometriose é uma doença crônica muito comum, caracterizada pela presença
de tecido de estrutura semelhante ao endométrio (mucosa que reveste as paredes internas
do útero) em diversas áreas do aparelho genital feminino: peritonal, ovariana, septo
retrovaginal. A endometriose pode provocar dores menstruais e causa fibrose em toda a
pelve, envolvendo tanto os ovários que o óvulo normal não pode ser liberado, sendo
portanto causa de esterilidade feminina. A Folha de S. Paulo, no caderno Equilíbrio , na
internet, tem um depoimento comovente da fisioterapeuta Ana Tereza em pergunta à Dra.
Cláudia Colucci: Eu tenho endometriose e quando recebi o diagnóstico já nem queria
mais tratamento algum, pois já tinha tido um natimorto, dois abortos e uma gravidez
ectópica. Fiquei um ano sem comer açúcar e quando já nem acreditava era mãe .
Menopausa, menstruação e TPM
O nome do site é Canal Saúde. Nele encontro interessante texto de Lúcia Fávero do
qual destaco este trecho: O açúcar é muito prejudicial para quem está enfrentando os
problemas da menopausa. Ele provoca uma flutuação hormonal no pâncreas que leva à
baixa de estrógeno. Além disso açúcar provoca lentidão dos elementos químicos dos
hormônios, prejudicando o trabalho das supra-renais e também atuando para baixar o nível
de estrógeno. O açúcar não faz falta ao organismo. O açúcar é um vício (dos mais fáceis
de abolir). O segredo está em cortar definitivamente a utilização do açúcar para a
alimentação .
Fico feliz quando encontro um site como esse. Defendemos a mesma causa, açúcar
zero. Quanto à menstruação e TPM, tensão pré-menstrual, na página do jornal cearense O
Povo na internet, leio matéria de 1 de janeiro de 2003 sobre esses assuntos. Como armas
para combater a TPM entre outras providências, como dormir bem, o Dr. Carlos
Antunes, ginecologista e homeopata, pede atenção para a ingestão de açúcar. Segundo ele,
para cada três colherinhas de açúcar refinado o organismo tem que se livrar de 100
miligramas de toxinas, e a capacidade de eliminação do organismo é de apenas 60
miligramas. Essas toxinas são subproduto do tratamento químico pelo qual o açúcar passa
até ficar branco. É o lixo químico fino do açúcar.
Pré-eclâmpsia ( ex-toxemia gravídica )
Associando pré-eclâmpsia à obesidade, resistência insulínica e trigliceridemia, o Dr.
T. Clausen, do Hospital da Universidade de Ullevaal, em Oslo, Noruega, orientou uma
equipe de pesquisadores, partindo da hipótese de que a ingestão de calorias de alimentos
ricos em sacarose ou ácidos graxos poliinsaturados, independentemente considerados,
aumentaria o risco de pré-eclâmpsia.
Nas mulheres grávidas os testes confirmaram que o consumo de açúcar está
associado ao aumento do risco de contrair pré-eclâmpsia. Segundo o Dr. Clausen os ácidos
graxos poliinsaturados também contribuem. Os pesquisadores não observaram relações
entre outros nutrientes energéticos e o risco do distúrbio. E concluíram que os padrões
dietéticos cada vez mais prevalentes em diversas partes do mundo podem afetar
adversamente os muitos esforços para reduzir as complicações hipertensivas durante a
gravidez . Em outras palavras, a dieta açucarada moderna está ofendendo a humanidade
desde o ventre materno.
Picamalacia
Pica a melancia, ou melhor, picamalacia . Que palavrão, alguém sabe o que é? É
aquele estranho desejo que as mulheres grávidas têm de comer coisas estranhas.
Picamalacia tem a ver com o lado patológico da coisa. É quando as gestantes querem
comer coisas absurdas como barro, palito de fósforo, bolinhas de naftalina, cabelo etc. Para
alguns autores o instinto explicaria tal comportamento; assim, por exemplo, a necessidade
orgânica de algum mineral levaria uma grávida a comer argila. Mas a ciência médica não
concorda com isso. Existe também o lado folclórico da coisa que diz que o consumo de
certos alimentos condicionaria alterações na criança, por exemplo: se negro, determinados
alimentos ajudariam a clarear a criança - caso típico de folclore racista. Outros alimentos
ajudariam a expulsar o pimpolho na hora do parto, abreviando as dores.
O desejo de comer comida normal, frutas fora de época, por exemplo, não é
considerado picamalacia. Segundo o livro Nutrição na Gravidez e na Lactação, entre os
alimentos mais desejados pelas grávidas estão os doces, e esses desejos ou aversões não
são necessariamente prejudiciais . Já comer amido, coisa comum entre as negras
americanas, é tido como sintoma de picamalacia e tem até nome próprio: amilofagia. Se
comessem terra ou barro seria geofagia. Comer amido, ainda segundo o livro, pode
provocar obesidade . 93
Amido até onde sei é alimento, contém proteínas, vitaminas, sais minerais, fibras e
ainda libera glicose lentamente; logo, ingerir um alimento normal não poderia caracterizar
uma doença. A não ser que amilofagia se refira à mania de comer amido cru. Mesmo
assim comer gordura ou proteínas cruas daria nas picamalacias: lipidiofagia e protidiofagia
o que não acontece.
Então mulher grávida comer doce não é necessariamente prejudicial , ao passo
que comer amido é patologia e pode provocar obesidade .
A meu ver, temos aqui um claro exemplo de um texto de nutrologia escrito
segundo os interesses dos traficantes de açúcar, ou seja, não se trata de ciência e sim de
ideologia.
Proponho a colocação dessa ciência em pratos limpos. Assim sendo, o desejo de
ingerir amido deve ser considerado um desejo normal, quiçá manifestação instintiva da
gestante da necessidade de nutrientes; e o desejo de comer doces deve ser considerado uma
perigosa manifestação de picamalacia que expõe as mulheres grávidas ao risco de
obesidade, diabetes gestacional, ao risco de gerar bebês macrossômicos e ao risco de préeclâmpsia.
Sugiro como nome próprio para esta patologia Sucrofagia ou Sacarinofagia.
Diabetes gestacional
O diabetes gestacional eu considero um assunto da maior gravidade, justamente
porque atinge a humanidade no sagrado momento da reprodução da espécie. Não vejo
porém a seriedade necessária no trato desse assunto. Por exemplo, um número especial
sobre diabetes da revista Saúde já na capa, ao lado do rosto perfeito de Carolina Melhem,
traz uma chamada insidiosa: Com moderação dá até para liberar o açúcar . Liberar açúcar
para diabéticos devia ser considerado crime e o pedido de moderação uma atenuante. Na
apresentação, Lúcia Helena de Oliveira, diretora de redação, diz que o número de
diabéticos só aumenta justamente porque o mundo está cada vez mais gordo . E está
cada vez mais gordo porque a dieta está cada vez mais doce, alguém duvida?
A indigitada revista informa, sobre o diabetes gestacional, que ele atinge 2% das
grávidas. O médico Dráuzio Varela acompanhou a gravidez de cinco mulheres para o
programa Fantástico, da Rede Globo, e uma delas apresentou a síndrome - justamente a
que mantinha a geladeira abastecida de chocolate. Uma em cinco, não sou bom de
93 Worthington, Bonnie S. R. Nutrição na Gravidez e Lactação. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1988 p.
60.
matemática, mas são 20%. Será que o pessoal da digitação da revista comeu o zero? Na
cidade do Recife o número de casos de diabetes gestacional já passa de 130 mil por ano;
será que essa cifra é só 2% dos nascimentos daquela cidade? Ou a indústria da doença não
teria interesse em diminuir a real dimensão do problema?
E quanto à etiologia do diabetes gestacional? Segundo a teoria geral que informa
este livro, é o consumo aumentado de açúcar pelas mulheres grávidas. Todos sabemos que
as gestantes comem mais, comem por dois , e, et pour cause, comem mais açúcar. A revista
consultou Mauro Sancovsky, ginecologista e obstetra especializado em diabetes do Hospital
Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Segundo ele, é a partir da segunda metade da
gravidez que a mulher terá mais glicose no sangue para atender ao bebê que está crescendo.
As mães que desenvolvem o diabetes gestacional não conseguem adaptar sua produção de
insulina a essa fase . Eu pergunto: de onde vem essa glicose? Do que ela come ou da
depleção de glicogênio ou gordura? Aposto que é da dieta açucarada. A natureza não dá
ponto sem nó: se o organismo da grávida providenciasse mais glicose a partir de suas
reservas, o pâncreas seria instado a produzir mais insulina. A brecha do sistema é a boca,
por onde as mulheres mandam açúcar para dentro. E esse fermento biológico doce é que
faz o bebê crescer demais .
Minha hipótese é fácil de ser derrubada através de uma pesquisa barata: basta
isolar dois grupos de gestantes e de um deles retirar a sacarose refinada de sua dieta. Meu
prognóstico: só surgirão casos de diabetes gestacional no grupo das comedoras de açúcar.
Vale o axioma: quanto maior for a quantidade de açúcar ingerida maior será o números de
casos de diabetes gestacional. E ainda - qual jogador de xadrez seguro de seu jogo que
oferece uma peça importante ao adversário- deixo incluir no grupo das grávidas-açúcarzero
aquelas que os médicos entendem como portadoras de predisposição genética ,
filhas e netas de diabéticos.
Vejamos agora os estragos que o açúcar faz no ser humano no nascedouro, uma
tremenda covardia. A seguir uma relação das morbidades e distúrbios do recém-nascido de
mãe diabética. Tudo começa com o próprio bebê agigantado, pesando aproximadamente 4
quilos, que não deve ser saudado como um bebê super-nutrido mas lamentado como uma
manifestação teratológica causada pelo açúcar. Aqui vai a relação: trauma obstétrico, parto
difícil devido à distocia do ombro; asfixia (e suas terríveis conseqüências); fraturas ósseas;
cefalematoma; hemorragias subdural, ocular, de órgãos abdominais e da genitália externa;
hipocalcemia e magnesemia; paralisias facial, diafragmática e cerebral; lesões no plexo
braquial e dos nervos do braço, malformações cardíaca, renal, esquelética e do sistema
nervoso. Sobrou alguma coisa? E isso se o bichinho sobreviver em vez de engrossar as
estatísticas da mortalidade infantil.
Bebê balofo
Distrofia farinácea é um quadro clínico descrito pela escola pediátrica alemã do século
XX. As crianças vítimas dessa condição são gordinhas e apresentam um falso aspecto de
saúde. Trata-se de uma gordura balofa e flácida, devido ao edema que a acompanha,
sobressaindo nas extremidades sob a forma de inchamento no dorso dos pés, das mãos e
das pálpebras. São crianças frágeis, basta uma infecçãozinha de garganta para redundar em
vômitos e diarréia que podem levar à morte.94
Isso acontece com crianças que em vez de se alimentar do leite da mãe são obrigadas
a ingerir alimentos industrializados ( farinhas lácteas , mingaus de maizena ). Tenho dito:
há uma gordura saudável (marrom e vascularizada) que resulta do consumo de alimentos
normais (sem açúcar). Gordura mórbida (branca e flácida) é a que resulta do consumo da
dieta açucarada moderna.
Rugas de açúcar
Em reportagem da revista Veja, de 29.9.04, intitulada "Doutor Celebridade",
ficamos conhecendo o doutor Nicholas Perricone, dermatologista de estrelas do porte de
Sharon Stone e Nicole Kidman e inventor do creme do efeito Cinderela . Segundo a Veja,
Perricone é dono de um império que movimentou, só em 2004, 70 milhões de dólares.
Com mais de uma centena de substâncias patenteadas em todo o mundo, sua linha de
produtos de beleza está nas prateleiras de lojas como Daslu, Neiman Marcus, Saks e
Nordstrom. Um pote de creme pode chegar a custar 570dólares.
Seu livro O fim das rugas ficou 25 semanas na lista dos mais vendidos nos EUA;
outro best-seller dele é Rejuvenescimento total.
O doutor Perricone é autor de uma interessante teoria sobre o envelhecimento: ele
seria resultado de sucessivas inflamações nas células. O remédio? Além dos cremes e loções
criados por ele, uma dieta alimentar rica em frutas, verduras, legumes, alguns tipos de
proteína (como a da clara de ovo) e muito salmão. O peixe é riquíssimo em
dimetilaminoetanol, o nome da substância conhecida pela sigla DMAE, base dos cremes de
Perricone.
Na curta entrevista a Veja por telefone, perguntado sobre qual é a base de sua
teoria antienvelhecimento, respondeu o doutor Perricone: "Depois de vinte anos de
pesquisas, concluí que o envelhecimento se deve a inflamações causadas por substâncias
tóxicas. O açúcar é um dos grandes vilões nesse processo. Tanto que pessoas com diabetes,
que sofrem de
excesso de açúcar no sangue, envelhecem numa velocidade um terço maior do que as não
diabéticas. Em um dos meus livros, digo que as rugas, por exemplo, são uma doença
resultante dessa inflamação e, como tal, podem ser curadas". Que maravilha! A substância
química que vimos focalizando tem mais essa propriedade, vamos arranjar um nome para
ela? Gerontogênica? Seniligênica? Rugogênica?
O tratamento do doutor Perricone funciona pela razão básica de que ele pede que
se retire da dieta o fator patogênico, que é... todo mundo já sabe. Com isso ele estanca o
processo de glicação degenerativa das bonecas, suas clientes. Os cremes de 500 dólares são
o chantili com o qual o homem ganha o dinheiro dele. Amiga leitora, se você zerar o açúcar
tanto faz você comer salmão ou sardinha, abacate ou abóbora, o efeito Cinderela vai
acontecer. Quanto às mulheres que não abandonarem a dieta açucarada, terão que encarar
o efeito bruxa malvada.
94 Maffei, Walter. Os fundamentos da medicina. São Paulo: Procienx, 1967, p. 170.
A luta para largar o açúcar
Se livrar do açúcar não é muito fácil na medida em que nós vivemos o apogeu da
civilização do açúcar. O açúcar impregna de tal forma a dieta do homem contemporâneo
que há uma tendência das pessoas e até de médicos a achar que se trata de uma missão
impossível abolir seu consumo. De fato se pensarmos numa festa de aniversário, nas
prateleiras de um supermercado, na hora da merenda escolar, na vitrine de uma lanchonete.
Uma pessoa que queira evitar o açúcar encontra-se em maus lençóis.
O pior de tudo é que doce está irremediavelmente associado a afeto. Doce é
sinônimo de amor. As pessoas dão doces de presente: os pais aos filhos, os namorados
entre si. A literatura universal e a bíblia já consagraram essa relação. O problema é que o
doce que é sinônimo de amor é o velho doce do mel. O açúcar é um substituto químico.
A ditadura do açúcar já tomou conta do espírito das pessoas: os próprios cidadãos,
o seu vizinho, seu colega de trabalho, sua namorada se encarregam de defender e justificar
a ditadura.
Conheço gente que defende com unhas e dentes o uso de açúcar, com os seguintes
argumentos: todo mundo sabe que açúcar faz mal , ninguém é obrigado a comer
açúcar , açúcar é para ser consumido com equilíbrio , basta consumi-lo e praticar
exercício , não se pode criar uma paranóia anti-açúcar , a quantidade de açúcar que
existe no pão e nos biscoitos é pequena . E fazem isso por amor, sem ganhar um centavo
dos fabricantes de açúcar.
Quando Lúcia Fávero disse, no tópico sobre menopausa, que é um vício fácil de
abolir. Ela certamente pensou apenas no açúcar do açucareiro e não no infiltrado em quase
tudo o que entra pela boca.
Todos nós somos assediados pelo açúcar a toda hora, nas ruas, dentro do ônibus,
trem ou metrô, no sinal de trânsito, por camelôs e vendedores ambulantes. A propaganda
de porcarias açucaradas é massiva e intensiva. Em muitas situações na vida moderna você
está com fome e só tem diante de si duas alternativas: açúcar ou açúcar. Por causa disso
falo com naturalidade em ditadura.
Vejam o que aconteceu com Wiliam Duffty quando resolveu largar o açúcar:
Comecei a manhã seguinte com uma firme decisão: joguei fora todo o açúcar que tinha
em casa. Depois joguei fora tudo o que continha açúcar: cereais e frutas enlatadas, sopas e
pães. Como nunca havia lido os rótulos com atenção fiquei chocado quando vi as
prateleiras vazias; o mesmo com a geladeira .95
Duffty descreve uma cena cômica em que ele, igualmente imbuído do firme
propósito de não comer açúcar, entrou num restaurante e pediu sopa de frutos do mar.
Terminada a refeição, ao se dirigir ao caixa para pagar a conta viu nas prateleiras que a sopa
era enlatada e continha açúcar. Shit!
Para se livrar do açúcar você tem que virar uma espécie de detetive e leitor
contumaz das informações dos rótulos especialmente a lista dos ingredientes. Lembre-se
que eles são relacionados por ordem decrescente de quantidade. Já viu qual é o primeiro
95 Dufty, William. Op. cit. p.12.
ingrediente da lista da lata do achocolatado? O problema é que o açúcar não é somente o
agente adoçante do açucareiro. Alimentos industrializados em geral contém açúcar,
inclusive os salgados: biscoitos, massas, sucrilhos, milhos e ervilhas enlatados, pizzas e
lasanhas congelados, lingüiças, presuntos, blanquet de peru. Enfim, quase todos os
alimentos processados inclusive os menos suspeitos como molho de pimenta, maionese ou
extrato de tomate. E ainda tem o problema constituído pelo fato do governo não obrigar
os fabricantes de alimentos a mencionar a quantidade de açúcar adicionada ao poduto. Em
alguns deles como leite condensado, catchupe, ou achocolatado a quantidade de açúcar
deve ser imoral. É comum, ainda, não se mencionar que contém açúcar ou sacarose
fazendo-se referência apenas a carbodratos . Você é obrigado a virar um detetive
paranóico.
Outro dia fiquei chocado ao verificar que frango a passarinho congelado e
temperado continha açúcar. O pão que sempre comi, integral, de fôrma, continha açúcar.
Hoje tenho que procurar a versão integral, light que mencione explicitamente sem
açúcar , ou melhor ainda sem adição de açúcar . Às vezes acrescido de sem gordura
(em casa eu corrijo esta deficiência passando manteiga no pão). A menção à gordura é um
expediente da ditadura para desviar a atenção botando a culpa nos outros. Recentemente o
sal também passou a aparecer como criminoso junto com o açúcar.
Missão impossível? Para mim a missão é só aparentemente impossível: o que
sustenta a dominação do açúcar é a desinformação, a mentira e a meia verdade.
Uma boa campanha informativa ensejará o nascimento de uma consciência contra
o açúcar. Todo mundo pensa em açúcar como sendo um alimento doce e natural.
Quando as pessoas souberem o que é de fato o açúcar - um aditivo químico patogênico
cujo menor mal que faz é provocar cárie - acredito que naturalmente todos começarão a
abandoná-lo.
Outro passo importante será a reabilitação da doçaria baseada em frutas
desidratadas, mel e adoçantes. Antes do fatídico advento do açúcar na história todos os
doces eram feitos com mel. Além do estímulo ao consumo das frutas frescas que são o que
de melhor existe em termos de doçura.
A culinária é um dos principais mecanismos de reprodução da civilização do açúcar.
Existem é claro, algumas culinárias alternativas: a naturalista, a de algumas religiões, a
macrobiótica que, umas mais outras menos, têm noção do mal que o açúcar faz. A culinária
à base de mel precisa ser reabilitada, e um primeiro passo nesse sentido seria os
profissionais de saúde informar às mães que doce não é sinônimo de açúcar e que com o
mel é possível fazer toda uma doçaria que substitua a tralha açucarada imposta a toda a
sociedade.
O uso de adoçantes vem crescendo mais por conta da luta contra a obesidade. Mas
os adoçantes terão um papel impotante na derrocada da civilização do açúcar e do fim da
era das doenças crônicas.
Fica faltando apenas o Governo fazer a sua parte com as seguintes medidas:
baratear os alimentos saudáveis , isto é, sem açúcar; encarecer com impostos as porcarias
açucaradas; proibir a propaganda; na parca propaganda permitida obrigar a exibição de
advertências do Ministério da Saúde; incluir nos livros de Programas de Saúde um capítulo
falando a verdade sobre o açúcar (ofereço-me para escrever esse capítulo). Até o dia da Lei
Áurea Nutricional - a probição definitiva de adição de açúcar nos alimentos. Se quiserem
fabricar açúcar para misturar com cimento, nenhum problema. Para quem não sabe o
açúcar retarda a secagem do cimento permitindo ao pessoal da construção civil uma
margem maior de manobras.
Para mim, largar o açúcar foi uma alegria. Como com prazer redobrado meu pão
sem açúcar e bebo com prazer triplicado minha cerveja e meu vinho sem açúcar. Abolir o
açúcar ainda tem a vantagem de que vão para a lata do lixo, juntamente com o açucareiro, a
cárie, a obesidade, o diabetes e outras doenças crônicas e degenerativas.
Supermercado, o templo da perdição
Na perpetuação da ditadura do açúcar, rumo ao império de mil anos, sonho nazista
que terei o prazer de ajudar a destruir, o supermercado é um dos principais instrumentos.
É no supermercado que o povo abastece a geladeira e a dispensa e é das prateleiras dos
supermercados que o açúcar é empurrado para o carrinho de compras num gesto mecânico
animado pela propaganda com a qual a dona de casa foi bombardeada no horário nobre da
TV. É difícil você ver um carrinho de compras no qual não esteja presente a fatídica
latinha de leite condensado. A propaganda dessa coisa é tão abusiva que até parece um
produto de primeira necessidade nutritiva. O açúcar não entra no carrinho apenas na
forma que lhe é própria, de pó ou cristais mais ou menos brancos. O grande perigo a que
todo o povo está exposto é o açúcar que vai de contrabando nas mais variadas formas e
disfarces, presente numa infinidade de produtos que ninguém imagina que contenham
açúcar .
De modo, meus amigos, que quando vocês entrarem num supermercado fiquem
em estado de alerta e prestem atenção no que estão colocando dentro do carrinho. Para
quem quer escapar das malhas da ditadura do açúcar, dentro do supermercado existem
poucas áreas seguras: apenas o açougue, a peixaria e o setor de horti-fruti; em todos os
outros setores o açúcar fincou seu tacão. Sugiro a adoção do seguinte método: procure
dividir os produtos dos supermercados em dois campos - coisas de se comer e coisas que
não se comem. Quando se tratar de coisas de se comer a atenção tem que ser redobrada,
porque disso depende sua saúde - e a de seus filhos, se os tiver. O verdadeiro campo
minado do supermercado é justamente o setor de supérfluos: biscoitos, massas, sorvetes,
doces, refrigerantes, bebidas alcoólicas, alimentos congelados, processados ou embutidos,
enlatados e envasados. A quase totalidade desses produtos está impregnada de açúcar,
como agente químico adoçante ou conservante; e em ambos os casos o açúcar adiciona
calorias inúteis e nocivas. Os produtos supérfluos justamente por serem industrializados
custam mais, o que significa que se abastecendo deles você se envenena e ainda paga caro
por isso.
Dieta açucarada em flagrante
01. Leite Longa Vida 06. Cerveja
02. Açúcar 07. Papel higiênico
03. Café 08. Sabão em pó
04. Leite Condensado 09. sabonetes
05. Refrigerante 10. Limpadores Multiuso
Base: Outubro, 2003.
Acima temos os dez produtos de consumo popular mais vendidos, segundo o Sé
On line www.se.com.br . Essa tabela é um retrato hiper-realista do apogeu da civilação do
açúcar. Das seis coisas de se comer ou beber (os outros têm a ver com higiene e limpeza)
uma é o próprio açúcar (um absurdo segundo lugar para um troço que é apenas um aditivo
adoçante) os outros são usados como transportadores do veneno para a barriga do povo.
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